1. Kardec abre esta
edição com um novo
artigo a respeito dos
possessos de Morzine; o
primeiro saiu em
dezembro de 1862. No
estudo, informa Kardec:
I) O perispírito é o
princípio de todos os
fenômenos espíritas e de
uma porção de efeitos
morais, fisiológicos e
patológicos. II) Ele é
também a fonte de
múltiplas afecções e,
por sua expansão, a
causa das atrações e
repulsões instintivas,
bem como da ação
magnética. III) Pela
natureza fluídica e
expansiva do perispírito,
o Espírito atinge a
pessoa sobre a qual
deseja agir: rodeia-a,
envolve-a, penetra-a e a
magnetiza. (P. 1)
2. Todos nós - diz
Kardec - vivemos
num oceano fluídico,
incessantemente a braços
com correntes contrárias
que atraímos ou
repelimos, mas em cujo
meio o homem conserva
sempre o seu livre
arbítrio. (P. 2)
3. A ação
dos maus Espíritos sobre
as pessoas de quem se
apoderam apresenta
nuanças de intensidade e
duração extremamente
variadas, conforme o
grau de perversidade do
Espírito e o estado
moral da pessoa que lhe
dá acesso. (P. 3)
4. Citando o caso de uma
senhora que perdera a
razão e fora internada,
um amigo da família e
membro da Sociedade
Espírita de Paris obteve
dos Espíritos a seguinte
orientação: I) A ideia
fixa que a mulher nutria
atraía em sua volta uma
porção de Espíritos
maus, que a envolviam
com seus fluidos e
alimentavam suas ideias,
impedindo lhe chegassem
as boas influências. II)
Para curá-la, seria
necessário opor uma
força moral capaz de
vencer essa resistência,
mas tal força não é dada
a um só. III) Cinco ou
seis espíritas sinceros
deveriam reunir-se todos
os dias, durante alguns
instantes, pedindo com
fervor a Deus e aos bons
Espíritos sua
assistência para ela.
IV) Não era necessário
estar junto à enferma,
ao contrário. Pelo
pensamento poderia ser
levada a ela uma salutar
corrente fluídica, cuja
força estaria na razão
de sua intenção,
aumentada pelo número.
(P. 5)
5. Seis pessoas
dedicaram-se a essa obra
de caridade e, durante
um mês, não faltaram à
missão aceita. Depois de
alguns dias a doente
estava mais calma;
quinze dias depois, a
melhora era manifesta; e
agora ela já havia
retornado para sua casa,
em estado perfeitamente
normal, sem saber de
onde lhe viera a cura.
(PP. 5 e 6)
6. A prece
não tem, pois, apenas o
efeito de levar ao
doente um socorro, mas o
de exercer uma ação
magnética. Que não
poderia o magnetismo
ajudado pela prece! Mas,
infelizmente, muitos
magnetizadores fazem
abstração do elemento
espiritual e só veem a
ação mecânica,
privando-se desse modo
de um poderoso auxiliar.
(P. 6)
7. Reportando-se aos
escolhos da prática
mediúnica, Kardec
esclarece: I) Antes de
experimentar, é preciso
estudar: o menor
inconveniente da prática
mediúnica sem
experiência é a
mistificação por parte
dos Espíritos
enganadores e levianos.
II) Não é o exercício da
mediunidade que atrai os
maus Espíritos, mas a
predisposição física ou
moral que torne o médium
acessível à influência
deles. III) A presunção
de julgar-se
invulnerável aos maus
Espíritos tem sido
punida, muitas vezes, de
modo crudelíssimo, visto
que é o orgulho que lhes
dá mais fácil acesso.
IV) O estudo prévio e a
prece são fatores
essenciais para evitar o
assalto dos maus
Espíritos. V) Se nos
compenetrássemos do
objetivo essencial e
sério do Espiritismo e
nos preparássemos sempre
para o exercício da
mediunidade por um
fervoroso apelo ao anjo
da guarda e aos
Espíritos protetores e
se, além disso, nos
estudássemos,
esforçando-nos por nos
purificarmos de nossas
imperfeições, os casos
de obsessão mediúnica
seriam ainda mais raros.
(PP. 6 a 8)
8. Evocando um caso
descrito em dezembro de
1862 sob o título “A
Choça e o Salão”, a Revue
transcreve
comunicação de um
Espírito que foi na
Terra um criado dedicado
de certa pessoa
conhecida de Kardec. Na
comunicação, o ex-servo
confirma que, no geral,
os exemplos de dedicação
dos domésticos aos seus
amos têm por causa as
vidas passadas. “Por
vezes - disse
ele - tais
criados são membros da
família ou, como eu,
obrigados que pagam uma
dívida de reconhecimento
e seu reconhecimento
lhes ajuda o progresso.”
(PP. 9 e 10)
9. Falando sobre a
situação da alma após a
morte corpórea, Kardec
diz que, ao morrer, o
homem deixa na Terra
apenas seu invólucro
pesado e grosseiro,
conservando o envoltório
fluídico indestrutível,
com o qual, livre do
entrave que o prendia ao
solo, pode elevar-se e
transpor o espaço. Esse
envoltório fluídico, por
mais invisível e etéreo
que seja, não deixa de
ser uma espécie de
matéria que, durante a
encarnação, serve de
intermediário entre a
alma e o corpo. (P. 13)
10. A Revue
transcreve duas
matérias publicadas por
um semanário de Bordeaux
e pelo “Écho
de Sétif”, da
Argélia. Trata-se de
depoimentos
pró-Espiritismo de dois
leitores daqueles
periódicos. Neste
último, o articulista
diz que parte dos que
não negam os fatos
espíritas atribui as
comunicações ao demônio.
Ele então argumenta: “É
o que não posso admitir
em face de comunicações
como esta: ‘Crede em
Deus, criador e
organizador das esferas;
amai a Deus, criador e
protetor das almas’
(assinado: Galileu)”.
(PP. 14 a 17)
11. Kardec responde a um
leitor de Bordeaux
explicando por que o
Espiritismo não se
dirige àqueles que têm
uma fé religiosa
qualquer, com o fito os
desviar, mas sim à
numerosa categoria dos
incertos e dos
incrédulos. (PP. 17 a
20)(Continua
no próximo número.)