WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo
(Brasil)
Cartão de
crédito
e Espiritismo
Vivemos difícil
período
econômico,
mercados em
crise, bolsas em
baixa, bancos
quebrando e o
desemprego
rondando a vida
de muita gente.
Apenas para
citar um
exemplo, a
Nissan, grande
empresa do setor
automobilístico,
já demitiu cerca
de 3.500
funcionários nos
Estados Unidos,
Japão e Europa.
A verdade é que
a crise não veio
como um furacão
repentino para
causar caos na
sociedade. Como
tudo na vida
segue padrões
estabelecidos
pela natureza,
com a crise não
foi diferente.
Ela veio de
fininho,
entranhando-se
em nossas vidas
pelo exagero e
consumismo, foi
crescendo sem
percebermos e
hoje chega à
idade adulta,
firme, pujante e
mal-educada,
ameaçando seus
pais, que,
diga-se de
passagem, somos
nós mesmos. Sim,
fomos nós que
plantamos esta
crise mundial,
nossas atitudes
calcadas no alto
consumo, no
exagero e na
busca pelo ter
gerou toda esta
situação em que
hoje nos vemos
enredados e na
obrigação de
solucionar.
A sociedade do
consumo plantou
a ilusão de que
devemos ter tudo
de tudo, no
entanto,
naturalmente não
temos poder
aquisitivo para
ter tudo de
tudo. Produtos
são lançados no
mercado e grande
parcela da
população invade
lojas de todos
os segmentos
para adquirir as
novidades. E
para que
possamos ser
felizes e
bem-sucedidos
como prega a
sociedade do
consumo, temos
de comprar, por
isso os créditos
são necessários.
E fomos
comprando não
com dinheiro,
mas sim com
créditos, que é
um dinheiro de
“mentirinha”.
Óbvio, com tanto
crédito fácil e
a incansável
mania de
exercitar o
esporte do
consumo, um dia
as contas iriam
ultrapassar
nossos ganhos e
fatalmente as
dívidas bateriam
em nossas
portas. Natural,
portanto, que
paguemos pelo
que compramos.
Mas, diante da
crise mundial –
que alguns
economistas e
membros do
governo teimam
em afirmar que
não chegaram a
terras
tupiniquins –,
os créditos
foram
escasseando. Há
alguns meses
víamos anúncios:
“Compre seu
carro sem
entrada em 99
meses”, hoje os
meses estão
reduzindo-se
juntamente com
os créditos na
mesma medida em
que os juros
aumentam.
Assistia dia
desses à TV
Senado e vi
comentário do
senador
Cristovam
Buarque acerca
da crise e dos
créditos: “O
que ocorreu foi
mesmo um freio
para que
pudéssemos
repensar nossas
atitudes, um
absurdo
financiamentos
de até 100 meses
para compra de
carros. Se a
coisa
continuasse como
estava,
gostaria,
sinceramente, de
saber onde
colocaríamos
todos esses
automóveis”.
Notável o
comentário do
senador.
Acredito ser o
momento de
refletir de que
não necessitamos
de tanto assim
para viver.
Nesse particular
há ainda
importante
ponto: a
natureza que
tanto nos
concedeu está
fatigada, chegou
finalmente o
momento de
preservá-la um
pouco mais;
necessitamos,
pois, voltar
nossos olhos
para a
reciclagem, de
modo que
retiremos da
natureza somente
o necessário do
necessário. A
crise é,
portanto,
momento de
exercitar a
criatividade e
rever alguns
valores.
Mas como sou
muito curioso e
gosto de brincar
com a
imaginação, não
raro me pego
pensando como
determinado
personagem que
transitou pelo
nosso planeta
reagiria diante
desta ou daquela
situação. Por
exemplo, qual
seria a postura
de Kardec se
estivesse
encarnado nos
dias de hoje em
relação à crise
econômica
mundial. Quais
seriam suas
palavras, suas
iniciativas.
Será que o
codificador
vivendo no
Brasil
financiaria um
carro para pagar
em parcelas de
até 99 meses, ou
não? Confesso
que isso muito
me intriga. Mas
tomando como
base suas idéias
e seu ideal
focado na
educação da alma
humana, não é
difícil prever
quais seriam
suas opiniões
que, em
realidade, já
estão impressas
em O Livro
dos Espíritos,
mais
precisamente na
resposta à
questão de nº
713, em que os
Espíritos
afirmam que os
prazeres têm o
limite traçado
pela natureza,
mas os homens
chegam ao
extremo e são
punidos pela sua
própria volúpia.
A crise que se
instala
mundialmente é
um mecanismo
para que nos
eduquemos e
aprendamos a
viver com o
necessário. Não
creiam os caros
leitores que
faço apologia à
miséria, nada
disso, é apenas
um apelo ao bom
senso. Cerca de
80 milhões de
brasileiros
estão
endividados por
conta dos abusos
e do consumismo,
a facilidade do
crédito
concedido pelo
banco dá a falsa
ilusão de alto
poder
aquisitivo. Há
muito tempo
afirmam os
economistas que
cartão de
crédito e limite
bancário são
utilizados como
complemento de
renda, o que
equivale a dizer
que não sabemos
viver com o que
ganhamos e
queremos sempre
mais.
Infelizmente
ainda estagiamos
na triste
realidade de não
saber viver com
o salário que
recebemos.
Queremos sempre
mais e
incorremos em
abuso. Aliás, os
altos preços de
alguns bens são
fruto da procura
frenética que
empreendemos por
eles. Natural,
quanto mais
procuramos por
um bem, mais
valorizado ele
estará e,
consequentemente,
mais alto será
seu preço.
É possível viver
bem e
confortavelmente,
é sim possível
aproveitar os
benefícios da
tecnologia sem
resvalar para o
consumismo que
traz grandes
prejuízos não
somente à
economia, mas
também à
ecologia e ao
meio ambiente.
Buscar a vida
simples sem
exageros é
fundamental para
espantarmos toda
e qualquer
crise, além de
evitar cobranças
e dores de
cabeça. Não há
nada mais
estressante do
que correr atrás
de dinheiro para
cobrir cheque.
Afinal, nossos
objetivos neste
planeta são
muito mais
amplos e
abrangentes do
que se afogar em
juros,
esbaldando-se
nas compras com
cartão de
crédito.
O Espiritismo
ensina-nos,
pois, a viver
com
simplicidade,
basta estudarmos
atentamente as
questões de O
Livro dos
Espíritos
que teremos uma
notável aula de
economia e
orçamento
familiar.
Pensemos nisso.