PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO
pauloneto@ghnet.com.br
Guanhães, Minas Gerais (Brasil)
A
irresponsável discriminação contra
os
homossexuais
“Não vim para os sãos”.
(Jesus)
Introdução -
Pensávamos
que nós, os espíritas,
pelo nível de conhecimentos que
somos
obrigados
a ter,
já que
temos
que
ler
muito, seríamos as únicas pessoas capazes
de
entender os
homossexuais,
de
forma a
não
ter qualquer
tipo de
discriminação
contra eles.
Mas,
infelizmente,
temos que concordar, há no meio espírita essa vergonhosa
e
incompreensível
discriminação
contra essas
pessoas.
Nem ousaremos falar
de
outros
tipos
de
discriminação,
pois
seriam muitas a
enumerar. Relataremos,
pois, só a que nos interessa no momento.
Não
pudemos
deixar de
ficar
sensibilizados
pelo
pedido
de
socorro
de uma
pessoa
que sofre esse
tipo de preconceito.
Vamos,
por
razões óbvias, omitir o nome verdadeiro, mas
sentimo-nos na
obrigação
moral
de
fazer este
relato, desejando
que
sirva de
alerta
aos espíritas, para dizer
que
essas
pessoas
também
têm
sentimentos
como
todo mundo
os tem.
O desesperado
pedido
de socorro
– Eis a mensagem que
recebemos:
De: Um amigo homossexual
Enviada em: terça-feira,
28 de
setembro
de 2004 11:42
Para:
pauloneto@ghnet.com.br
Assunto:
Paulo, meu amigo, se
possível me oriente.
Olá amigo,
Estou estudando a partir
de suas mensagens,
quanta coisa boa, e
estou repassando a
amigos espíritas meus,
de quando eu era da AOL.
Paulo, quando puder me
envie um texto seu,
quero a sua opinião,
amigo. Porque desde que
conheci a doutrina
espírita, aos 17 anos,
estou hoje com 44, é que
sofro em me adaptar à
doutrina, devido à
questão sexualidade.
Olha amigo, mesmo sendo
uma pessoa discreta e
procurar disciplinar
sempre os meus impulsos
sexuais, eu sou
homossexual, desde a
infância que descobri
isso.
Essa minha sexualidade
sempre entrou muito em
conflito com a doutrina
e a mediunidade, porque
eu sempre procurei
resposta para essa
diferença, que aliás não
é nada fácil. Na maioria
das vezes encontrei
recriminação,
principalmente nos
livros. O Dr. Jorge
Andrea chega ao ponto de
afirmar que todos nós
homossexuais somos
vítimas de vampirismo,
com o que não concordo.
Qualquer um de nós, seja
qual for a nossa
sexualidade, se abusamos
estamos em perigoso
processo de obsessão.
Paulo, já tive minha
fase de farras, de
procuras, hoje, com a
doença, com condilomas
genitais, estou bem mais
quieto, isso contudo não
impede caso apareça
alguém em minha vida eu
tentar amar e ser amado.
Mas os espíritas falam
em canalizar energias
para outros ramos, como
se fosse fácil matar seu
desejo sexual assim de
um momento para outro.
Isso, amigo, sempre me
deixou angustiado, aí
vinha o sentimento de
culpa, o achar que não
era digno da doutrina,
que blasfemava ao falar
em evangelho quando na
verdade era um
homossexual
marginalizado por alguns
irmãos de fé. Paulo, se
possível me oriente.
Tenho andado muito
deprimido devido a esse
fato.
Abraços fraternos,
Um amigo homossexual.
Nossa
resposta –
Enviamos ao confrade, a
título de resposta, a
mensagem abaixo:
Caro Amigo,
Um
dos grandes problemas
é
que
sempre
trataram essa
questão
como
se
todos os
homossexuais
fossem pervertidos,
quando,
na realidade, outros fatores podem explicar muitos casos.
O
que a maioria ignora ou
não faz a mínima
questão de saber é que, se o homossexualismo
for
mesmo uma
perversão,
como poderiam nos
explicar essa ocorrência
entre os animais.
Veja
bem, os
animais,
normalmente, fazem
sexo
apenas nas épocas
de
procriação,
e o
lógico
seria a
busca do
parceiro
do
sexo
oposto,
mas já
está provado,
por
observações
científicas,
que
entre
eles também
ocorre a
atração
por
indivíduos do
mesmo
sexo.
Há uns
tempos
atrás, estava procurando algo interessante na televisão,
quando sintonizei a TVE, que estava passando um
documentário
sobre
o
comportamento
dos
chimpanzés.
Valeu a
pena,
pois
esse documentário
foi de
alta
qualidade.
Bom,
nele foi mostrada essa
questão
entre
eles, onde
se verificou,
tanto
entre
os
adultos
quanto
entre os jovens,
a
relação
sexual
de “macho
com
macho” e de “fêmea
com fêmea”.
Exatamente como
acontecem
entre
nós
os
humanos,
os
chimpanzés
praticam o
homossexualismo
e, inclusive, a masturbação,
tida
antigamente
como
“pecado
mortal”.
É daí
que lhe digo, caro amigo, que as pessoas que
discriminam os
homossexuais são de dois tipos: os ignorantes
e os
fanáticos
religiosos.
E
por
falar
em religião,
após a morte de Jônatas,
Davi faz
um
cântico,
que deveria ser
cantado
por
todo
o
povo de
Israel,
onde
ele diz
textualmente
que amava a Jônatas
mais
que o amor
das
mulheres
(leia: 1 Sm 20, 17;
20,41-43; 2Sm 1,
17-18.26).
Por outro lado,
existem
pessoas
que,
para o público,
são normais,
mas o seu
pensamento poucos
teriam
coragem de
acessar,
tamanha a
perversão,
que só
não transformam
em
ação, por motivos muito fortes.
Gostaria
que
pensasse da
seguinte
forma: posso
até
ser
assim, mas
não mato
ninguém, não
roubo as pessoas,
não uso
de
violência
para
com os outros,
não estupro crianças, e inúmeras outras
coisas,
que, a meu
ver, são muito piores do
que o que
você faz. Daí, não
há nenhuma
razão
para
você se sentir diminuído em relação a ninguém. Se não
o entendem,
azar o deles,
pois
o
compromisso,
perante
a
justiça
divina,
será deles.
Se
me
permite, vou
lhe
sugerir
o
livro “Você
e a Reencarnação”, de
Hernani Guimarães
Andrade, CEAC,
onde
o
autor
trata
dessa
questão
com
o
devido
respeito
que ela
merece. No
capítulo
IX – Homossexualismo e Reencarnação,
fala
do
assunto
de
forma
tão elevada,
que poucos
teriam
competência
para
dizer da forma como aborda esse
tema.
Quanto
a frequentar uma
Casa
Espírita,
como infelizmente
há
espíritas
que
também discriminam, recomendo que procure uma com
grande frequência,
quem
sabe
aí
você
possa frequentar
sem
ser
notado. Se
tentar e
não
conseguir, então
o
melhor
é
não se
expor, e reze
muito...,
mas
muito mesmo...
por todos
aqueles que
ainda não
conseguiram
praticar a
lei
de
amor:
“fazei ao
próximo
tudo o que
quereis
que o
próximo
vos faça” (Mt 7,12).
Pense que neste mundo de Deus existem milhares de pessoas que fazem coisas tão más, as quais você não teria a mínima coragem de fazer. É Isso o que importa. Pense nisso!
Abraços
Paulo Neto.
Conclusão –
Após
terminar essa
resposta,
e repensado
mais
detidamente
sobre esse
assunto, é que
percebemos
que
tal
ocorrência não
deveria
existir,
em
hipótese alguma, no
meio
espírita.
Por
isso,
resolvemos
fazer este
texto,
para que possa
servir de alerta
aos
que fazem
esse
tipo de
discriminação.
Não
podemos
deixar de
ressaltar
que as lideranças
das
Casas
Espíritas
deveriam,
periodicamente,
fazer uma abordagem sobre
esse tema,
para ajudar nesse processo, muito lento por sinal, de acabar de vez, em nosso meio, com preconceitos
desse
tipo.