AMÉRICO
DOMINGOS
NUNES FILHO
americonunes@terra.com.br
Rio de
Janeiro, RJ
(Brasil) |
Autismo:
uma abordagem
espírita
O autismo se
caracteriza por um
grave transtorno do
desenvolvimento da
personalidade,
revelando uma
perturbação
característica das
interações sociais,
comunicação e
comportamento. De
uma maneira geral, a
pessoa tem tendência
ao isolamento,
olhando de forma
dispersa, sem
responder
satisfatoriamente
aos chamados e
demonstrando
desinteresse pelas
pessoas. O
indivíduo, sem
apresentar nenhum
sinal físico
especial, ostenta
prejuízo severo de
várias áreas da
performance humana,
acometendo
principalmente as
interações
interpessoais, da
comunicação e do
comportamento
global.
Descrito pela
primeira vez em
1943, pelo
psiquiatra Leo
Kanner, até hoje
suas causas
permanecem
desconhecidas,
havendo forte
indício de fatores
genéticos.
O paciente apresenta
um sistema nervoso
alterado, sem
condições
psico-neurológicas
apropriadas para um
adequado recebimento
dos estímulos
necessários,
afetando seriamente
seu desenvolvimento,
exibindo
incapacidade inata
para o
relacionamento comum
com outras pessoas,
como também
desordens intensas
no desenvolvimento
da linguagem.
O comportamento do
portador do
transtorno autista é
caracterizado por
atos repetitivos
(rotinas e rituais
não funcionais,
repertório restrito
de atividades e
interesses) e
movimentos
estereotipados, bem
elaborados e
intensos (saltos,
balanceio da cabeça
ou dos dedos,
rodopios e outros).
Podem, igualmente,
ser observados
alguns sintomas
comportamentais como
a hiperatividade,
agressividade,
inclusive contra si
próprio,
impulsividade e
agitação
psicomotora.
Esse distúrbio,
permanente e
severamente
incapacitante,
associado a algum
grau de deficiência
mental e acometendo
mais o sexo
masculino, ainda é
enigmático para a
ciência, sem
explicação
convincente de sua
causa e ausência de
tratamento
específico. Enquanto
os pensadores se
debatem em mil
argumentos e
justificativas,
completamente
envolvidos nas teias
compactas da
problemática
síndrome, qual a
contribuição que
pode ser concedida
pela ciência do
Espírito?
A Doutrina Espírita
ensina que somos
artífices do nosso
próprio destino (o
acaso não existe).
Quando nascemos com
alguma deformidade,
em verdade a mesma
já existia antes em
Espírito, porque a
criamos dentro de
nós, em determinada
vivência física.
Então, o Espírito é
responsável por tudo
que pensa e faz,
pois subordinado à
Lei de Causa e
Efeito, divina por
excelência. Se
tivermos algo a
expiar, a distonia
arquivada, em nosso
envoltório
espiritual,
propiciará a escolha
da fita compatível e
sua posterior
gravação. Então,
plasmamos em nosso
ADN a informação
codificada que
trazemos em
Espírito; sendo,
portanto, nossas
deficiências
originadas de nós
mesmos, nunca obra
do acaso e muito
menos
predeterminadas por
uma divindade
vingativa. Somos
hoje o que
construímos ontem:
“A cada um segundo
as suas obras’’.
Ninguém nasce
autista por acaso. A
Justiça Divina é
misericordiosa por
excelência,
propiciando ao
infrator as benesses
da retificação
espiritual. Algumas
teses
espiritualistas
relatam que o
comportamento
autista é decorrente
do fato de o
Espírito não ter
aceitado sua
reencarnação. O
Livro dos
Espíritos, na
questão 355, ensina
que a aliança do
Espírito ao corpo
não é definitiva,
porquanto os laços
que ao corpo o
prendem são muito
fracos, podendo
romper-se por
vontade do Espírito,
se este recua diante
da prova que
escolheu. Portanto,
o Espiritismo
instrui que, nos
casos de
não-aceitação da
reencarnação,
mediante o seu
livre-arbítrio, a
entidade se retira e
acontece um aborto,
denominado, pela
ciência, de
espontâneo.
Os déficits
cognitivos severos,
associados às
profundas alterações
no
inter-relacionamento
social, caracterizam
o autista,
apresentando uma
forma de
identificação
profundamente
diferente,
resultante do mau
uso das faculdades
intelectivas, em
existências
anteriores, errando
o ser, exatamente na
dissimulação das
emoções,
estabelecendo
relações afetivas
baseadas no engodo,
no fingimento, para
manter suas posições
sociais abastadas,
no campo do poder
social, igualmente
na sedução sexual,
utilizando o
disfarce, a
aparência
enganadora, cobrindo
com uma máscara
psicológica a sua
verdadeira
personalidade,
representando uma
personagem falsa,
enganando os
circunstantes para
auferir vantagens.
Quantos indivíduos,
exercendo cargos
religiosos,
políticos, militares
e policiais, sem a
preocupação de
ajudar o próximo,
assoberbados de
vantagens pessoais,
preocupados apenas
com o seu próprio
bem-estar,
apresentam-se como
falsos líderes,
ludibriando a
muitos, mas não
conseguindo enganar
a si próprios.
Na Parábola dos
Talentos, Jesus
alude aos que usaram
seus dons,
atributos, sem
benefício para os
semelhantes e,
atormentados,
posteriormente, pelo
remorso, refletem um
sofrimento que
parece não ter fim
(imagem simbólica do
“fogo eterno”),
recebendo a sentença
que ressoa nos
refolhos mais
íntimos da
consciência: ”até o
pouco que têm lhes
será tirado“.
O indivíduo autista
representa alguém
necessitado de muita
atenção, carinho e
amor, vindo ao mundo
físico, em uma
reencarnação
essencialmente
expiatória,
totalmente
desprovido do
controle de suas
emoções, com
prejuízo acentuado
na interação social,
não desenvolvendo
relacionamento
eficaz com seus
pares, fracasso
marcante no contato
visual direto, na
expressão facial, na
postura corporal, na
tentativa espontânea
de compartilhar
prazer, interesses
ou realizações com
outras pessoas. Está
agora sujeito às
consequências de
seus atos impensados
do pretérito. De
tanto não conceder o
devido respeito às
pessoas e de não
conceber que os
seres pensam e têm
sentimentos, retorna
com déficit e
prejuízo da empatia,
com intensa
dificuldade de
construir vínculos,
sem se sentir
atraído pelas
pessoas e sem
interesse em tentar
falar, considerando
o rosto humano muito
complexo e confuso,
difícil de olhar. No
pretérito, a todo o
custo, buscava a
fama, a glória, o
entusiasmo dos
aplausos, o ardor
dos cumprimentos e
abraços; hoje, com
aparência
desorientada devido
a uma expressão sem
emoção, vivencia
experiências
caóticas, com
dificuldade imensa
de estar fora do seu
casulo particular,
principalmente
quando ouve o ruído
de um grupo de
pessoas, causando
acentuada confusão
nos seus sentidos,
sem saber distinguir
os estímulos e,
muitas vezes,
aguçada dificuldade
em relação à
sensibilidade tátil,
sentindo-se sufocado
com um simples
aperto. Contudo,
“Deus é Amor”,
proporcionando ao
Espírito imortal,
diante da
eternidade, a
oportunidade da
redenção espiritual.
Quando retornar à
dimensão extrafísica,
apresentar-se-á
curado, sem mais o
remorso lhe
assenhoreando o
íntimo, vivenciando
a paz e agradecendo
a valiosa
oportunidade,
dispensada a si
próprio, de agora
poder valorizar a
utilização dos dons
da comunicação e o
talento do carisma,
visando o bem-estar
do próximo e o seu
próprio crescimento
espiritual. A chance
de ter tido uma
existência difícil,
quando se
entretinha,
enfileirando
brinquedos e
objetos,
particularmente,
pauzinhos,
caixinhas, peças
coloridas para
encaixe, despertou
dentro de si o
potencial da
humildade. Captando
paulatinamente as
vibrações amorosas
de seus pais,
familiares, amigos e
abnegados
terapeutas,
assimilando-as
intensamente, a
carapaça da empáfia
desabou e descobriu
em plenitude o amor.
Afinal, somos
herdeiros do
infinito e estamos
ainda iniciando
nossa jornada
evolutiva no rumo
das estrelas
grandiosas e
incomensuráveis do
Universo.