ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)
Há demônios?
Como os há! E
cada dia
aparecem mais.
Demônios no
comércio, na
indústria, na
escola, nas
fábricas, na
política.
Demônios que
roubam na
balança; que
fraudam na
produção; que
assaltam cofres
públicos; que
vendem sentenças
nos tribunais;
que engavetam
denúncias; que
sequestram
pessoas honestas
para extorquirem
famílias; que
comerciam com as
bênçãos de Deus;
pedófilos que
estupram as
próprias filhas
ou as filhas dos
outros;
traficantes que
disseminam o
vício e
aterrorizam
favelas...
A palavra
demônio nem
sempre teve a
significação que
lhe é dada nos
dias de hoje.
Nas crenças da
antiguidade e no
politeísmo,
demônio era o
gênio
inspirador, bom
ou mau, que
presidia o
caráter e o
destino de cada
indivíduo, alma,
espírito. Nas
religiões
judaica e cristã
é que passou a
significar anjo
mau que,
rebelando-se
contra Deus, foi
precipitado no
inferno e
procura a
perdição da
humanidade. Quer
dizer: seria uma
obra imperfeita
de Deus. Ou
seja: Deus
acabou criando
um inimigo
terrível que põe
a perder
praticamente a
totalidade da
humanidade. Um
inimigo tão
forte, ou mais
forte até do que
o próprio Deus
que o criou,
porque Deus não
pode acabar com
ele e
assiste
impassivelmente
a humanidade
sendo arrastada
para o
precipício sob a
inspiração e
domínio desse
filho rebelde.
Talvez seja por
isso que o
Rabino Harold S.
Kushner defenda
a tese de que
Deus não é
onipotente. É o
que ele afirma
textualmente em
seu interessante
livro Quando
coisas ruins
acontecem às
pessoas boas.
Deus não pode
evitar que isso
aconteça. Azar
da pessoa boa
que estava numa
hora errada num
lugar em que não
devia estar.
Apanhada pelo
sofrimento, terá
que suportá-lo
até esgotar a
última gota,
porque Deus nada
poderá fazer,
segundo o
Rabino.
Convenhamos: a
crença na
existência dessa
figura
mitológica que
nos arrasta a
todos para o mal
é um desrespeito
ao Pai criador
de todos nós.
Desrespeito à
sua
inteligência, à
sua
magnanimidade, à
sua sabedoria.
Demônios são
criaturas ainda
imperfeitas,
encarnadas ou
não, a caminho
da perfeição.
São portadores
de deficiências
transitórias que
serão corrigidas
com o tempo,
inevitavelmente,
porque, como
filhos de Deus,
também eles
estão destinados
à mesma glória
da perfeição a
que todos
seremos levados
um dia.