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Estudando as obras de Kardec
Ano 3 - N° 104 – 26 de Abril de 2009

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

A Revue Spirite de 1863

Allan Kardec 

(9a Parte)

 
Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1863. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Espírito batedor é o mesmo que Espírito tiptor?

Não. O Sr. Sabô fez a evocação mental de um Espírito e eis que apareceu sua falecida esposa, que o médium não conhecera. Sua comunicação se fez por meio de pancadas. Comentando o fato, Kardec fez um reparo ao título de batedor dado ao Espírito comunicante, afirmando que o vocábulo batedor é mais apropriado quando se refere a uma das classes constantes da escala espírita, na categoria de “Espíritos imperfeitos”. Como o objetivo do Espírito que ali se comunicou foi sério, Kardec prefere chamá-lo de Espírito tiptor, termo que se refere à linguagem tiptológica. (Revue Spirite de 1863, pp. 185 a 188.)

B. A autoanálise é importante no processo evolutivo do ser humano?

Sim. Segundo o Espírito de La Fontaine, o que impede, por vezes, que nos corrijamos de um defeito é, certamente, não percebermos que o temos. Ele propõe então a autoanálise, o conhecimento de nós mesmos, para termos sucesso nesse campo. (Obra citada, págs. 191 a 194.)

C. O que distingue o Espiritismo das demais doutrinas filosóficas?

O que distingue o Espiritismo de todas as doutrinas filosóficas é o fato não ter um foco único, de não depender da vida de nenhum homem. Se o prejudicam aqui, ele surge ali. Eis aí a sua força. (Obra citada, pp. 209 a 211.)

Texto para leitura

82. O “Orçamento do Espiritismo ou Exploração da Credulidade Humana” é o título de uma brochura publicada em Argel, em que o autor apresenta números mirabolantes para dizer que Allan Kardec embolsava uma renda anual de 38 milhões de francos. Eis alguns exemplos do absurdo: a Sociedade Espírita de Paris, que jamais teve 100 sócios, teria 3.000 associados, e a Revue Spirite contaria com 30.000 assinantes. O efeito junto aos espiritistas foi provocar uma enorme gargalhada e, nos demais, despertar o desejo de conhecer o Nababo que ficou rico com o Espiritismo. (PP. 173 a 180)

83. O Sr. Sabô, de Bordeaux, conta que duas fábulas de origem mediúnica foram agraciadas no concurso anual promovido pela Academia dos Jogos Florais de Toulouse, em que se inscreveram 68 concorrentes. Uma - intitulada “O Leão e o Corvo” - obteve o primeiro prêmio; a outra recebeu menção honrosa. O autor desencarnado foi o Espírito familiar do Sr. T. Jaubert, vice-presidente do tribunal civil de Carcassone, que, evidentemente, não cientificou o júri sobre a origem mediúnica de seus dois trabalhos. As fábulas foram escritas por meio da linguagem alfabética das pancadas. (PP. 180 a 183)

84. Noutra carta, o Sr. Sabô relata uma experiência mediúnica por ele realizada, sendo médium o Sr. Jaubert. O Sr. Sabô fez, a pedido do médium, a evocação mental de um Espírito e eis que apareceu sua falecida esposa, morta aos 22 anos de idade, de nome Félicia, que Jaubert não conhecera. Comentando o fato, Kardec fez um único reparo: ao título de batedor dado ao Espírito que trabalha com o Sr. Jaubert. O vocábulo batedor é mais apropriado quando se refere a uma das classes constantes da escala espírita, na categoria de “Espíritos imperfeitos”. Como o objetivo do Espírito familiar do Sr. Jaubert é sério, Kardec prefere chamá-lo de Espírito tiptor, termo que se refere à linguagem tiptológica. (PP. 185 a 188)

85. Na seção de dissertações espíritas, a Revue  transcreve três mensagens de origem mediúnica. Na primeira, La Fontaine diz que o que impede, por vezes, que nos corrijamos de um defeito é, certamente, não percebermos que o temos. Ele propõe então a auto-análise, o conhecimento de nós mesmos, para termos sucesso nesse campo. A segunda, sem identificação de autoria e recebida em Viena, destaca o valor da amizade e diz que a prece eleva o Espírito do homem para Deus, transportando-o para um estado de paz que o mundo não pode oferecer. A terceira, assinada apenas por um Filósofo do outro mundo, diz que o Espiritismo é obra de Deus e, por isso, tem assegurado um brilhante futuro, quando, graças à sua benéfica influência, haverá na Terra a concórdia e a fraternidade que ele apregoa. (PP. 191 a 194)

86. Interessante artigo sobre o sonambulismo abre o número de julho e nele o Codificador reproduz carta de um distinto médico de Tarn, que afirma que certos fenômenos ligados ao sonambulismo provam com clareza a existência da alma e sua ação à distância, independente do corpo físico. Kardec também comenta o assunto. (PP. 197 a 200)

87. A Revue  transcreve dois pedidos de admissão formulados ao presidente da Sociedade Espírita de Paris, para mostrar o nível de consciência e o caráter dos que aderem às ideias espíritas através da leitura e do estudo. Nas duas cartas, ambos os missivistas dizem do efeito que a simples leitura d’O Livro dos Espíritos produziu em suas vidas. Comentando o assunto, Kardec afirma que a Sociedade Espírita de Paris só acolhe gente séria e que ali nenhum dos médiuns recebe retribuição. Quanto aos membros correspondentes e honorários, nenhum encargo financeiro lhes é imposto, visto que apenas os membros titulares e associados concorrem para o custeio das despesas da Sociedade. (PP. 200 a 204)

88. A última inventada para tentar ridicularizar o Espiritismo surgiu na Sala Robin, no Boulevard du Temple, onde aparecem espectros e fantasmas impalpáveis, imitando as aparições espíritas. O jornal Independence belge, falando desse novo truque cênico, exclamou: “Eis a religião do Sr. Allan Kardec metida a pique. Como vai o Espiritismo sair-se desta?” Kardec diz que deve haver o dedo dos Espíritos nesse movimento, porque esses recursos, aliados à virulência dos sermões, acabam produzindo efeito contrário ao que os detratores do Espiritismo desejam. (PP. 204 a 206)

89. Um correspondente de Bordeaux, mencionando o fato que ocorreu com sua irmã na cidadezinha de B..., onde era difícil encontrar alguém para conversar sobre Espiritismo, mostra o efeito que quatro sermões proferidos pelos irmãos carmelitas tiveram na população da cidade. O resultado dos ataques - ao chamar os médiuns de possessos do demônio que só agem por interesse - foi que em toda a cidade só se falava, nos dias seguintes, do Espiritismo e todo mundo queria saber mais, fato que fez com que surgissem novos adeptos onde não havia praticamente nenhum. (PP. 207 e 208)

90. Em Constantinopla, conforme carta enviada à Revue pelo advogado Repos Filho, presidente da Sociedade Espírita local, os livros espíritas, mal chegam aos livreiros, são imediatamente vendidos. (P. 209)

91. Segundo o Sr. Repos Filho, um quadro desenhado mediunicamente por seu amigo e confrade Paul Lombardo foi admitido na Exposição nacional otomana com esta inscrição: “Desenho mediúnico. Executado pelo Sr. Paul Lombardo, de Constantinopla, que desconhece as artes do desenho e da pintura”. Comentando ambas as notícias, Kardec diz que o Espiritismo tem um caráter que o distingue de todas as doutrinas filosóficas: -- o de não ter um foco único, de não depender da vida de nenhum homem. Se o prejudicam aqui, ele surge ali. Eis aí a sua força. (PP. 209 a 211) (Continua no próximo número.)

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita