82. O “Orçamento do
Espiritismo ou
Exploração da
Credulidade Humana”
é o título de uma
brochura publicada em
Argel, em que o autor
apresenta números
mirabolantes para dizer
que Allan Kardec
embolsava uma renda
anual de 38 milhões de
francos. Eis alguns
exemplos do absurdo: a
Sociedade Espírita de
Paris, que jamais teve
100 sócios, teria 3.000
associados, e a Revue
Spirite contaria com
30.000 assinantes. O
efeito junto aos
espiritistas foi
provocar uma enorme
gargalhada e, nos
demais, despertar o
desejo de conhecer o
Nababo que ficou rico
com o Espiritismo. (PP.
173 a 180)
83. O Sr. Sabô, de
Bordeaux, conta que duas
fábulas de origem
mediúnica foram
agraciadas no concurso
anual promovido pela
Academia dos Jogos
Florais de Toulouse, em
que se inscreveram 68
concorrentes. Uma -
intitulada “O Leão e
o Corvo” - obteve o
primeiro prêmio; a outra
recebeu menção honrosa.
O autor desencarnado foi
o Espírito familiar do
Sr. T. Jaubert,
vice-presidente do
tribunal civil de
Carcassone, que,
evidentemente, não
cientificou o júri sobre
a origem mediúnica de
seus dois trabalhos. As
fábulas foram escritas
por meio da linguagem
alfabética das pancadas.
(PP. 180 a 183)
84. Noutra carta, o Sr.
Sabô relata uma
experiência mediúnica
por ele realizada, sendo
médium o Sr. Jaubert. O
Sr. Sabô fez, a pedido
do médium, a evocação
mental de um Espírito e
eis que apareceu sua
falecida esposa, morta
aos 22 anos de idade, de
nome Félicia, que
Jaubert não conhecera.
Comentando o fato,
Kardec fez um único
reparo: ao título de
batedor dado ao
Espírito que trabalha
com o Sr. Jaubert. O
vocábulo batedor
é mais apropriado quando
se refere a uma das
classes constantes da
escala espírita, na
categoria de “Espíritos
imperfeitos”. Como o
objetivo do Espírito
familiar do Sr. Jaubert
é sério, Kardec prefere
chamá-lo de Espírito
tiptor, termo que se
refere à linguagem
tiptológica. (PP. 185 a
188)
85. Na seção de
dissertações espíritas,
a Revue
transcreve três
mensagens de origem
mediúnica. Na primeira,
La Fontaine diz que o
que impede, por vezes,
que nos corrijamos de um
defeito é, certamente,
não percebermos que o
temos. Ele propõe então
a auto-análise, o
conhecimento de nós
mesmos, para termos
sucesso nesse campo. A
segunda, sem
identificação de autoria
e recebida em Viena,
destaca o valor da
amizade e diz que a
prece eleva o Espírito
do homem para Deus,
transportando-o para um
estado de paz que o
mundo não pode oferecer.
A terceira, assinada
apenas por um
Filósofo do outro mundo,
diz que o Espiritismo é
obra de Deus e, por
isso, tem assegurado um
brilhante futuro,
quando, graças à sua
benéfica influência,
haverá na Terra a
concórdia e a
fraternidade que ele
apregoa. (PP. 191 a 194)
86. Interessante artigo
sobre o sonambulismo
abre o número de julho e
nele o Codificador
reproduz carta de um
distinto médico de Tarn,
que afirma que certos
fenômenos ligados ao
sonambulismo provam com
clareza a existência da
alma e sua ação à
distância, independente
do corpo físico. Kardec
também comenta o
assunto. (PP. 197 a 200)
87. A
Revue transcreve
dois pedidos de admissão
formulados ao presidente
da Sociedade Espírita de
Paris, para mostrar o
nível de consciência e o
caráter dos que aderem
às ideias espíritas
através da leitura e do
estudo. Nas duas cartas,
ambos os missivistas
dizem do efeito que a
simples leitura d’O
Livro dos Espíritos
produziu em suas vidas.
Comentando o assunto,
Kardec afirma que a
Sociedade Espírita de
Paris só acolhe gente
séria e que ali nenhum
dos médiuns recebe
retribuição. Quanto aos
membros correspondentes
e honorários, nenhum
encargo financeiro lhes
é imposto, visto que
apenas os membros
titulares e associados
concorrem para o custeio
das despesas da
Sociedade. (PP. 200 a
204)
88. A
última inventada para
tentar ridicularizar o
Espiritismo surgiu na
Sala Robin, no Boulevard
du Temple, onde aparecem
espectros e fantasmas
impalpáveis, imitando as
aparições espíritas. O
jornal Independence
belge, falando desse
novo truque cênico,
exclamou: “Eis a
religião do Sr. Allan
Kardec metida a pique.
Como vai o Espiritismo
sair-se desta?” Kardec
diz que deve haver o
dedo dos Espíritos
nesse movimento, porque
esses recursos, aliados
à virulência dos
sermões, acabam
produzindo efeito
contrário ao que os
detratores do
Espiritismo desejam.
(PP. 204 a 206)
89. Um correspondente de
Bordeaux, mencionando o
fato que ocorreu com sua
irmã na cidadezinha de
B..., onde era difícil
encontrar alguém para
conversar sobre
Espiritismo, mostra o
efeito que quatro
sermões proferidos pelos
irmãos carmelitas
tiveram na população da
cidade. O resultado dos
ataques - ao chamar os
médiuns de possessos do
demônio que só agem por
interesse - foi que em
toda a cidade só se
falava, nos dias
seguintes, do
Espiritismo e todo mundo
queria saber mais, fato
que fez com que
surgissem novos adeptos
onde não havia
praticamente nenhum.
(PP. 207 e 208)
90. Em Constantinopla,
conforme carta enviada à
Revue pelo
advogado Repos Filho,
presidente da Sociedade
Espírita local, os
livros espíritas, mal
chegam aos livreiros,
são imediatamente
vendidos. (P. 209)
91. Segundo o Sr. Repos
Filho, um quadro
desenhado mediunicamente
por seu amigo e confrade
Paul Lombardo foi
admitido na Exposição
nacional otomana com
esta inscrição:
“Desenho mediúnico.
Executado pelo Sr. Paul
Lombardo, de
Constantinopla, que
desconhece as artes do
desenho e da pintura”.
Comentando ambas as
notícias, Kardec diz que
o Espiritismo tem um
caráter que o distingue
de todas as doutrinas
filosóficas: -- o de não
ter um foco único, de
não depender da vida de
nenhum homem. Se o
prejudicam aqui, ele
surge ali. Eis aí a sua
força. (PP. 209 a 211)
(Continua no próximo
número.)