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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 104 – 26 de Abril de 2009

LEONARDO MACHADO
leomachadot@gmail.com
Recife, Pernambuco (Brasil)
 

O feto não é uma coisa


 
Em artigo anterior, escrevi que a Doutrina Espírita entende o início da vida humana no momento da fecundação e que, de fato, a Embriologia, totalmente independente do Espiritismo, considera o zigoto único e capaz de comandar sozinho o seu desenvolvimento.

Neste, portanto, aprofundando a questão, convido-te para uma análise mais detida sobre quando começa a vida, verificando que o feto não é uma coisa, como algumas vezes a antiga ciência queria mostrar, nem muito menos uma parte do corpo materno. Aliás, Platão já dizia, antes mesmo do avanço da anatomia humana, “o feto é uma criatura viva, que se nutre e se move nas cavidades do corpo materno”.

Neste sentido, verificaremos que, realmente, o artigo 5º da Constituição Brasileira garante “a inviolabilidade do direito à vida”, e o artigo 4º do Código Civil afirma: “a personalidade civil do homem começa pelo nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.

Por sua vez, a psicanalista brasileira, Joanna Wilheim, explica, em seus escritos: “qualquer experiência ocorrida no feto, desde a formação de cada uma de suas células, fica retida numa matriz básica inconsciente, na memória celular”. Assim, segundo a estudiosa da psique, desde os primórdios da vida intra-uterina, o feto já pode perceber o som, engolir, sonhar, reconhecer a voz da mãe e apresenta sinais de comportamento, expressando estados emocionais de agrado e desagrado.

Além disso, como elucida a médica e psicanalista italiana, Alessandra Piontelli, este padrão de comportamento fetal continua a ser observado no período pós-natal. Por exemplo, explica ela, “gêmeos que brigavam continuaram a brigar da mesma maneira até os 4 anos de idade”.

Vale a pena, desse modo, lembrar da fala poética de Kahlil Gibran: “vossos filhos não são vossos filhos/... /Vêm através de vós, mas não de vós/ E embora vivam convosco não vos pertencem”, porque, realmente, o feto não é uma coisa, ou um braço materno, mas um ser que quer viver.

A abortação, na verdade, é o reflexo da falência ético-moral de uma sociedade. Toda vez que estas caem, ela surge como solução fácil, porém ilusória.

Quando não se educa a criança, apela-se a ela na hora em que a adolescente engravida, alegando-se a sua imaturidade. Quando não se conscientiza o ser, busca-se ela no momento em que a gravidez é inesperada, apelando-se para a inconveniência. Quando o egoísmo campeia, olha-se para ela para se preservar uma carreira ou para se ocultar um adultério. Quando a falta de planejamento econômico impera por parte do governo, eis que ela surge, falsamente piedosa, pretendendo salvar das dores uma família já muito pobre.

Quaisquer porém que sejam os motivos para a provocação de um aborto intencional, deve-se lembrar, antes de pensar em fazê-lo, que o feto merece a mesma atenção dada a uma criança (O Livro dos Espíritos, pergunta 360).

Assim, caro (a) leitor (a), aprende a olhar para este ser com amor, pois ele não é uma coisa. Se, porventura, já escolheste antes este caminho, não te deixes ficar na culpa, sempre prejudicial. Desenvolve em ti a coragem e prossegue. O futuro sempre pode nos reservar um manancial de bênçãos, e, o passado, um livro de aprendizado. Lê portanto o teu passado e, com ele e com estes conhecimentos acima expostos, constrói um porvir mais feliz.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita