MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
17)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Os atos que
praticamos na Terra
ficam realmente
registrados?
R.: Sim. Focalizando o
caso de um homem que
estava sendo perseguido
por si mesmo,
atormentado pelo que
fizera e pelo que tinha
sido, Gúbio disse que só
a extrema modificação
mental para o bem
poderia conservá-lo no
corpo. Uma fé
renovadora, com esforço
de reforma persistente e
digna da vida moral mais
nobre, lhe conferiria
diretrizes superiores,
dotando-o de forças
imprescindíveis à
autorrestauração, porque
ele estava dominado
pelos quadros malignos
que improvisou em
gabinetes escuros, pelo
simples gosto de
espancar infelizes. "A
memória é um disco vivo
e milagroso", explicou
em seguida o Instrutor.
"Fotografa as imagens de
nossas ações e recolhe o
som de quanto falamos e
ouvimos... Por
intermédio dela, somos
condenados ou
absolvidos, dentro de
nós mesmos." (Libertação,
cap. XI, pp. 139 e 140.)
B. No trato da obsessão
é indispensável concurso
do paciente?
R.: Evidentemente. Nos
casos de obsessão em que
o paciente ainda pode
reagir com segurança,
faz-se indispensável o
curso pessoal de
resistência. “Não
adianta retirar a sucata
que perturba um ímã,
quando o próprio ímã
continua atraindo a
sucata", asseverou o
instrutor Gúbio. A
transformação do
indivíduo torna-se,
pois, fator essencial no
tratamento. (Obra
citada, cap. XI, pp. 140
a 142.)
C. Existe no plano
espiritual aquilo que
aqui conhecemos como
suborno?
R.: Sim. Um exemplo
disso se deu na casa a
que Margarida foi
levada, no qual Saldanha
decidiu solicitar a
neutralidade dos servos
espirituais do médium
operante, para que este
não penetrasse o
problema da jovem em
sua intimidade. Em troca
do favor, o diretor da
falange prometeu-lhes
excelente remuneração em
colônia próxima,
descrevendo, com largas
promessas, quanto lhes
poderia proporcionar em
regalo e prazeres no
cortiço de entidades
perturbadas e
ignorantes, onde vivia
Gregório. Registre-se
ainda que o próprio
médium havia exigido do
esposo de Margarida
significativo pagamento.
O intercâmbio ali, entre
os dois mundos,
resumia-se a negócio
tão comum quanto outro
qualquer e, não por
acaso, o recinto estava
repleto de entidades em
fase primária de
evolução. (Obra
citada, cap. XI, pp. 142
a 144.)
Texto
para leitura
70. Consequências
do mal - Um
cavalheiro de idade
madura, com mostras de
evidente moléstia
nervosa, estava ladeado
por dois rapazes. Suor
frio lhe banhava a
fronte e extrema palidez
lhe exteriorizava a
lipotimia. (N.R.:
Lipotimia é o mesmo que
síncope; queda súbita de
pressão arterial;
delíquio; desmaio.)
O enfermo era torturado
por visões pavorosas no
campo íntimo, acessíveis
apenas a ele mesmo. Na
verdade, várias formas
ovoides, escuras e
diferençadas entre si,
aderiam à sua
organização
perispiritual. Gúbio
explicou tratar-se de um
investigador de polícia
em graves perturbações,
que, não tendo sabido
deter o bastão da
responsabilidade, dele
abusou para humilhar e
ferir. Durante algum
tempo, conseguiu manter
o remorso a distância;
todavia, cada pensamento
de indignação das
vítimas passou a
circular em sua
atmosfera psíquica,
esperando a oportunidade
de fazer-se sentir. Seu
procedimento cruel
atraiu a ira de muita
gente e a convivência
constante de entidades
de péssimo
comportamento. Aos
primeiros sintomas de
senectude física, o
remorso abriu-lhe grande
brecha na fortaleza em
que se escondia. "As
forças acumuladas dos
pensamentos destrutivos
que provocou para si
mesmo, através da
conduta irrefletida a
que se entregou
levianamente, libertadas
de súbito pela aflição e
pelo medo,
quebraram-lhe a
fantasiosa resistência
orgânica, quais
tempestades que se
sucedem furiosas",
informou o Instrutor.
Sobrevindo a crise,
energias desequilibradas
da mente em desvario
vergastaram-lhe os
delicados órgãos do
corpo físico. Os órgãos
mais vulneráveis
sofreram consequências
terríveis. "Não apenas o
sistema nervoso padece
tortura incrível: o
fígado traumatizado
inclina-se para a
cirrose fatal",
acrescentou o mentor
espiritual. (Cap. XI,
pp. 138 e 139)
71. A
esposa fracassada
- Gúbio explicou que
aquele homem, no fundo,
estava sendo perseguido
por si mesmo,
atormentado pelo que fez
e pelo que tinha sido.
Só a extrema modificação
mental para o bem
poderia conservá-lo no
vaso físico. Uma fé
renovadora, com esforço
de reforma persistente e
digna da vida moral mais
nobre, lhe conferiria
diretrizes superiores,
dotando-o de forças
imprescindíveis à
auto-restauração. Ele
estava dominado pelos
quadros malignos que
improvisou em gabinetes
escuros, pelo simples
gosto de espancar
infelizes, a pretexto de
salvaguardar a harmonia
social. "A memória é um
disco vivo e
milagroso", disse o
Instrutor. "Fotografa as
imagens de nossas ações
e recolhe o som de
quanto falamos e
ouvimos... Por
intermédio dela, somos
condenados ou
absolvidos, dentro de
nós mesmos." Num outro
divã, uma respeitável
senhora se sentava ao
lado de jovem clorótica.
(N.R.: Clorose é
anemia peculiar à
mulher, chamada assim
pelo tom
amarelo-esverdeado que
imprime à pele.)
Dois Espíritos de
aspecto sinistro
rodeavam a menina, que
proferia disparates,
pois não falava por si
mesma. Fios tênues de
energia magnética
ligavam-lhe o cérebro à
cabeça do irmão infeliz
que estava à sua
esquerda e controlava,
assim, seus
pensamentos. A enferma
ria sem motivo e falava
a esmo, referindo-se a
projetos de vingança,
com todos os sinais de
idiotia e inconsciência.
Tratava-se de doloroso
drama com raízes no
passado. Aquela jovem
desposara um homem e
desviou-lhe o irmão para
vicioso caminho. O
primeiro suicidou-se; o
segundo asilou-se na
loucura: eram os seus
acompanhantes do
momento. A senhora que
a acompanhava, sua avó,
preparara-lhe um
casamento nobre, por
recear deixá-la no mundo
entregue a si mesma.
Entretanto, em vésperas
de realização do
cometimento planejado,
as vítimas de outro
tempo, cristalizadas
mentalmente no propósito
de desforra, buscavam
impedir-lhe a união
esponsalícia. O
ex-marido ultrajado, em
fase primária de
evolução, não conseguira
esquecer sua falta e
ocupava-lhe os centros
da fala e do equilíbrio.
Enchendo-lhe a mente com
suas próprias ideias,
ele a subjugava,
chamando-a para a esfera
em que se encontrava. A
jovem permanecia, assim,
saturada de fluidos que
não lhe pertenciam e já
peregrinara por diversos
consultórios, sem
resultado. (Cap. XI,
pp. 139 e 140)
72. O funcionário
disciplinador -
Elói perguntou se a
jovem enferma
encontraria ali o
remédio adequado. Não!
-- respondeu Gúbio,
porque o caso exigia
renovação interior. Ela
obteria, apenas, naquela
casa, ligeiro
paliativo. "Em casos de
obsessão como este, em
que a paciente ainda
pode reagir com
segurança, faz-se
indispensável o curso
pessoal de resistência.
Não adianta retirar a
sucata que perturba um
ímã, quando o próprio
ímã continua atraindo a
sucata", asseverou o
Instrutor. Mais ao
fundo do salão de
espera, dois homens, em
idade madura,
mantinham-se em
silêncio. Um deles
revelava indiscutível
desequilíbrio orgânico.
Muito pálido e abatido,
demonstrava sinais de
profunda inquietação.
Junto deles
encontrava-se uma
entidade desencarnada de
aspecto humilde. Ela
aproximou-se de Gúbio e
declarou-lhe, de forma
discreta, haver-lhe
identificado, pelo tom
vibratório, a posição de
benfeitor espiritual.
Informou que estava ali
em defesa do amigo
enfermo, pois o operador
mediúnico que atendia
naquela casa era pessoa
sem iluminação interior
de maior vulto, que
tanto servia ao bem
quanto ao mal. "Nesta
casa -- disse a entidade
--, o enfermo não é
amparado pelo socorrista
de que se vem valer e,
sim, pela assistência
espiritual edificante de
que possa desfrutar". O
enfermo era austero
administrador de
serviços públicos que,
incapaz de usar o
algodão da ternura em
feridas alheias,
adquiriu ódios gratuitos
e silenciosas
perseguições, por tentar
reajustar a concepção de
funcionários relapsos.
Esses ódios lhe
vergastavam a mente, sem
cessar, havia muitos
anos, com perigosos
reflexos no sistema
circulatório -- a zona
menos resistente do seu
cosmos físico --, no
fígado e no baço, que se
apresentavam em
lamentáveis condições.
Seus perseguidores
conseguiram insinuar nos
médicos a necessidade de
uma intervenção na
vesícula biliar,
preparando-se-lhe com
isso um choque
operatório e, por
consequência, a
inesperada morte do
corpo. O plano fora bem
delineado; contudo, pelo
bem que existia no fundo
da severidade com que o
funcionário agia, o
plano espiritual buscava
socorrê-lo através do
médium que iria
consultar. A entidade
recebera instruções para
obstar a operação
cirúrgica e confiava no
êxito de sua tarefa.
(Cap. XI, pp. 140 a
142)
73. Suborno
espiritual - De
retorno ao lado de
Margarida, Saldanha
comunicou a Gúbio que
resolvera solicitar a
neutralidade dos servos
espirituais do médium
operante. Asseverou que
era necessário evitar a
piedade do médium e
confundir-lhe as
observações com todos os
meios possíveis. Depois,
ele rogou a presença de
um dos colaboradores
mais influentes da casa
e apareceu diante deles
a esquisita figura de um
anão de semblante
enigmático e expressivo.
Saldanha pediu-lhe
cooperação, esclarecendo
que o médium operante
não deveria penetrar o
problema de Margarida
em sua intimidade. Em
troca do favor, o
diretor da falange
prometeu a ele e aos
seus companheiros
excelente remuneração em
colônia próxima,
descrevendo-lhe, com
largas promessas, quanto
lhe poderia proporcionar
em regalo e prazeres no
cortiço de entidades
perturbadas e
ignorantes, onde vivia
Gregório. O serviçal
mostrou-se muito
contente com a proposta
e prometeu que o médium
nada perceberia. Logo à
entrada do consultório,
André viu que a casa não
inspirava segura
confiança, porquanto o
médium exigiu de
Gabriel, adiantadamente,
significativo pagamento.
O intercâmbio ali, entre
os dois mundos,
resumia-se a negócio
tão comum quanto outro
qualquer. André notou
que o médium era
facilmente controlado
pelos Espíritos que o
serviam. O recinto
estava repleto de
entidades em fase
primária de evolução e
Saldanha estava
eufórico, porque ele
mesmo presidiria aos
trâmites da ação
mediúnica, após obter
plena ajuda das
entidades ali
dominantes. (Cap. XI,
pp. 142 a 144)
(Continua
no próximo número.)