102. Kardec informa, em
nota posta logo abaixo
dessa mensagem, que o
médium que a recebeu é
um jovem iletrado, que
ignora, segundo o Sr.
Dumas, o sentido da
maioria das palavras ali
contidas. Os médiuns
iletrados que recebem
comunicações acima de
seu alcance intelectual
- diz o Codificador -
são muito numerosos.
(P. 227)
103. O número de agosto
faz o elogio do ilustre
filósofo Jean Reynaud,
nascido em Lyon em 1808
e morto em Paris em
junho de 1863, após uma
curta moléstia. Autor do
livro “Terre et Ciel”,
obra que o popularizou
mas que, tida como
perigosa para o
ortodoxia da fé
católica, foi posta no
Índex pela cúria romana,
Reynaud é considerado
por Kardec um dos
precursores do
Espiritismo. Como
Charles Fourier, ele
admitia o progresso
indefinido da alma e a
pluralidade das
existências, sem nada
ter visto e baseando-se
tão-somente na sua
profunda intuição. (PP.
229 a 232)
104. Citando a
importância para o
Espiritismo da adesão de
vários escritores de
renome, como Victor
Hugo, que semeavam, aqui
e ali, as ideias
espíritas, Kardec
destaca o valor do
magnetismo e da
homeopatia na
disseminação do
conhecimento da ação
perispiritual, fonte de
todos os fenômenos
espíritas. No caso da
homeopatia, o
Codificador cita a
facilidade com que os
médicos homeopatas
aceitam o Espiritismo e
não se surpreende pelo
fato de a maioria dos
médicos espíritas
pertencerem à escola
fundada por Hahnemann.
(PP. 233 e 234)
105. A
Revue transcreve
trechos extraídos da
obra do escritor
Lamartine, os quais
apresentam alguns pontos
concordantes com as
ideias espíritas, como,
por exemplo, sua
referência às vidas
sucessivas e à vinda do
Consolador prometido por
Jesus, que Lamartine
entende que poderia vir
como homem ou como uma
doutrina. (PP. 235 e
236)
106. A
Presse de julho
noticiou a publicação do
livro “Destino do
homem nos dois mundos”,
do Sr. Hippolyte Renaud,
o qual - segundo
Kardec - se liga de
maneira muito direta à
doutrina espírita. A
Revue publicou a
notícia e o artigo que
o Sr. E. de Pompéry
escreveu sobre referida
obra. (PP. 236 a 240)
107. Em carta dirigida
ao redator da Presse,
o Sr. Henri Martin,
citado nominalmente no
artigo do Sr. Pompéry,
apoiou a crítica que
este fez à crença de
alguns em uma
metempsicose indefinida
e sem recordação do
passado, que ele também
considerava absurda e
inaceitável. O
Espiritismo, como
sabemos, não aceita a
metempsicose. (P. 241)
108. Dois fatos
relatados na Revue
mostram como a ação
do Espírito comunicante
pode estender-se ao
organismo do médium: I)
No primeiro, ocorrido em
Parma, Itália, o dedo
indicador do médium
ficou singularmente
frio. É que se
manifestava por ele um
irmão morto há mais de
vinte anos, cujo
indicador havia ficado
anquilosado. II) No
segundo caso, o Espírito
fazia com que
determinado membro ou
parte do corpo do médium
ficasse paralisado. (PP.
242 a 244)
109. Kardec escreve de
novo a respeito dos
espectros artificiais,
um truque cênico de uma
simplicidade tão grande,
que todos os teatros
apresentavam os seus.
Além de lamentar a
superficialidade com que
a imprensa tratava do
assunto, Kardec
aproveitou o ensejo para
informar como se
realizam as sessões nos
grupos espíritas sérios,
cujo recolhimento é
incompatível com a
leviandade de caráter e
a balbúrdia dos
curiosos. Quanto à
crítica aos que fazem
profissão da faculdade
mediúnica, Kardec disse
que nada há a objetar,
pois os espíritas sérios
também repudiam toda
exploração dessa
natureza, como indigna
do caráter
exclusivamente moral do
Espiritismo e uma falta
de respeito aos mortos.
(PP. 245 a 248)
110. Por que Deus
permite que médiuns bem
intencionados sejam
enganados pelos
Espíritos? As
mistificações -
responde Kardec -
têm o objetivo de pôr à
prova a perseverança, a
firmeza na fé e
exercitar o julgamento.
Se os bons Espíritos as
permitem em certas
ocasiões, não é por
impotência de sua parte,
mas para nos deixar o
mérito da luta. Os bons
Espíritos velam por nós
e nos assistem, mas com
a condição de que também
nos ajudemos a nós
mesmos. (P. 249)
111. Suscitada por um
leitor de São
Petersburgo, a objeção
colocada à frase:
Tudo quanto é
desconhecido é infinito,
constante de “O Livro
dos Espíritos”, é
examinada por Kardec,
que, citando a Academia
Francesa, entende que o
vocábulo infinito
não poderia nesse caso
ser substituído, como
proposto, pelo vocábulo
indefinido.
Embora sinônimos no
sentido geral, há
momentos em que um
vocábulo não substitui o
outro. Diz-se, por
exemplo: duração
infinita ou
duração
indefinida,
mas não se pode dizer:
a misericórdia
de Deus é
indefinida,
em vez de dizer: é
infinita.
(PP. 250 e 251)
(Continua no próximo
número.)