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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 106 - 10 de Maio de 2009

WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

Os serial killers, as doenças compulsivas e as obsessões espíritas


Diferentemente dos EUA onde tais fatos se repetem com frequência, no Brasil apenas vez por outra surgem os casos denominados de serial killer ou assassinos seriais. Mesmo assim, até meados de 2004 já eram dois casos que chegavam ao conhecimento público. O primeiro, no início do ano, um presidiário foragido e recapturado no Rio Grande do Sul e que confessou a morte de 12 meninos entre oito e doze anos, a partir de agosto de 2002. O mais recente, em julho, o do mecânico maranhense acusado da morte de 41 meninos a partir de 1991. 

Sociólogos, juristas, psicólogos e principalmente psiquiatras buscam respostas satisfatórias para explicar as motivações de criminosos como eles. Em depoimento, o primeiro disse que “sentia vontade interna, um vício”; já o segundo afirmou que ouvia vozes ordenando para matar e depois era tomado por uma “força exterior” e que “na hora não sentia nada, ficava neutro”. Seu relato é muito parecido com os da maioria desse tipo de assassino. Segundo a psiquiatra americana Helen Morrison, apesar de geralmente as aparências indicarem um forte componente sexual, “não dá para relacionar o surgimento de assassinos seriais ao sexo”. O que não parece ser compartilhado pela literatura e pelo cinema, repletos de enredos onde traumas sexuais, principalmente vivenciados durante a infância, acabam por gerar distúrbios psíquicos graves, mentes psicóticas autoras de barbáries de tal natureza. Desde Freud também não faltam teses acadêmicas conduzindo para idênticas soluções. 

O que nos chama a atenção aqui, e sem desmerecer os diagnósticos dos especialistas no assunto, são as declarações dos acusados sobre vozes, impulsos ora exteriores, ora interiores, etc., o que pode ser indício daquilo que na terminologia espírita denomina-se de obsessões. Observemos dois detalhes. Não são apenas os serial killers que fazem menção a fatores coercitivos exógenos, independentes de sua vontade, que os arrastam irresistivelmente à prática dos crimes. Muitos homicidas atribuem seus atos a agentes misteriosos, nomeando-os de Satanás ou Diabo, simbologia utilizada para expressar seres maléficos. Mesmo descontando espertezas próprias ou de advogados, uma análise mais profunda pode levar à conclusão de que muitos deles estejam sendo sinceros. 

Não podemos também deixar de estabelecer um paralelo com os Transtornos obsessivo-compulsivos, mal que só no Brasil afeta sete milhões de pessoas. As vítimas são assediadas por “pensamentos intrusos” ou ideias recorrentes que causam medo e angústia e para evitá-los, como mecanismo de fuga, desenvolvem comportamentos repetitivos. A obsessão estaria caracterizada nos pensamentos e a compulsão nas atitudes e ações. Frequentemente a doença leva à depressão, ao alcoolismo e às fobias, causando enormes prejuízos à vida das pessoas. Áreas cerebrais foram apontadas como sua sede e finalmente a medicina admite sua incapacidade para eliminar o problema ao reconhecer a impossibilidade de cura. Antidepressivos e psicoterapia podem atenuar os sintomas em até 80%. 

Ora, tudo isto tem a ver com o estudo das obsessões espirituais, em seus três graus, iniciado por Allan Kardec em meados do século XIX. Nosso mundo mental está em permanente intercâmbio com aqueles que já se despiram do corpo carnal pelo fenômeno da morte biológica. A interação social com os desencarnados é tão ou mais intensa do que entre os encarnados, embora quase sempre despercebida. Regida pela lei de afinidades e sintonia, atraímos ao nosso convívio mental almas que vibram em idêntica frequência em face do cultivo de ideias e sentimentos similares. 

Como nosso planeta está ainda muito atrasado moralmente, é natural que prevaleçam os “encontros casuais” com entidades inferiores, num momento de raiva passageira, por exemplo. Mas os maus hábitos prolongados, as paixões desequilibradas, os vícios tornam estes Espíritos hóspedes permanentes da nossa psicosfera que se comprazem em nos causar desconfortos físicos e espirituais dos mais variados. Às vezes são seres vingadores, inimigos do passado, que perseguem suas vítimas na atual encarnação. Talvez seja o caso do mecânico maranhense, tido como pessoa afável, risonha e aparentemente inofensiva. 

No dia em que – e caminhamos para isso, ainda que a passos lentos – no trato das problemáticas humanas íntimas, for levado em conta o caráter espiritual ali existente, a medicina se habilitará a fazer pelo seu bem-estar muito mais do que tem conseguido até agora. Milhares de indivíduos já foram auxiliados pela fluidoterapia e pelas atividades desobsessivas via atendimento mediúnico. Muitos pacientes psiquiátricos recebem o tratamento espiritual paralelo ao tradicional e por, não raro, superá-lo em eficácia, evita muitas internações e antecipa a alta em outros tantos. Também efetua a profilaxia preventiva de um número incalculável de outros comportamentos antissociais, ameniza sofrimentos, equilibra mentes, contribui na manutenção da estrutura familiar, enfim presta uma série superlativa de benefícios.  

A violência pode ser diminuída, o homem pode ser mais feliz, podemos ter mais paz. Para tanto, basta à ciência oficial ousar e romper com certos paradigmas. O principal deles é tratar o homem como um espírito imortal temporariamente encarnado num corpo físico e não um corpo carnal governado por uma mente abstrata e quase desconhecida, produto de secreções cerebrais.     

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita