EDUARDO AUGUSTO
LOURENÇO
eduardoalourenco@hotmail.com
Americana, São
Paulo (Brasil)
O
amigo obsessor
Ouvistes que foi
dito: “Amareis o
vosso próximo e
odiareis o vosso
inimigo. Eu,
porém, vos digo:
amai os vossos
inimigos e orai
pelos que vos
perseguem; para
que vos torneis
filhos do vosso
Pai celeste,
porque ele faz
nascer o seu sol
sobre maus e
bons e vir
chuvas sobre
justos e
injustos.
Porque, se
amardes os que
vos amam, que
recompensa
tereis?” (Mateus
5.43-48)
Quantas vezes
criticamos nosso
irmão obsessor
por suas
perseguições
ferrenhas, pelas
armadilhas em
que nos fazem
cair, pelas
inspirações que
nos seduzem ao
mau caminho.
Só que a verdade
é que os nossos
queridos
obsessores não
despertam nada
daquilo que não
temos no nosso
íntimo.
Despertam apenas
tendências já
existentes, e
débitos do nosso
passado,
guardados em
nossas
consciências.
O amigo obsessor
contribui para
buscarmos a
nossa melhora.
São apenas
pequenos
instrumentos da
lei divina,
pedindo o
pagamento das
nossas dívidas
de consciência.
O ódio é um amor
que está em fase
de
amadurecimento e
que adoeceu, se
sentiu traído,
injustiçado e
prejudicado pelo
outro.
Na maioria das
vezes, um
obsessor que
convive conosco
fez parte
intimamente de
nossas vidas.
Ninguém persegue
alguém sem ter
seus motivos,
suas
justificativas e
suas queixas,
querendo tirar
do outro aquilo
que lhe foi
tirado. Ninguém
sofre uma
obsessão
espiritual sem
ter cometido
nenhum desatino.
Somos todos
devedores das
leis divinas,
tentando colocar
no seu devido
lugar aquilo que
fizemos.
No regaço da
cumplicidade,
reside à
intimidade do
obsessor e do
obsedado com
dificuldade de
libertação,
compartilhando,
identificado-se
e espelhando-se
um no outro.
Interagem-se em
emoções,
paixões, ideais
e se assemelham
em valores,
negando-se ao
afastamento.
Saciam seus
interesses de se
sentirem
vítimas, e
dão-se o direito
a prerrogativas
que impedem que
o bom senso e a
razão
sobreponham-se,
fazendo-os
conscientes da
perda de tempo
diante da Lei
Divina que prega
“liberta para te
libertares”.
Esta ferida
espiritual
cresce ao longo
da jornada, e
estes, por sua
vez, ficam mais
sofridos,
infelizes,
transferindo no
tempo o crescer,
evoluir e
aperfeiçoar.
Chegam muitas
vezes a
cristalizarem
seus sentimentos
de amor e ódio,
esquecidos que
só o amor e a
compaixão
libertam.
Assim, o tempo
passa e novos
sentimentos de
inferioridade se
acumulam para o
amanhã, podendo
ter acertado já
os débitos entre
ambos e viver a
felicidade
mútua.
As oportunidades
aparecem, mas a
catarata
espiritual não
os deixa ver que
só eles podem se
conceder a
liberdade de
cada um seguir
seu caminho.
Perdoando-se,
para que a
libertação os
arranquem das
algemas da dor.
As preces ajudam
a longa
distância.
Cercam-nos de
vibrações
amorosas,
exigindo de
todos a
solidariedade, a
compaixão e a
fraternidade
para se fazer
mediador,
sensibilizando-os
pelo sofrimento
de ambos,
obsessor e
obsedado.
Daí a
necessidade de
juntos
encontrarem o
dedicado amigo
espiritual, que
se interpõe
entre ambos para
levar-lhes a luz
que ilumina a
consciência.
Despertando das
trevas que
paralisa a
evolução,
fazendo-os
retardar no
tempo a
liberdade de
viverem novas
experiências
renovadoras. E
quantos, assim,
estacionam no
tempo com a
idéia fixa de
vingança,
deixando de
progredir.
No entanto, se
permitem
estagiar além
dos limites
razoáveis, na
proposta de
fazer justiça
com seu
livre-arbítrio,
sem se
aperceberem de
que, quanto mais
vibram na mesma
sintonia, mais
se identificam.
O Evangelho
apresentado por
Matheus nos
convida a uma
reflexão sobre o
amor, o perdão,
e a eficiência
da prece.
Jesus manda-nos
bendizer àqueles
que nos
amaldiçoam, a
orar pelos que
nos injuriam, a
praticar o bem
sem esperar nada
em troca. Ser
compassivos como
Deus, perdoar a
todos, ser
generosos, sem
cálculos ou
tramas.
Rezar por nossos
inimigos revela
a disposição
para a
reconciliação,
quando elevamos
nossos inimigos
ao coração de
“Deus” pela
oração; é
impossível
continuar
nutrindo maus
sentimentos por
eles.
A oração
transforma o
inimigo em
“alguém próximo
ao coração de
Deus”. Tal
proximidade nos
fará pessoas
propensas a um
novo
relacionamento.
Provavelmente,
não existe
nenhuma oração
tão poderosa
como a oração
pelos inimigos,
mas também, é a
mais difícil,
pois é exigente.
Alguns santos
consideram a
oração feita
pelos inimigos o
principal
critério de
santidade.
Jesus foi um
exemplo através
do gesto do
perdão, abriu os
olhos do coração
para que
reconheçamos, em
nosso “inimigo”,
um irmão que
também é amado
por “Deus”. Nem
sempre aqueles
que julgamos ser
nossos inimigos
são inimigos de
“Deus”.
Constatamos isto
quando Jesus nos
chama a atenção
dizendo que
“Deus” faz
chover e brilhar
o sol sobre os
justos e sobre
os injustos. Não
o sol e a chuva
apenas
climáticos, mas,
também, o “Sol
da justiça”, que
são as leis que
regem nosso
universo.