Libertação
André Luiz
(Parte
18)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como o instrutor
Gúbio definiu a força
fluídica exteriorizada
pelo vidente?
R.: Primeiro, ele
explicou que aquela
força não era patrimônio
de privilegiados, mas
propriedade vulgar de
todas as criaturas;
entretanto, somente a
entendem e utilizam
aqueles que a exercitam
através de acuradas
meditações. Tratava-se
do "spiritus
subtilissimus" de
Newton, do "fluido
magnético" de Mesmer e
da "emanação ódica" de
Reichenbach. "No fundo,
é a energia plástica da
mente que a acumula em
si mesma, tomando-a ao
fluido universal em que
todas as correntes da
vida se banham e se
refazem, nos mais
diversos meios da
natureza", acentuou
Gúbio. Cada ser vivo é
um transformador dessa
força, segundo o
potencial receptivo e
irradiante que lhe diz
respeito.
(Libertação, cap. XI,
pp. 144 e 145.)
B. Que é imprescindível
na prática espírita?
R.: Na prática espírita
é imprescindível, na
visão do instrutor
Gúbio, que o clima da
prece, da renúncia
edificante, do espírito
de serviço e fé
renovadora, por meio de
padrões morais
nobilitantes, constitua
a nota fundamental das
atividades, a fim de que
nos encontremos,
realmente, num serviço
de elevação para o
Supremo Pai. (Obra
citada, cap. XI, pp. 145
a 147.)
C. Por que a prece e a
prática do bem são
importantes?
R.: A razão disso é
fácil de entender.
Segundo palavras de
Gúbio, a prece sentida
aumenta o potencial
radiante da mente,
dilatando-lhe as
energias e
enobrecendo-as, enquanto
a renúncia e a bondade
educam a todos os que se
lhes acercam da fonte.
Não basta, assim,
exteriorizar a força
mental de que todos
somos dotados e
mobilizá-la. É
indispensável, antes de
tudo, imprimir-lhe
direção divina. (Obra
citada, cap. XI, pp. 147
e 148.)
Texto
para leitura
74. O fenômeno
mediúnico -
Visivelmente satisfeito
com o acordo
financeiro, colocou-se
o vidente em profunda
concentração e André
notou o fluxo de
energias que emanavam
dele, através de todos
os poros,
particularmente da
boca, das narinas, dos
ouvidos e dos peitos.
Aquela força, semelhante
a vapor fino e sutil,
parecia povoar o
ambiente acanhado, e as
individualidades de
ordem primária ou
retardadas, que o
coadjuvavam em suas
incursões no plano
espiritual, sorviam-na a
longos haustos,
sustentando-se dela,
quanto se nutre o homem
comum de proteínas,
carboidratos e
vitaminas. Gúbio
informou que aquela
força não era patrimônio
de privilegiados, mas
propriedade vulgar de
todas as criaturas;
entretanto, somente a
entendem e utilizam
aqueles que a exercitam
através de acuradas
meditações. Trata-se do
"spiritus
subtilissimus" de
Newton, do "fluido
magnético" de Mesmer e
da "emanação ódica" de
Reichenbach. "No fundo,
é a energia plástica da
mente que a acumula em
si mesma, tomando-a ao
fluido universal em que
todas as correntes da
vida se banham e se
refazem, nos mais
diversos meios da
natureza", acentuou
Gúbio. Cada ser vivo é
um transformador dessa
força, segundo o
potencial receptivo e
irradiante que lhe diz
respeito. Nasce o
homem, e renasce
centenas de vezes, para
aprender a usá-la,
desenvolvê-la,
enriquecê-la,
sublimá-la,
engrandecê-la e
divinizá-la. A maioria
das vezes, contudo, a
criatura foge à luta que
interpreta por
sofrimento e aflição,
quando é inestimável
recurso de
auto-aprimoramento,
adiando a própria
santificação, caminho
único de nossa
aproximação de Deus. Ali
não se via qualquer
sinal de sublimação de
ordem moral. O médium
sintonizava-se com as
emissões vibratórias das
entidades que o cercavam
e podia ouvir-lhes os
pareceres e
registrar-lhes as
considerações. Mas isso
só não basta. É
imperativo o esforço de
sublimação para todos
quantos se consagram ao
intercâmbio mediúnico,
porque, se a virtude é
transmissível, os males
são epidêmicos. (Cap.
XI, pp. 144 e 145)
75. Mediunidade
não pode ser comércio
- O médium, desligado do
corpo físico, pôs-se a
ouvir, em seguida,
exatamente a
argumentação do
Espírito mais
inteligente, cuja
cooperação Saldanha
requisitara. "Volte, meu
amigo -- disse ele ao
médium desdobrado --, e
diga ao esposo de nossa
irmã doente que o caso
orgânico é simples.
Bastar-lhe-á o socorro
médico". "Não é uma
obsidiada vulgar?" --
inquiriu o médium, algo
hesitante. A entidade
respondeu-lhe: "Não,
não, isto não! Esclareça
o problema. O enigma é
de medicina comum.
Sistema nervoso em
frangalhos. Essa senhora
é candidata aos choques
da casa de saúde. Nada
mais". O médium ainda
indagou se não seria
lícito tentar algo em
favor da enferma, mas a
entidade, rindo-se numa
tranquilidade de pasmar,
replicou dizendo que
cada criatura tem o seu
próprio destino e que
nada poderia ser feito.
André percebeu que
assistiam ali a uma
autêntica manifestação
espírita, em que uma
individualidade
encarnada recebia os
pareceres de outra,
ausente do envoltório
carnal. Gúbio confirmou
a sua impressão e
aproveitou o ensejo para
dizer que não podemos
endossar um Espiritismo
"dogmático e
intolerante". É
imprescindível -- disse
ele -- que "o clima da
prece, da renúncia
edificante, do espírito
de serviço e fé
renovadora, através de
padrões morais
nobilitantes, constitua
a nota fundamental de
nossas atividades no
psiquismo
transformador, a fim de
que nos encontremos,
realmente, num serviço
de elevação para o
Supremo Pai". Aquele
médium, de
possibilidades tão ricas
e extensas, pelo
simples fato de ter
reduzido suas faculdades
a um mero comércio, não
acordava impressões
construtivas naqueles
que o buscavam. Poderia
ser um cooperador
valioso em certas
circunstâncias, mas não
era o trabalhador ideal,
capaz de atrair o
interesse dos grandes
benfeitores da Vida
Superior, que não se
animariam a comprometer
grandes instruções por
intermédio de
servidores, embora bem
intencionados, que não
vacilam em vender as
essências divinas em
troca de dinheiro. (Cap.
XI, pp. 145 a 147)
76. Espiritismo
com Jesus - O
caminho da oração e do
sacrifício é, assim,
indispensável a quantos
se propõem dignificar a
vida, continuou Gúbio.
"A prece sentida aumenta
o potencial radiante da
mente, dilatando-lhe as
energias e
enobrecendo-as, enquanto
a renúncia e a bondade
educam a todos os que se
lhes acercam da fonte,
enraizada no Sumo Bem",
ensinou o Instrutor. Não
basta, portanto,
exteriorizar a força
mental de que todos
somos dotados e
mobilizá-la. É
indispensável, antes de
tudo, imprimir-lhe
direção divina. "É por
esta razão que pugnamos
pelo Espiritismo com
Jesus, única fórmula de
não nos perdermos em
ruinosa aventura",
finalizou Gúbio. Em
seguida, o vidente abriu
os olhos e informou a
Gabriel que o problema
de Margarida seria
resolvido com a
colaboração da
psiquiatria. Comentou a
situação precária dos
nervos da doente e
chegou a indicar um
especialista de seu
conhecimento para que
novo método de cura
fosse tentado. O casal
agradeceu, comovido, e o
médium ainda recomendou
à enferma resistência e
cautela, ante os estados
mentais depressivos.
Margarida recebeu essas
observações com o
desencanto e a dor de
quem se sente alvejado
pelo sarcasmo, e
partiu. Saldanha abraçou
os cooperadores que
desempenharam tão bem
aquela farsa e combinou
novo encontro, para
comemorarem o seu
suposto triunfo. (Cap.
XI, pp. 147 e 148)
77. No hospício
- À noitinha, Saldanha
manifestou o propósito
de visitar o filho
hospitalizado. Gúbio
pediu-lhe permissão para
o acompanhar. Leôncio,
um dos dois implacáveis
hipnotizadores, ficou
substituindo o diretor
da falange junto à
enferma. No hospício
onde se encontrava, a
posição de Jorge, filho
de Saldanha, era
lamentável. Eles o
encontraram de bruços,
no cimento gelado de
cela primitiva. Mostrava
as mãos feridas, coladas
ao rosto imóvel.
Saldanha, que até ali
parecera um indivíduo
impermeável e
endurecido, contemplou o
filho com visível
angústia nos olhos
velados de pranto e
elucidou, com grande
amargura na voz: "Está,
certamente, repousando
depois de crise forte".
Não era, porém, o rapaz
enlouquecido quem mais
inspirava compaixão.
Agarradas a ele, ligadas
ao círculo vital que lhe
era próprio, sua mãe e a
esposa desencarnadas
absorviam-lhe os
recursos orgânicos.
Jaziam elas igualmente
estiradas no chão, quase
em letargia, como se
houvessem atravessado
violento acesso de dor.
Irene, a esposa suicida,
trazia a destra jungida
à garganta, apresentando
o quadro perfeito de
quem vivia sob dolorosa
aflição de
envenenamento. A mãe
enlaçava o filho, de
olhos parados nele,
exibindo, como Irene,
sinais iniludíveis de
atormentada introversão.
Fluidos semelhantes a
massa viscosa
cobriam-lhes os
cérebros, desde a
extremidade da medula
espinhal até os lobos
frontais, acentuando-se
nas zonas motoras e
sensitivas. As duas
entidades estavam
inteiramente subjugadas
pelos interesses
primários da vida
física. Saldanha disse,
acerca delas: "Estão
loucas, não me
compreendem, nem me
reconhecem, embora me
fixem. Guardam o
comportamento de
crianças, quando
fustigadas pela dor.
Corações de porcelana,
quebrados facilmente". E
acrescentou: "Raras
mulheres sabem conservar
a fortaleza nas guerras
de revide. Em geral,
sucumbem rapidamente,
vencidas pela ternura
inoperante". (Cap. XII,
pp. 149 e 150)
(Continua
no próximo número.)