JORGE
HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília,
Distrito
Federal
(Brasil)
O
Espiritismo veio para o
povo e com ele dialogar
Quando pensamos nos
milhares de espíritas de
pouca cultura, humildes
e materialmente pobres,
porém verdadeiros
vanguardeiros da
Terceira Revelação;
quando imaginamos que o
edifício doutrinário se
mantém firme em face do
amor desses lídimos
baluartes do Evangelho,
impossível não nos
entristecermos quando se
trombeteia em nossas
hostes os excessos de
consagração das elites
culturais.
“A presença do elitismo
nas atividades
doutrinárias (...) vai
expondo-nos à
dogmatização dos
conceitos espíritas na
forma do Espiritismo
para pobres, para ricos,
para intelectuais, para
incultos (...)” (1)
Chico Xavier já advertia
em 1977, “É preciso
fugir da tendência à
‘elitização’ no seio do
movimento espírita
(...), o Espiritismo
veio para o povo. É
indispensável que
estudemo-lo junto com as
massas mais humildes,
social e
intelectualmente
falando, e deles nos
aproximarmos. (...) Se
não nos precavermos,
daqui a pouco estaremos
em nossas casas
espíritas apenas falando
e explicando o Evangelho
de Cristo às pessoas
laureadas por títulos
acadêmicos ou
intelectuais (...)” (2)
Acompanhamos com muita
reserva o surgimento de
várias associações de
jornalistas, psicólogos,
pedagogos, escritores,
magistrados, médicos.
Esse espírito
corporativista é
inaceitável sob a ótica
cristã. Aliás,
corporações essas que
promovem elegantes
eventos (quase sempre se
cobrando taxas de
inscrição) para aguçar a
vaidade de alguns
confrades que não perdem
a oportunidade de atrair
para si os holofotes da
“fama”.
Os eventos gratuitos
devem ser realizados,
obviamente, porém urge
considerar que esses
simpósios sejam
estruturados sobre
programação aberta a
todos e de interesse da
Doutrina, não para ser
uma ribalta de
competição para
intelectuais com
titulação acadêmica,
como um “passaporte”
para traduzirem “melhor”
os conceitos
kardequianos.
Caso contrário, consigna
o editorialista da
Revista O Espírita,
“Chico Xavier, Divaldo
Franco, tanto quanto no
passado Léon Denis, que
era caixeiro-viajante,
não poderiam participar
desses conclaves, sob
pena de se sentirem
desambientados e
constrangidos, por não
terem titulação
conferida pelas
universidades do mundo.
Para não falarmos do
próprio Cristo, que não
passou da condição de
modesto carpinteiro”.
(3)
Sinceramente, não
conseguimos compreender
o Espiritismo, sem Jesus
e sem Kardec para todos,
com todos, e ao alcance
de todos, a fim de que o
projeto da Terceira
Revelação alcance os
fins a que se propõe.
É ainda Chico Xavier que
ensina: “Por mais
respeitáveis os títulos
acadêmicos que
detenhamos, não
hesitemos em nos
confundir na multidão
para aprender a viver,
com ela, a grande
mensagem. (...)”. (4)
Reenfatizamos as
admoestações de Chico
Xavier: “Precisamos
conversar
desapaixonadamente sobre
o nosso movimento. É
preciso que nós, os
espíritas, compreendamos
que não podemos nos
distanciar do povo. É
preciso fugir da
tendência à "elitização"
no seio do movimento
espírita. É necessário
que os dirigentes
espíritas,
principalmente os
ligados aos órgãos
unificadores, (5)
compreendam e sintam que
o Espiritismo veio para
o povo e com ele
dialogar. É
indispensável que
estudemos a Doutrina
Espírita junto com as
massas, que amemos a
todos os companheiros,
mas, sobretudo, aos
espíritas mais humildes
social e
intelectualmente falando
e deles nos aproximarmos
com real espírito de
compreensão e
fraternidade. Se não nos
precavermos, daqui a
pouco estaremos em
nossas casas espíritas
apenas falando e
explicando o Evangelho
de Cristo às pessoas
laureadas por títulos
acadêmicos ou
intelectuais e confrades
de posição social mais
elevada. Mais do que
justo evitarmos isso, a
"elitização" no
Espiritismo, isto é, a
formação do "espírito de
cúpula", com evocação de
infalibilidade, em
nossas organizações”.
(6)
Portanto, devemos buscar
a simplicidade
doutrinária, evitar tudo
aquilo que lembre
castas, discriminações,
evidências individuais,
privilégios
injustificáveis,
imunidades, prioridades.
Que repensemos as
associações de
profissionais A, B, C...
Aliás, amigo leitor,
você conhece alguma
associação espírita de
carpinteiros,
marceneiros, lavadeiras,
passadeiras, garis,
pedreiros, serventes?
Referências:
(1)
Editorial da Revista
O Espírita, ano 11,
número 57 - jan/mar/90.
(2)
Entrevista concedida ao
Dr. Jarbas Leone Varanda
e publicada no jornal
uberabense O
Triângulo Espírita,
de 20 de março de 1977,
e publicada no livro
intitulado Encontro
no Tempo, org.
Hércio M. C. Arantes,
Editora IDE/SP/1979.
(3)
Editorial da Revista
O Espírita, ano 11,
número 57 - jan/mar/90.
(4) Cf.
Entrevista concedida ao
Dr. Jarbas Leone Varanda
e publicada no jornal
uberabense O
Triângulo Espírita,
de 20 de março de 1977,
e publicada no Livro
intitulado Encontro
no Tempo, org.
Hércio M. C. Arantes,
Editora IDE/SP/1979.
(5)
Fazemos uma justa
ressalva para preservar
a Federação Espírita
Brasileira, que tem
orientado de forma
grandiosa como as
federativas estaduais
devem proceder.
Lamentavelmente essas,
que se perdem muitas
vezes nos labirintos das
promoções de shows de
elitismo, patrocinam
eventos para espíritas
endinheirados, e cobram
taxas e se perdem na sua
tarefa unificacionista.
Conhecemos federativa
que chega a gastar R$.
100.000,00 (cem mil
reais) para promover
evento para 5.000 (cinco
mil) pessoas, como se o
Espiritismo necessitasse
desses eventos
“grandiosos”. Precisamos
retornar à simplicidade
doutrinária, conforme
nos advertiu Bezerra de
Menezes através de Ivone
Pereira.
(6) Idem.