CELSO MARTINS
limb@sercomtel.com.br
Rio de
Janeiro, RJ
(Brasil)
Para onde vamos?
Quero crer que o
leitor ou a
leitora amigos
já tenham lido o
romance “Quo
Vadis?” Trata-se
de um clássico
da literatura
universal, de
autoria de um
escritor
polonês,
havendo,
inclusive, uma
lindíssima
versão em
Esperanto, pelo
talento de Lydia
Zamenhof, filha
(escusado
esclarecer) do
iniciador do
idioma
Esperanto, do
Amor Universal.
Em síntese, é
Jesus que
aparece a São
Pedro, conforme
a tradição
católica, quando
o velho pescador
foge de Roma,
para escapar da
fúria de Nero, e
o Cristo,
indagado pelo
discípulo, “Para
onde vais,
Senhor?”, ouve e
responde: “Para
Roma”. E o
apóstolo,
corrido de
vergonha, se
volta, trôpego,
para a capital
do Império
Romano e é
crucificado de
cabeça para
baixo.
Desde que me
entenda, eu me
vejo correndo.
Correndo atrás
dos ponteiros do
relógio. Antes,
como aluno;
depois, como
professor.
Outrora, como
filho; agora,
como marido e
pai e...
ainda... não
avô. E depois de
aposentado,
dando aulas de
março de 1960
até junho de
1999, mudei de
nome. Sou o
Jacques. A
mulher diz: “Já
que você não faz
nada, vai
comprar verduras
na feira-livre.”
O filho emenda:
“Já que você vai
à rua, desconta
no banco este
cheque par mim,
aproveitando a
fila dos
velhos.” E a
filha aproveita
o embalo e pede:
“Paiêêê... já
que estás
desocupado, tire
uma cópia
xerográfica
deste mapa que
eu vou dar aulas
à noite usando
este recurso
didático.” É...
Virei o Jacques.
Está rindo? Se
não é você agora
o Jacques, deixa
o tempo passar.
Será meu ilustre
xará e verá o
que é bom pra
tosse...
Conheço pessoas
que correm a
semana toda para
descansar no
sábado e no
domingo. E
enfrenta os
homéricos
engarrafamentos
quem vai à Serra
ou às praias. E
voltam estas
pessoas correndo
para a cidade a
fim de
trabalhar.
Conheço pessoas
que não aprendem
o Esperanto por
falta de tempo.
Ah! Não imaginam
o que estão
perdendo não
conhecendo a
língua da paz e
da esperança!
Que de coisas
lindas aprendi
de todas as
partes do mundo
sem me obrigar a
saber aquela
bateria de
exceções do
inglês, aqueles
200 verbos
irregulares do
francês, as
declinações do
alemão, os
chamados falsos
amigos do
espanhol.
Conheço pessoas
que não têm
tempo para
sequer saber por
que razão estão
a correr de lá
pra cá e de cá
para lá.
Claro que não
tenho direito de
investigar a
vida do meu
semelhante.
Melhor que ele
proceda assim do
que vigiar a
vida do vizinho.
Ou a infernizar
o viver do
parente mais
próximo.
Todavia, como
disse O. W.
Holmes, o mais
importante neste
mundo não é
tanto onde
estamos, mas em
que direção
estamos nos
movendo.