ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
O Porquê da Vida
Léon Denis
(8ª Parte)
Damos
prosseguimento
ao estudo do
clássico O
Porquê da Vida,
focalizando
nesta edição a
parte III da
obra referida,
que contém
considerações de
Léon Denis sobre
o tema “A
Reencarnação e a
Igreja
Católica”. A
fonte deste
estudo é a 14ª
edição do livro,
publicada pela
Federação
Espírita
Brasileira. |
Questões
preliminares
A. O Espiritismo admite
a metempsicose?
R.: Não. A doutrina
espírita rejeita com
energia a hipótese de
queda da alma na
animalidade. Ela nos
ensina a ascensão da
alma e não o seu recuo.
Nosso perispírito ou
corpo fluídico, que é o
molde do corpo material,
não se presta às formas
animais e essa razão por
si só bastaria para
tornar impossível uma
tal regressão.
(O Porquê da Vida, pp.
101 e 102.)
B. Os Evangelhos tratam
também da reencarnação?
R.: Sim. A reencarnação
está afirmada nos
Evangelhos com uma
precisão que não deixa
lugar a dúvida alguma:
“Ele é o Elias que há de
vir”, disse o Cristo
referindo-se a João
Batista (Mateus,
11:14-15). E ressalta
também do seguinte
diálogo: “Que dizem eles
do Filho do homem?”
Responderam-lhe os
discípulos: “Uns dizem
que é João Batista;
outros que é Elias;
outros que é Jeremias ou
um dos profetas”
(Mateus, 6:13-14 e
Marcos, 8:28). Os judeus
e com eles os discípulos
de Jesus acreditavam,
portanto, na
possibilidade que tem a
alma de renascer em
outros corpos humanos.
Esse ponto é posto ainda
com clareza no diálogo
de Jesus com Nicodemos e
no episódio do cego de
nascença.
(Obra citada, pág.
103.)
C. A reencarnação chegou
a ser admitida no seio
da Igreja?
R.: Sim. A doutrina das
vidas sucessivas
impregnava inteiramente
o Cristianismo
primitivo. Orígenes,
Clemente e a maior parte
dos padres gregos
ensinavam a pluralidade
das existências da alma.
Ainda no século IV, São
Jerônimo reconhecia que
a crença nas vidas
sucessivas era a da
maioria dos cristãos do
seu tempo. Em todas as
épocas, membros
eminentes do clero
católico adotaram essa
crença e a afirmaram
publicamente. Foi assim
que no século XV o
cardeal Nicolau de Cusa
sustentou, em pleno
Vaticano, a teoria da
reencarnação e a dos
mundos habitados, com os
aplausos de dois papas:
Eugênio IV e Nicolau.
(Obra citada, pág. 104.)
|
Texto para leitura
96. Os antigos entendiam
por metempsicose a volta
da alma aos corpos dos
animais. A reencarnação
é muitas vezes designada
pelo nome de “palingenesia”.
Na opinião corrente,
porém, o termo
metempsicose conservou
seu sentido restrito e
pejorativo, embora se
saiba que os espíritas
rejeitam com energia
toda hipótese de queda
da alma na animalidade.
(PP. 101 e 102)
97. Acreditamos, sim, na
ascensão da alma e não
no seu recuo. Nosso
perispírito ou corpo
fluídico, que é o molde
do corpo material, não
se presta às formas
animais e essa razão por
si só bastaria para
tornar impossível uma
tal regressão. (P. 102)
98. Embora tente
denegrir a Doutrina
Espírita, o padre Coubé
reconhece, em artigo
publicado na revista
católica “L’ Idéal”,
pág. 218: “A
reencarnação não é por
si mesma uma ideia ímpia
e não parece
intrinsecamente
impossível”. “A
reencarnação poderia, a
rigor, conciliar-se com
o dogma do céu cristão.”
(P. 102)
99. Ignora o referido
padre que a ideia das
vidas sucessivas
imperava em toda a
cristandade nos três
primeiros séculos da era
cristã e ainda hoje
eminentes prelados a
adotam. (P. 103)
100. A reencarnação está
afirmada nos Evangelhos
com uma precisão que não
deixa lugar a dúvida
alguma: “Ele é o Elias
que há de vir”, disse o
Cristo referindo-se a
João Batista (Mateus,
11:14-15). E ressalta
também do seguinte
diálogo: “Que dizem eles
do Filho do homem?”
Responderam-lhe os
discípulos: “Uns dizem
que é João Batista;
outros que é Elias;
outros que é Jeremias ou
um dos profetas”
(Mateus, 6:13-14 e
Marcos, 8:28). Os judeus
e com eles os discípulos
de Jesus acreditavam,
portanto, na
possibilidade que tem a
alma de renascer em
outros corpos humanos.
(P. 103)
101. O Evangelho é de
uma notável clareza
sobre esse ponto, como
se vê ainda no diálogo
de Jesus com Nicodemos e
no episódio do cego de
nascença. (P. 103)
102. A doutrina das
vidas sucessivas,
admitida por Platão e
pela Escola de
Alexandria, impregnava
inteiramente o
Cristianismo primitivo.
Orígenes, Clemente e a
maior parte dos padres
gregos ensinavam a
pluralidade das
existências da alma.
Ainda no século IV, São
Jerônimo reconhecia que
a crença nas vidas
sucessivas era a da
maioria dos cristãos do
seu tempo. (P. 104)
103. Na realidade, a
Igreja nunca se
pronunciou sobre a
questão das existências
sucessivas, que continua
aberta às possibilidades
do futuro. Em todas as
épocas, porém, membros
eminentes do clero
católico adotaram essa
crença e a afirmaram
publicamente. Foi assim
que no século XV o
cardeal Nicolau de Cusa
sustentou, em pleno
Vaticano, a teoria da
reencarnação e a dos
mundos habitados, com os
aplausos de dois papas:
Eugênio IV e Nicolau V.
(P. 104)
104. G. Calderone,
diretor da “Filosofia
della Scienza”, de
Palermo, publicou
algumas cartas trocadas
entre monsenhor L.
Passavalli, arcebispo da
basílica de S. Pedro, em
Roma, e o sr. Tancredi
Canonico, presidente da
Suprema Corte de
Cassação da Itália e
católico convicto. Duas
passagens de uma dessas
cartas mostram que
Passavalli admitia
claramente a pluralidade
das vidas do homem.
“Quanto mais penso nessa
verdade -- assevera o
arcebispo --, mais ela
se me mostra grande e
fecunda de consequências
práticas para a religião
e para a sociedade.”
(PP. 105 e 106)
105. Da correspondência
de Tancredi Canonico,
publicada ultimamente em
Turim, vê-se que ele
mesmo fora iniciado na
crença da reencarnação
por Towiansky, escritor
católico muito
conhecido. Em carta
datada de 30-12-1884 ele
expõe as razões pelas
quais acha que essa
crença nada tem de
contrária à religião
católica, apoiando-se em
muitas citações das
Escrituras. (P. 106)
106. Verifica-se por
todas estas citações que
relativamente à
reencarnação, como em
relação aos fenômenos e
suas causas,
encontramo-nos em face
das mesmas contradições,
das mesmas incertezas,
para não dizer
incoerências, da Igreja
Romana. (P. 106)
107. Com respeito às
demais religiões,
notemos que 600 milhões
de asiáticos,
bramanistas e budistas
partilham da mesma
crença, de que
partilharam também os
egípcios, os gregos e os
celtas. O Cristianismo
primitivo, como visto,
esteve dela impregnado
até ao século IV e
presentemente a
encontramos mesmo no
Islamismo, sob a forma
de certas suratas do
Alcorão. (P. 107)
108. Segue-se,
desse modo, que
a pluralidade
das existências
é ou foi
admitida em
todas as
religiões, com
exceção do
Catolicismo e de
outros ramos do
moderno
Cristianismo,
que fizeram
silêncio e
mergulharam em
trevas certas
passagens da
Escritura que
afirmam as vidas
anteriores. (P.
107)
(Continua no
próximo número.) |