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Brasil
Ano 3 - N° 116 - 19 de Julho de 2009

DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)

 

UDEsp, uma década de atividades


João Francisco Crusca, atual presidente da União dos Delegados
de Polícia Espíritas de São Paulo, conta como nasceu a
UDEsp e quais as suas atividades no momento

 

Foto antológica do 1° Encontro Estadual de Delegados de Polícia Espíritas em 14 de maio de 1999

   

A ideia de reunir homens da Justiça para estudo e propaganda da Doutrina Espírita originou-se de um grupo de policiais civis de Araçatuba, interior de São Paulo, quando ocorreram os primeiros rudimentos de encontros de delegados espíritas há alguns anos antes de se dar começo à UDEsp (União dos Delegados de Polícia Espíritas do Estado de São Paulo).


Tendo em vista a continuidade da corajosa e pioneira tarefa dos colegas de Araçatuba que, por algum motivo não cresceu, o delegado Valdir Bianchi e um amigo, o procurador do Estado Washington Nogueira Fernandes, reuniram a classe na capital paulista. Com o propósito de sensibilizar policiais quanto a exercer o ofício com segurança e o apoio moral que a Doutrina Espírita proporciona, através do estudo e da prática das virtudes, as primeiras reuniões aconteceram na sede própria da ADPESP (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), na Avenida Ipiranga 919, centro de São Paulo (fotos).

 

Como surgiu a ideia de realizar os encontros

 

Bianchi, no fim dos anos 90, exercia o cargo de delegado e lecionava na Academia de Polícia. Estudioso da Doutrina, voluntário do quadro de trabalhadores da Casa Transitória Fabiano de Cristo, uma das mais conceituadas instituições de assistência social espírita do País, resolveu unir-se ao amigo e incentivador, profundo conhecedor da Doutrina Espírita, além de abalizado biógrafo do médium e tribuno Divaldo Pereira Franco. Decidiram-se pela responsabilidade de levar a efeito o plano de juntar seus colegas e dar-lhes um suporte espiritual para melhor cumprir seus deveres. Mesmo diante de um criminoso reconhecido, é preciso manter a serenidade e  aplicar a  lei com disciplina sem  necessidade  de  violência, afirmou.

Dr. Valdir Bianchi, fundador e primeiro presidente da UDEsp em 1999

Mesa diretora do 11° Encontro da UDEsp
em 2008

Dr. João Francisco Crusca, delegado de
polícia e professor da UNIP

Washington L. N. Fernandes, um dos idealizadores dos encontros

 A delegacia fica aberta vinte e quatro horas e, para lá, convergem todos os tipos de problema, levados por pessoas desesperadas em busca de um direcionamento imediato, e nesse sentido, precisamos ouvi-las, auxiliá-las, exercendo a caridade fraterna.

 

Em 19 de janeiro de 1999, após alguns persistentes contatos e convites, o reduzido grupo de quatro pessoas esteve no interior da Biblioteca Dr. Coriolano Nogueira Cobra, em uma das dependências da ADPESP. Pouco tempo depois foi decidido nesse mesmo local realizar o primeiro evento. Nessa oportunidade, aumentara o número de partícipes. Além de Bianchi e o procurador Fernandes, tomaram parte Bismael Moraes, Luiz Carlos Rocha (já desencarnado), José Leal, Orlando Ricardo e esposa, Antonio César Silva, Oscar Ferraz Gomes, José Quinto e outros.
 

Como profissionais da Justiça, o novo grupo decidira que a pauta dos futuros encontros consistiriam basicamente em assuntos ligados aos bens maiores do ser humano: a vida, a integridade física, a honra, a segurança, o patrimônio consoante princípios espíritas e de acordo com a nova legislação penal e processual penal, ocasião em que o Catolicismo Romano, segundo a encíclica Fides et Ratio, de 1998, admitira a fé raciocinada, tema de há muito defendido pelos espíritas, ou seja, há mais de cento e cinquenta anos.

 

O primeiro encontro de delegados

 

Foi em 14 de março de 1999, às 19h30, no Auditório Dr. Ivahir de Freitas Garcia, da ADPESP, que ocorreu o 1º Encontro Estadual dos Delegados de Polícia Espíritas, com três palestras sucessivas de 30 minutos cada, com espaço seguinte para perguntas e debates. Por exemplo, a pena de morte, o anteprojeto do Código Penal, o aborto, a eutanásia, a cremação, etc. já foram motivos de discurso, tudo, é claro, sob a ótica espírita. A partir do primeiro seminário, todos os eventos conseguiram um bom resultado.


“De acordo com a sequência das reuniões mensais e dos seminários, desde o ano de 99, houve razoável aumento do número de autoridades interessadas em estar conosco para o estudo da Doutrina”, afirmou o atual presidente da UDEsp. Segundo ele, conseguiram não só trazer profissionais da capital como do interior paulista. “Delegados, escrivães e outros têm comparecido com muito entusiasmo e desejo de contribuir para o bom êxito do nosso movimento espírita-cristão”, completou.


O presidente da UDEsp, delegado João Francisco Crusca, professor de Direito Penal e Processual na UNIP, responsável pelo Disque Denúncia paulista e membro do Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública Celso Vilhena declarou também que, no início do ano 2000, se viu atraído pelos encontros.
Quando abracei as atividades, chamavam as reuniões e simpósios de encontros de delegados de polícia espíritas’. A ideia amadureceu e tornou-se bem mais sólida, acrescentou, como revela o confrade na entrevista seguinte:


O Consolador: os encontros anteriores de delegados espíritas não foram tão efetivos como se esperava, embora os simpósios anuais viessem tendo sucesso?


Exatamente! Naquele tempo, a coisa era meio informal e um tanto difícil reunir um bom número de delegados e outros profissionais.

 

O Consolador: Por falar nisso, já se fez um levantamento de quantos policiais civis e militares do Estado de São Paulo e de outros Estados brasileiros, inclusive policiais da área federal, são espíritas?


Olha, a bem da verdade, não há uma ideia exata de quantos policiais espíritas existem, pelo menos no Estado de São Paulo. O levantamento é um caso a pensar...


O Consolador:  E a sigla UDEsp? Quando foi criada?


Na reunião do dia 24 de março, do derradeiro ano do milênio, ficou bem mais claro o papel do nosso movimento no meio policial. Justo nessa oportunidade, criamos a sigla UDEsp. Nessa data, decidiu-se de uma vez por todas que o objetivo dos encontros mensais de delegados seriam exclusivamente para estudar, discutir e divulgar o Espiritismo como doutrina esclarecedora, com base na fé conforme à razão, como têm feito outras instituições: a dos militares espíritas das Forças Armadas, a dos desembargadores, ministros e juizes de Direito, e a do Ministério Público, composta de promotores e membros da superior instância do Ministério Público, não deixando de destacar a Associação Jurídico-Espírita de São Paulo (AJE), núcleo recentemente instituído pelo jovem promotor Tiago Essado.


O Consolador: Sabemos que a UDEsp já possui o seu estatuto. Fale-nos a  respeito.


De fato. No dia 17 de maio de 2007 aprovamos o nosso estatuto, votado em assembleia geral, através dos atuais membros de nossa gestão.


O Consolador: As reuniões continuam na ADPESP? Como se processam?


Não é lá muito diferente das de outrora. As reuniões acontecem uma vez por mês, em geral, numa quinta-feira, às 20 horas, em caráter provisório no auditório da ADPESP. É assim: todos assinam a lista de presença; em seguida, fazemos a prece inicial para, depois, tratarmos da leitura da ata da reunião anterior, dos assuntos administrativos e de interesse do grupo. Damos início ao estudo sequenciado da Doutrina Espírita, e todos participam por meio de breves comentários após leitura e exposição de um tema de O Livro dos Espíritos, feitos por duas pessoas previamente escaladas. Encerramos agradecendo a Deus, a Jesus e aos bondosos Espíritos que nos assistem, em especial a uma Entidade simpática à UDEsp, o Espírito Rafael Américo Ranieri, que foi delegado de polícia e secretário de segurança pública paulista, e sem falar dos salgadinhos e doces, sucos e refrigerantes servidos a todos os companheiros.


O Consolador: Quantos policiais fazem parte da UDEsp? É uma instituição só para delegados?


Já nos fizeram essa pergunta... Não, necessariamente. Aliás, o número de associados varia muito, e há entre nós alguns companheiros de outros ramos de atividade. Aproveito para convidar espíritas e simpatizantes para que conheçam o nosso trabalho, comparecendo às nossas reuniões. Contamos com todos, afinal, a UDEsp não é elitista.


O Consolador: Além de estudar a Doutrina Espírita, planejar eventos como os costumeiros seminários, os senhores possuem outras atividades?


Sim. Aliás, em nossa gestão, afora as mencionadas atividades, incluímos a assistência social. Ajudamos familiares de policiais detidos, e nos fins de ano doamos cestas básicas, fazemos o Natal dessas famílias. Também doamos livros espíritas à biblioteca de uma penitenciária onde se encontram reclusos cerca de 90 policiais. Alguns de nossos  membros realizam palestras em várias casas espíritas. Dentro do possível, damos apoio a outras instituições, colaborando individualmente ou em conjunto. Eu, por exemplo, sou da Feap (Fraternidade Espírita Aurora da Paz). Lá, atuo como orador do Evangelho e faço parte da diretoria, da mesma forma que outros policiais fazem parte de outras Casas, como o Dr. Bismael Moraes, Dr. Demetrio Loricchio, Dr. José Leal, Dr. Luiz Carlos Costa, este, por sinal, um grande estudioso das obras de André Luiz, e o Dr. José Quinto, da Sinagoga Espírita Nova Jerusalém, fundada em 1916, uma das mais antigas casas espíritas de São Paulo.


O Consolador: O próximo seminário será no local de sempre?


Sim. Provavelmente faremos o próximo seminário no mês de setembro, cuja única palestra será com o delegado, escritor, médium e requisitado orador espírita Demétrio Loricchio que defenderá o tema: A Ecologia e as Calamidades. A Udesp possui um programa de rádio de grande audiência, Espiritismo e Segurança Pública, que vai ao ar todas as quintas-feiras, às17 horas, com reprise aos sábados às 3 horas, na Rede Boa Nova de Rádio 1.450 AM, Guarulhos, SP. Mais informações sobre futuros encontros, seminários e outros eventos podem ser vistos no site: http://www.udesp.org.br.

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita