MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
27)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Qual era, no caso da
médium Isaura, a
estratégia dos
obsessores?
R.: A estratégia deles
era visível: primeiro,
perturbavam-lhe os
sentimentos de mulher,
para, em seguida, lhe
aniquilarem as
possibilidades de
missionária. "O ciúme e
o egoísmo constituem
portas fáceis de acesso
à obsessão arrasadora do
bem. Pelo exclusivismo
afetivo, a médium, nesta
conversação, já se ligou
mentalmente aos
ardilosos adversários de
seus compromissos
sublimes", informou
Sidônio. André viu então
que um dos obsessores
abraçou a médium e
falou-lhe, com o
propósito de semear
dúvida em sua mente com
respeito à sua condição
de médium. Ele disse-lhe
então que as mensagens
que ela recebia não
passavam de influências
de Espíritos perturbados
e produções de seu
próprio cérebro. E
finalizou: "Não creia em
possibilidades que não
possui. Trate de
preservar a dignidade de
sua casa, mesmo porque
seu esposo não tem outro
objetivo senão o de
utilizar-lhe a
credulidade excessiva,
lançando-a a triste
aventura do ridículo".
(Libertação, cap.
XVI, pp. 208 e 209.)
B. No caso de Isaura,
não seria conveniente
afastar os obsessores?
R.: Respondendo a
pergunta semelhante
feita por André Luiz,
Sidônio disse que, sem
dúvida, em toda parte
existe contenção e
panaceia, remediando
situações pela violência
ou pelo engodo, mas, na
tarefa espírita, o que
será mais aconselhável:
espantar as moscas ou
curar a ferida? Tais
dificuldades são lições
valiosas que os médiuns
devem aproveitar. Ora,
enquanto o medianeiro
empresta ouvidos a
histórias que lhe
lisonjeiem a esfera
pessoal, fazendo disso
condição para cooperar
na obra do bem, quer
dizer que ainda estima o
personalismo inferior e
o fenômeno, acima do
serviço que lhe compete
no plano divino. Nessa
posição, demorar-se-á
longo tempo entre
desencarnados ociosos,
anulando valiosas
ocasiões de elevar-se,
porque, depois de certo
tempo de auxílio não
aproveitado, perde
provisoriamente a
companhia edificante de
irmãos mais evoluídos
que tudo fizeram por
reerguê-lo no caminho.
(Obra citada, cap.
XVI, pp. 210 e 211.)
C. Que providência foi,
então, tomada por
Sidônio?
R.: Sidônio, em
volitação rápida, buscou
o esposo da médium e
recomendou-lhe tomar o
corpo físico sem perda
de tempo, a fim de
ajudar a esposa em
dificuldade. O esposo
não hesitou.
Reapossando-se do
veículo denso, e dócil à
influenciação de Sidônio,
buscou despertar a
esposa, que arfava ao
lado dele em reiteradas
contorções. Isaura,
chorando muito, abriu os
olhos assustadiços,
bradando, angustiada:
"Oh! como sou infeliz!
estou sozinha! sozinha!"
Silva, influenciado por
Sidônio, falou-lhe
construtivamente:
"Lembra-te, querida, de
nossa fé e de quanto
temos recebido de nossos
amados benfeitores
espirituais!" Ela
retrucou, irritada:
"Nada disso!" E
acrescentou: "tudo é uma
farsa. As mensagens que
recebo são pura
atividade de minha
imaginação. Tudo é
expressão de mim mesma".
(Obra citada, cap.
XVI, PP. 211 a 213.)
Texto
para leitura
110. O artifício
da dúvida - A
estratégia dos
perseguidores era
visível: primeiro,
perturbavam-lhe os
sentimentos de mulher,
para, em seguida, lhe
aniquilarem as
possibilidades de
missionária. "O ciúme e
o egoísmo constituem
portas fáceis de acesso
à obsessão arrasadora do
bem. Pelo exclusivismo
afetivo, a médium, nesta
conversação, já se
ligou mentalmente aos
ardilosos adversários de
seus compromissos
sublimes", informou
Sidônio. André viu então
que um dos obsessores
abraçou a médium e
falou-lhe: "Dona Isaura,
acredite que somos seus
leais amigos. E os
protetores verdadeiros
são aqueles que, como
nós, lhe conhecem os
padecimentos ocultos.
Não é justo que se
submeta às
arbitrariedades do
marido infiel.
Abstenha-se de
receber-lhe o séquito de
companheiros
hipócritas, interessados
em orações coletivas,
que mais se assemelham a
palhaçadas inúteis. É um
perigo entregar-se a
práticas mediúnicas,
qual vem fazendo em
companhia de gente dessa
espécie... Tome
cuidado!..." Isaura,
arregalou os olhos e
gritou, pedindo o
conselho daquele
Espírito que lhe parecia
tão generoso e amigo. A
entidade então lhe
falou abertamente: "A
senhora não nasceu com a
vocação de picadeiro.
Não permita a
transformação de sua
casa em sala de
espetáculo. Seu marido
e suas relações sociais
exageram-lhe as
faculdades. Precisa
ainda de longo tempo
para desenvolver-se
suficientemente". E
envolvendo-a nos pesados
véus da dúvida que
anulam tantos
trabalhadores bem
intencionados, aduziu:
"Já meditou bastante na
mistificação
inconsciente? Está
convencida de que não
engana os outros? É
indispensável
acautelar-se". Disse-lhe
então que as mensagens
que ela recebia não
passavam de influências
de Espíritos perturbados
e produções de seu
próprio cérebro. E
finalizou: "Não creia em
possibilidades que não
possui. Trate de
preservar a dignidade de
sua casa, mesmo porque
seu esposo não tem outro
objetivo senão o de
utilizar-lhe a
credulidade excessiva,
lançando-a a triste
aventura do ridículo".
Isaura registrava com
grande terror aquela
conceituação do assunto
e Sidônio a tudo
assistia com passividade
impressionante, que
incomodava a André.
(Cap. XVI, pp. 208 e
209)
111. É preciso
curar a ferida, não
apenas remediar
- Não seria razoável
defendê-la? --
perguntou-lhe André.
Sidônio sorriu e
respondeu: "...que
fizemos, há poucas
horas, no culto da prece
e do socorro fraternal,
senão prepará-la à
própria defensiva?" Ela
trabalhara
mediunicamente com
eles, ouvira formosa e
comovedora preleção
evangélica contra os
perigos do egoísmo
enfermiço, cooperou
decidida para que o bem
se concretizasse e ela
mesma emprestou-lhe os
lábios para a mensagem
final, em nome do
Cristo, a quem deveria
confiar-se. E aduziu:
"Entretanto, apenas
porque o esposo se
dispôs a justa gentileza
com as damas que lhe
buscaram a companhia
esclarecedora e
fraterna, obscureceu o
pensamento no ciúme
destruidor e perdeu o
equilíbrio íntimo,
entregando-se, inerme,
a entidades que lhe
exploram o
sentimentalismo". Muitos
missionários,
acrescentou Sidônio, se
deixam seduzir com a
falsa argumentação que
haviam acabado de ouvir,
menosprezando, assim, as
sublimes oportunidades
de estender o bem,
enriquecendo o seu
próprio futuro. André
tornou a perguntar se
não haveria recurso para
afastar os malfeitores.
Sidônio disse que, sem
dúvida, em toda parte
existe contenção e
panaceia, remediando
situações pela violência
ou pelo engodo, mas, na
tarefa espírita, o que
será mais aconselhável:
espantar as moscas ou
curar a ferida? Tais
dificuldades são lições
valiosas que os médiuns
devem aproveitar. Ora,
enquanto o medianeiro
empresta ouvidos a
histórias que lhe
lisonjeiem a esfera
pessoal, fazendo disso
condição para cooperar
na obra do bem, quer
dizer que ainda estima o
personalismo inferior e
o fenômeno, acima do
serviço que lhe compete
no plano divino. Nessa
posição, demorar-se-á
longo tempo entre
desencarnados ociosos,
anulando valiosas
ocasiões de elevar-se,
porque, depois de certo
tempo de auxílio não
aproveitado, perde
provisoriamente a
companhia edificante de
irmãos mais evoluídos
que tudo fizeram por
reerguê-lo no caminho. O
medianeiro cai, assim,
vibratoriamente no nível
moral a que se ajusta,
convive com as
entidades cujo contacto
prefere, e só mais tarde
acorda, verificando as
horas preciosas que
desprezou. (Cap. XVI,
pp. 210 e 211)
112. O milagroso
concurso das horas
- Enquanto o obsessor de
Isaura lhe sugeria
consultar cientistas
competentes e ler as
últimas novidades em
psicanálise, acentuando,
sacrílego, que lhe
falava em nome das
Esferas Superiores,
Sidônio abeirou-se do
grupo e tornou-se
visível para Isaura,
que, registrando-lhe a
presença, exclamou,
surpresa: "Vejo Sidônio,
nosso devotado amigo
espiritual!" O verboso
obsessor, que não
percebia o que estava
acontecendo, em virtude
do baixo padrão
emocional em que se
mantinha, zombou: "Nada
disso. A senhora nada
vê. É pura ilusão.
Abandone o vício mental
para furtar-se a maiores
desequilíbrios".
Sidônio voltou algo
triste e informou que,
desde o instante em que
Isaura se projetou na
zona sombria do ciúme,
não se achava em
condições de
compreendê-lo. Haveria,
contudo, possibilidades
de socorrê-la de outro
modo. Em volitação
rápida, buscou o esposo
da médium e
recomendou-lhe tomar o
corpo físico sem perda
de tempo, a fim de
ajudar a esposa em
dificuldade. O irmão
Silva não hesitou.
Reapossando-se do
veículo denso, e dócil à
influenciação de Sidônio,
buscou despertar a
esposa, que arfava ao
lado dele em reiteradas
contorções. Isaura,
chorando muito, abriu os
olhos assustadiços,
bradando, angustiada:
"Oh! como sou infeliz!
estou sozinha! sozinha!"
Silva, influenciado por
Sidônio, falou-lhe
construtivamente:
"Lembra-te, querida, de
nossa fé e de quanto
temos recebido de nossos
amados benfeitores
espirituais!" Ela
retrucou, irritada:
"Nada disso!" E
acrescentou: "tudo é uma
farsa. As mensagens que
recebo são pura
atividade de minha
imaginação. Tudo é
expressão de mim mesma".
O esposo compreendeu a
situação e lhe disse:
"Já sei. Caíste nas
malhas dos nossos
infelizes irmãos que te
conduzem ao purgatório
do ciúme terrível, mas
Jesus nos auxiliará no
oportuno reajustamento".
Nesse ponto, Sidônio
voltou-se para André e
lembrou: "Penso, André,
que já assististe à fase
culminante da lição. E
esta conversa agora
seguirá até muito longe.
Com o milagroso concurso
das horas, pacificaremos
a mente da servidora
respeitável, mas
exclusivista e
invigilante. Volta ao
teu círculo de trabalho
e guarda o ensinamento
desta noite". (Cap. XVI,
pp. 211 a 213)
113. Saldanha não
permite a entrada dos
partidários de Gregório
- No segundo dia de
atendimento espiritual a
Margarida, a casa
transformou-se. Saldanha
e Leôncio eram os
primeiros a pedir
Instruções de trabalho.
Gúbio, prevenindo
problemas, começou por
traçar expressivas
fronteiras, ao redor da
casa, mantidas dali por
diante sob a
responsabilidade dos
colaboradores cedidos
por Sidônio. Margarida
sentia-se leve, bem
disposta, e rendia
graças ao Pai pelo
"milagre" com que fora
contemplada. O esposo
formulava mil promessas
de trabalho espiritual.
As responsabilidades do
grupo passaram, todavia,
a crescer. Por
determinação de Gúbio,
velha serva encarnada
foi ao quarto e abriu as
janelas, dando passagem
a vastas correntes de ar
fresco. O prédio
reconciliava-se com a
harmonia. Aconteceu
então o que se temia.
Elementos da falange de
Gregório, gritando por
Saldanha, se fizeram
ouvir na via pública.
Saldanha estava aflito,
mas Gúbio lhe
recomendou,
paternalmente: "Vai,
meu amigo, e mostra-lhes
o novo rumo. Tem coragem
e resiste ao venenoso
fluido da cólera. Usa a
serenidade e a
delicadeza". Saldanha
avançou na direção dos
recém-chegados, que lhe
perguntaram se ele
estava traindo o
comando. O interpelado
respondeu humilde, mas
firme: "Meus
compromissos foram
assumidos com a própria
consciência e acredito
dispor do direito de
escolher a minha rota".
O visitante fez ironia e
tentou entrar na casa.
Saldanha o impediu,
dizendo que a casa
seguia outra direção. O
interlocutor lançou-lhe
um olhar de revolta
insofreável e perguntou,
estentórico: "Onde tens
a cabeça?" E lhe disse,
com extrema irritação,
que Gregório seria
avisado. (Cap. XVII, pp.
214 a 216) (Continua
no próximo número.)