A brandura
Andradina América de
Andrada e Oliveira
Asserena-te e vara a
desventura
No caminho de dor,
áspero e azedo;
Serenidade – o lúcido
segredo
Em que a vida se eleva e
transfigura.
Tudo cresce na força da
brandura.
A água desgasta os
punhos do rochedo;
Olha a chuva cantando no
arvoredo,
A transfundir-se em pão,
bondosa e pura.
De coração batido e lodo
à face,
Inda que o fel da
injúria te traspasse,
Semeia o bem que as
mágoas alivia...
Mesmo trazendo o peito
por cratera,
Suporta, ampara e crê,
ajuda e espera,
Que amanhã será sempre
novo dia.
Andradina América de
Andrada e Oliveira, poetisa,
contista e romancista,
nasceu em Porto
Alegre-RS em 12 de junho
de 1878 e desencarnou em
São Paulo-SP em 19 de
junho de 1935. Foi
também teatróloga e
aplaudida conferencista.
Professora pela Escola
Normal de Porto Alegre,
em várias cidades
gaúchas, depois de nove
anos dedicados ao
magistério público.
Fundou um jornal
literário feminino, O
Escrínio, mais tarde
transformado em revista
ilustrada, e formou,
segundo Antônio Carlos
Machado, entre as
maiores feministas
brasileiras de sua
época. O soneto acima
integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.
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