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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 117 – 26 de Julho de 2009

CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
 

As duas faces da vida


Havia uma brincadeira bobinha de quando éramos crianças – mas é dessas coisas bobinhas que, muitas vezes, se extraem grandes significados.

 
Uma criança chegava perto da outra fazendo uma cara trágica, e começava a contar uma história que, pelo início, prometia ou uma piada, ou um conto de terror, daqueles bem tenebrosos: "Meia-noite... uma bruxa com a faca na mão..." Então a tal criança dava uma pausa teatral, enquanto todas as outras olhavam com os olhos arregalados e com cara de espanto, esperando o fim dramático - só para, no fim, a outra arrematar, deixando-as com caras de bobas: "... passando manteiga no pão... passando manteiga no pão..."

 
Era uma pegadinha. Mas um tipo de pegadinha que ilustra um pouco o modo como as pessoas reagem aos fatos, exclusivamente, em função das suas expectativas. E a expectativa era o final sangrento para a bruxa malvada com a faca na mão. Mas, no fim, a bruxa, calmamente, lanchava e passava manteiga no seu pão.

 
Isto me lembra muito outras histórias do cotidiano: coisas presenciadas, sabidas, contadas... Como noutro dia, quando ouvia de uma amiga do trabalho ter ficado revoltada com a reação que observou em alguns turistas que, ao mesmo tempo em que ela, visitavam Veneza, na Itália. Contrariada ao recordar-se, contava-nos que, enquanto todos imergiam, sem apelação, no encanto mágico que Veneza provoca, com suas gôndolas, com suas paisagens e seu povo indescritíveis e exóticos, de beleza única, romântica, e toda peculiar, alguns outros turistas - e vindos de bem longe, diga-se! – entretinham-se, insistentemente, em prestar atenção e reclamar apenas dos ratos que, naquele lugar praticamente aquático, é coisa comum e corriqueira!

 
Só que é no mínimo insólito, um despautério, sequer pensar que alguém se demove de outros países longínquos para conhecer Veneza e, em lá chegando, limitar-se apenas a reclamar dos ratos... Nota-se aí, portanto, o efeito-expectativa: estas pessoas, certamente, não foram a Veneza pretendendo se distrair e descontrair, contemplando os encantos e as belezas disponíveis à farta pelo lugar, como assim se dá em todos os lugares do mundo. Traziam em si a disposição antecipada para verem apenas "a bruxa com a faca na mão", pronta para esquartejar malvadamente alguém – com certeza! Suas expectativas não incluíam nada prazeroso – a deliciosa "manteiga no pão". Viram e reclamaram o tempo todo dos ratos, horrorizadas. Para elas, foi a isso, somente, que a bela e doce Veneza se resumiu!

 
É típico e certo – como já demonstrava aquele velho teste psicológico onde, num mesmo desenho, uns só conseguem ver uma bruxa velha e horrenda, e outros, na mesma figura, um lindo e moço rosto de jovem. É o funcionamento projetivo do subconsciente. Projetamos para fora de nós o que existe dentro. Então, não importarão nunca, jamais, para alguns perfis humanos, as pitorescas gôndolas de Veneza balouçando languidamente ao movimento embalador dos remos, conduzindo várias histórias de lua-de-mel; tais olhos jamais enxergarão os campos de girassóis na Toscana, ou as águas azuis e mágicas dos mares de Capri, ou de Fernando de Noronha, ou em qualquer outra parte do mundo. O efeito "bruxa com a faca na mão" os levará a carregar os contratempos e as paisagens feias aonde quer que vão. Verão, portanto, somente os ratos de Veneza, os buracos nas trilhas de Fernando de Noronha, os zangões irritantes entre as flores da Toscana, e vai por aí... Porque é tudo o que existe dentro de uma tal disposição mórbida! Não são, pois, os ratos de Veneza que estragam a bela excursão à Itália - mas o negativismo do próprio indivíduo, que não lhe permitirá deleitar-se com nada deste mundo ou do outro, apenas e exclusivamente devido à sua propensão a só enxergar a vida do prisma da "bruxa com a faca na mão" pronta para esquartejar alguém...

 
É proveitoso, para o nosso próprio benefício, nos policiarmos contra esta distorção de perspectiva com a qual percebemos a vida ao nosso redor. Porque se nos tornamos eficazes em encarar coisas, fatos e acontecimentos do lado certo da moeda – do lado positivo, belo, útil, enriquecedor, que, para tudo no mundo, existe! – nos sentiremos mais felizes, leves, joviais, e dotados da capacidade permanente de nos maravilharmos com os acontecimentos e de reagirmos adequadamente a eles.

 
É muito fácil a distração que nos induz a escorregar para dentro das impressões negativas, insidiosas e danosas, vendo apenas os ratos, e não o resto de Veneza; percebendo somente os defeitos alheios, mas nunca as qualidades; distinguindo só a feiura isolada onde, muitas vezes, sobejam belezas; criticando o fracasso na Copa do Mundo sem conseguir lembrar-se das alegrias eufóricas do Penta; desesperando-se com o quadro social difícil do Brasil de hoje e descuidando-se da única solução viável, que reside na força de cada um para converter a passagem do tempo num quadro regenerador, por intermédio da nossa contribuição à vida!

 
Atentemos, meus queridos! Pensemos nisso, de dentro da visão correta de que tudo ao redor é dotado de duas faces – e de que de nós, apenas, depende a relevância a ser dada a cada uma delas, transformando o fim da história, portanto, em ânimo ou desânimo, em realização ou frustração, n’algo que vale a pena ser vivido, ou em razões eternas para o mau humor e desgaste inútil das nossas preciosas energias emocionais.

 
Eu prefiro a "bruxa passando, placidamente, a manteiga no pão"... E se deliciando com ele, depois!


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita