66. Kardec observa que,
embora seja censurável a
inconveniência das
palavras usadas pelos
adversários do
Espiritismo para
combatê-lo, os espíritas
não devem incorrer na
mesma falta, porque é a
moderação que fez a sua
força. (P. 84)
67. Os jornais de
fevereiro de 1864
divulgaram que
recentemente, num
conselho privado, a
rainha Vitória,
reportando-se à questão
dinamarquesa, declarou
que nada faria sem
consultar o príncipe
Alberto, já falecido.
Com efeito, retirando-se
para o seu gabinete,
logo retornou dizendo
que o príncipe se
pronunciara contra a
guerra. O fato
surpreendeu a todos e,
acrescido de outros
semelhantes, deu origem
à ideia de que seria
oportuno estabelecer uma
regência. (P. 85)
68. Seria médium a
rainha Vitória? Tudo
indica que sim, o que
não causa nenhuma
surpresa, porquanto -
afirma Kardec - o
Espiritismo tem adeptos
até nos degraus dos
tronos, ou melhor, até
nos tronos. “Tratados
como loucos, os
espíritas devem
consolar-se por estarem
em tão boa companhia”,
pondera o Codificador.
(P. 85)
69. Analisando a
influência que os
Espíritos exercem sobre
os homens, Kardec
adverte que, em
princípio, eles não nos
vêm conduzir às
andadeiras. O objetivo
de suas instruções é
tornar-nos melhores, dar
fé aos que não a têm, e
não o de poupar-nos o
trabalho de pensar por
nós mesmos. (P. 86)
70. Transcrevendo uma
nota pertinente ao
falecimento de uma
pessoa do Havre, Kardec
observa que, à exceção
dos parentes próximos,
poucas pessoas levam em
conta o pedido que nos
fazem de orar por alguém
que acaba de morrer. Com
os espíritas, as coisas
se passam de forma
diferente, porque eles
sabem a importância da
prece e a influência que
ela exerce, no momento
da morte, sobre o
desprendimento da alma.
(P. 88)
71. A
Revue revela que
o médium Home teve de
partir de Roma
instantaneamente, sob
acusação de feitiçaria.
Ao divulgar o fato, os
jornais trocistas
fizeram questão de
lamentar que em pleno
século 19 ainda se
acreditasse em
feiticeiros; mas o mais
surpreendente não é isto
- afirma Kardec -: é
tentarem reviver os
feiticeiros nos
espíritas, quando estes
vêm provar, com as peças
nas mãos, que não
existem feiticeiros nem
o maravilhoso, mas
somente leis naturais.
(P. 88)
72. Na seção dedicada às
instruções dos
Espíritos, a Revue transcreve
mensagem do Espírito de
Jacquard, obtida
psicograficamente pelo
médium Leymarie, na qual
é examinada a questão do
progresso da ciência e
do aprimoramento das
máquinas e utensílios
fabris, bem como o seu
efeito nas relações de
emprego e trabalho. (PP.
89 a 92)
73. Na mesma reunião,
enquanto Jacquard
transmitia a sua
mensagem, outro médium,
o Sr. d’ Ambel, obteve
sobre o mesmo assunto
uma comunicação assinada
pelo Espírito de
Vaucanson. (PP. 92 e 93)
74. Em síntese,
ensina-nos Vaucanson: I)
O homem não foi feito
para ficar como
instrumento
ininteligente de
produção. II) Por suas
aptidões, por seu
destino e seu lugar na
criação, é ele chamado a
outra função, que não a
da máquina, a um outro
papel, que não a do
cavalo de tiro. III) O
operário é chamado a
tornar-se engenheiro, a
ver seus braços
laboriosos substituídos
por máquinas ativas,
infatigáveis e mais
precisas. IV) O artífice
é chamado a tornar-se
artista e conduzir o
trabalho mecânico por um
esforço do pensamento e
não mais por um esforço
dos braços. V) Eis aí a
prova irrecusável da lei
do progresso, que rege
todas as humanidades.
(P. 93)
75. Na sequência, indaga
Vaucanson: “Que importa
que cem mil indivíduos
sucumbam, quando uma
máquina foi descoberta
para fazer o trabalho
desses cem mil?” “Para o
filósofo, que se eleva
sobre os preconceitos e
interesses terrenos, o
fato prova que o homem
não estava mais em seu
caminho, quando se
consagrava a esse labor
condenado pela
Providência.” (P. 93)
76. É no campo da
inteligência - prossegue
Vaucanson - “que, de
agora em diante, o homem
deve fazer passar a
grade e a charrua que
fecundam”. “Todas as
nossas reflexões têm um
só objetivo: demonstrar
que ninguém deve gritar
contra o progresso, que
substitui braços humanos
por dispositivos e
engrenagens mecânicas.
Além disso, é bom
acrescentar que a
humanidade pagou largo
contributo à miséria e
que, penetrando mais e
mais em todas as camadas
sociais, a instrução
tornará cada indivíduo
cada vez mais apto para
funções inteligentemente
chamadas liberais.” (PP.
93 e 94)
77. Concluindo sua
mensagem, adverte o
instrutor espiritual: “O
homem é um agente
espiritual que deve
chegar, em período não
distante, a submeter ao
seu serviço e para todas
as operações materiais a
própria matéria,
dando-lhe como único
motor a inteligência,
que se expande nos
cérebros humanos”. (P.
94)
(Continua no próximo
número.)