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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 117 – 26 de Julho de 2009

MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com

Guará II, Distrito Federal (Brasil)

Crônicas de Natal

Presente


No meio daquela turba que se acotovelava entre a rua e a calçada, seo Francisco caminhava meio que perdido, atônito naquele rio de gente. Importados, brinquedos associados a programas de TV, brinquedos orientais construídos com mão-de-obra quase escrava. Aquele Natal estava povoado de novidades eletroeletrônicas a fascinar as crianças e já era dia 24 e todos deixavam para última hora ou para a última moeda a compra dos presentes.                                

Seguia seu Francisco na busca do presente para seu filho Marcelo, 10 anos, garoto estudioso que merecia naquele Natal, de Papai Noel (se bem que ele já não acreditava mais nisso!), um grande presente.

Aliando as parcas possibilidades às largas passadas, Francisco olhava algumas lojas, consultava alguns folhetos, abordava os ambulantes. Quando já terminava a rua onde se concentrava a maioria das lojas, ele parou para tomar um mate (ninguém é de ferro!), quando vislumbrou o que tanto buscava. Um caminhão “Super-força” igualzinho ao do seriado da TV que seu filho acompanhava tão assiduamente. Deixando pela metade o seu açucarado mate, Francisco invade a loja e compra a última unidade do estoque. Desprovido de grandes habilidades manuais, Francisco pede que o caminhão seja embrulhado para presente. Após esse périplo, ele enfrenta um ônibus com o “caminhão” embaixo do braço. Lá pelo meio da viagem, Francisco consegue um lugar e cai em um profundo cochilo, se escorando no recém adquirido presente. Ao chegar em casa, aquela entrada estratégica para esconder no alto do armário o enorme  presente.

*

Manhã de Natal...

A árvore já está carregada de presentes colocados na madrugadas pelos “Papais Noéis”. As crianças da casa  - primos , sobrinhos - acordam todos e correm em polvorosa para a árvore a fim de ver o que lhes reserva aquele ano. Marcelo, aquele do caminhão “Super-força”, emite um olhar de confiança para seo Francisco e sai pela montanha de presentes à procura daquele que tem seu nome estampado. Ao encontrar pacote tão volumoso, seu sorriso é invejável. Avidamente abre o pacote e quando vê a caixa e identifica o caminhão “Super-força” dá um grito de alegria e sai correndo para abraçar Francisco. Este insiste que o menino abra logo a caixa e vá curtir seu presente.

Mas, quando Marcelo abre a caixa defronta-se com uma surpresa. O que era uma caminhão, frágil (como todas as coisas fabricadas hoje em dia), era apenas um conjunto de partes quebradas. Pensando que o caminhão carecia de montagem, o pai tentou consolar o menino. Mas, ao se defrontar com o conteúdo da caixa, nota que seu cochilo no ônibus e a “delicadeza” dos passageiros na descida geraram aquele chassi separado das rodas, separado da carroceria que estava em três pedaços misturados com o eixo.

Marcelo, em um misto de decepção e revolta, começa a esbravejar com o pai, declarando a sua ineficiência em dar um presente e como ele era um péssimo pai, que não amava seu filho. Palavras, ainda que copiadas de clichês televisivos, agridem fundo a quem as ouve. Como se não bastasse, jogou o brinquedo no chão e saiu correndo para o quarto enquanto seus pequenos parentes se deleitavam com seus novos presentes.

Seo Francisco, homem fortalecido pelas batalhas da vida, vai ao quarto de Marcelo, repleto de brinquedos, onde o menino se encastelava em sua cama. Sabendo que seu filho o ouvia, apesar de não demonstrar, fala com muito amor no coração: “Filho, esse presente teve falhas... Mas eu, seu pai, estive sempre presente na tua vida, nos teus momentos mais difíceis e nos mais felizes, te dando o presente do meu exemplo e do meu carinho. Esse presente, filho, não se quebra, não se destrói...”

Marcelo resmungou tortas palavras e continuou trancado no quarto e emburrado alguns dias. Mas, com o tempo, a vida lhe mostrou como seu pai estava certo, quando da sua presença ele se viu privado por diversos natais. 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita