ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
O Porquê da Vida
Léon Denis
(Parte 11)
Damos prosseguimento ao estudo do clássico O Porquê da Vida,
focalizando nesta edição
a parte IV da obra
referida, que é composta
pela novela Giovana.
A fonte deste estudo é a
14ª edição do livro,
publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões
preliminares
A. Quem era Giovana Speranzi?
R.: Giovana, então com
dezoito anos, órfã aos
treze, era uma jovem
inteiramente voltada
para a caridade e a
ajuda aos sofredores.
“Ela não conhece – diz o
autor da novela –
alegria mais doce, nem
tarefa mais atraente do
que socorrer e consolar
os infelizes.” (O Porquê da Vida, pág. 128.)
B. Por que, embora formado em Direito, Maurício Ferrand passou a
viver no campo, longe da
sociedade e da profissão
que havia abraçado?
R.: Primeiro, ele se
decepcionou com a
profissão de advogado,
em face da corrupção, da
desonestidade e da
especulação desenfreada
reinantes na sociedade
da época, fato que ele
não aceitava. Invadia-o
sombrio abatimento
quando lhe chegou a
notícia de que o pai,
gravemente doente, o
chamava para perto de
si. A morte do genitor
ocorreu logo depois e
isso fez com que uma
sombra ainda mais
espessa descesse sobre a
fronte de Maurício. Sua
tristeza, sua melancolia
natural cresceram.
Renunciando
definitivamente ao foro,
o rapaz instalou-se na
pequena herdade deixada
pelo pai, onde seu tempo
era dividido entre
leituras e excursões.
(Obra citada, pp. 134 e 135.)
C. A um jovem ainda abatido devido ao falecimento do pai, que é que
Giovana disse?
R.: Foi no cemitério de
Gravedona, onde estavam
sepultados os restos de
seus pais, que Giovana
iniciou o rapaz nas suas
crenças espiritistas,
ensinando-lhe, com toda
a convicção, que os
Espíritos queridos
voltam e se associam às
alegrias e às dores dos
familiares retidos na
Terra. “Se Deus o
permitisse – disse-lhe
Giovana –, nós os
veríamos muitas vezes ao
nosso lado
regozijarem-se com as
nossas boas ações e
entristecerem-se com as
nossas faltas.” (Obra
citada, pág. 140.)
Texto para leitura
133. Na Lombardia
(Itália) é conhecido o
lago de Como, esse
espelho do céu caído
entre montanhas, esse
maravilhoso éden em que
a Natureza se entroniza,
preparada para uma festa
eterna. Pietro Gerosi
habitava num casebre
situado nessa região, ao
Norte do lago, nas
proximidades dos Alpes,
onde os jardins e as
plantações de oliveiras
são substituídos por
sombrios pinheirais.
(PP. 121 a 124)
134. Um grande cercado
estendia-se por trás da
choupana. Alguns anos
antes, o aspecto ali era
inteiramente diferente.
O jardim, cultivado com
desvelo, era produtivo,
e o curral -- agora
vazio e abandonado --
dava abrigo a duas belas
cabras e a um vigoroso
jumento. (P. 124)
135. Pietro Gerosi
habitava seu pardieiro
com Marta, sua mulher, e
três filhas. Após anos
de abundância,
sobrevieram para a
família os maus dias.
Acometido de moléstia
grave, Pietro foi
definhando aos poucos,
até que morreu. Marta o
substituiu, mas,
submetida a um trabalho
incessante e minada por
afanosos cuidados,
sentiu também suas
forças rapidamente
desaparecerem. (P. 125)
136. Presa ao leito,
Marta tinha junto de si
a companhia de Lena, a
filha mais velha, de
quinze anos, e duas
irmãzinhas menores,
todas a passar por
enormes privações. A
família não estava,
porém, só e abandonada,
porque uma jovem -
Giovana Speranzi -, a
providência dos que
choravam, levava-lhes
regularmente sua ajuda.
(PP. 125 a 127)
137. Nascida na vila de
Lentisques, Giovana
contava nessa época
dezoito anos. Órfã aos
treze, conservava uma
saudade sempre viva pela
perda dos pais e
tornara-se uma criatura
inteiramente voltada
para a caridade e a
ajuda aos sofredores.
“Ela não conhece -- diz
o autor da novela --
alegria mais doce, nem
tarefa mais atraente do
que socorrer e consolar
os infelizes.” (P. 128)
138. Um dia, apenas
tinha Giovana entrado na
choupana dos Gerosi, um
temporal desabou com
violência sobre a
região. A corrente,
engrossando
extraordinariamente,
misturava o murmúrio de
suas águas com o troar
da tempestade. Foi então
que apareceu ali um
jovem vestido à caçador,
que buscou abrigo no
casebre. (P. 128)
139. Chamava-se ele
Maurício Ferrand, filho
de um exilado político
francês, que viera para
aquela região havia
muitos anos, com o
menino Maurício, então
com oito anos de idade e
órfão de mãe. Levado
pelo pai, o rapaz
estudou em Milão, onde
fez rápidos progressos,
culminando os seus
estudos na Universidade
de Pavia. (PP. 129 e
130)
140. Formando-se em
Direito, Maurício
começou a exercitar a
carreira de advogado em
Milão, em que teria
feito fortuna caso se
amoldasse às condições
da época, onde a
corrupção, a
desonestidade e a
especulação desenfreada
lhe abafaram os mais
belos ideais. Um
desgosto profundo
apoderou-se então do
jovem advogado que,
rejeitando as causas
mais duvidosas que lhe
queriam confiar, viu
reduzir-se o número dos
clientes. (P. 134)
141. Invadia-o sombrio
abatimento quando lhe
chegou a notícia de que
o pai, gravemente
doente, o chamava para
perto de si. A morte do
genitor ocorreu logo
depois e isso fez com
que uma sombra ainda
mais espessa descesse
sobre a fronte de
Maurício. Sua tristeza,
sua melancolia natural
cresceram. Renunciando
definitivamente ao foro,
o rapaz instalou-se na
pequena herdade deixada
pelo pai, onde seu tempo
era dividido entre
leituras e excursões. E
foi num desses passeios
que ocorreu o encontro
com Giovana, fato que
mudou inteiramente, a
partir daí, a sua vida.
(PP. 134 e 135)
142. A presença de
Giovana arrancava-o da
sua misantropia e fazia
emanar de si uma onda de
pensamentos benfazejos e
generosos, que lhe davam
um ardente desejo de ser
bom e de consolar. (N.R.:
Misantropia significa:
melancolia, hipocondria;
aversão aos homens e à
sociedade.) (P. 136)
143. Maurício, vendo o
exemplo de Giovana,
sentia a inutilidade de
sua vida e compreendia
que havia muito que
fazer na Terra, não
sendo admissível a um
homem fugir das pessoas
ou encerrar-se numa
indiferença egoística.
(P. 136)
144. Durante suas
entrevistas, ainda que
pouco se falassem, eles
trocavam mil
pensamentos. É que a
alma tem meios de
exprimir-se, de
comunicar-se
ocultamente, que a
ciência humana não pode
definir nem analisar.
Uma atmosfera fluídica,
em correlação íntima com
o seu estado moral,
circunda todos os seres
e, segundo sua natureza,
simpática ou adversa,
eles se atraem, se
repelem, se expandem ou
se concentram, e é por
este modo que se
explicam as impressões
que experimentamos, à
vista de pessoas
desconhecidas. (P. 137)
145. Algum tempo
depois, quando a
viúva de Pietro
Gerosi já se
havia recuperado
graças à ajuda
dos dois jovens,
Giovana e
Maurício se
encontraram no
cemitério de
Gravedona, onde
estavam
sepultados os
restos de seus
pais. Foi ali
que Giovana
iniciou o rapaz
nas suas crenças
espiritistas,
ensinando-lhe,
com toda a
convicção, que
os Espíritos
queridos voltam
e se associam às
alegrias e às
dores dos
familiares
retidos na
Terra. “Se Deus
o permitisse --
acrescentou
Giovana --, nós
os veríamos
muitas vezes ao
nosso lado
regozijarem-se
com as nossas
boas ações e
entristecerem-se
com as nossas
faltas.” (P.
140)
(Continua no
próximo número.) |