MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
30)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. O que é na vida
indispensável?
R.: A lição veio de
Matilde, que disse aos
que a ouviam que a vida
não pode resumir-se a
mero sonho, como se a
reencarnação
constituísse simples
processo de anestesia da
alma. É indispensável
que nos refaçamos,
aprimorando o tom
vibratório de nossa
consciência, alargando-a
para o bem supremo e
iluminando-a à claridade
renovadora do Divino
Mestre. "Uma existência
entre os homens, por
mais humilde, para nós
outros é acontecimento
importante demais para
que o apreciemos sem
maior consideração."
(Libertação, cap. XVIII,
pp. 232 e 233.)
B. Como deve agir o
criminoso arrependido
para dar início à sua
restauração?
R.: De novo foi Matilde
quem deu a orientação
dizendo-lhe: "Outros
irmãos, não longe de
nós, suportando a carga
das mesmas culpas,
peregrinam, desditosos,
entre o pesadelo e a
aflição inomináveis.
Abre teu coração para
eles. Começarás
ajudando-os a enxergar a
senda regenerativa,
alimentando-os com
esperanças e ideais
novos e atraindo-os ao
trabalho de sublimação,
pelo esforço, na
constante aplicação do
bem. Sofrer-lhes-ás as
injúrias, os remoques,
as incompreensões, mas
descobrirás um meio de
ampará-los com
eficiência e brandura.
Depois de semelhante
sementeira, principiarás
a recolher as bênçãos de
paz e de luz, porquanto
o Espírito que ensina
com amor, embora
delituoso e imperfeito,
acaba aprendendo as mais
difíceis lições da
responsabilidade que
adquire, transmitindo a
outros revelações
salvadoras que lhe não
pertencem". (Obra
citada, cap. XVIII, pp.
233 e 234.)
C. Que recurso podemos
usar para fugirmos
definitivamente ao mal?
R.: O recurso para tal
finalidade é o apoio
constante no Bem
Infinito. Ninguém deve
admitir o acesso fácil
aos tesouros eternos. "O
Senhor criou leis
imperecíveis e perfeitas
para que não alcancemos
o Reino da Divina Luz,
ao sabor do acaso, e
Espírito algum trairá os
imperativos sábios do
esforço e do tempo”,
asseverou Matilde. “Quem
pretende a colheita de
felicidade no século
vindouro, comece desde
agora a sementeira de
amor e paz." (Obra
citada, cap. XVIII, pp.
235 e 236.)
Texto
para leitura
122. A
importância da
responsabilidade
- Matilde prosseguiu
falando à assembleia
atenta, a quem
transmitiu ensinamentos
e conselhos valiosos,
que adiante
sintetizamos: O lavrador
nada recolherá sem
plantar. Ninguém se
aquecerá ao Sol Divino
sem abrir o coração às
correntes da Luz Eterna.
É preciso trabalhar para
merecer a bênção de um
templo carnal na Terra.
A vida não pode
resumir-se a mero sonho,
como se a reencarnação
constituísse simples
processo de anestesia da
alma. É indispensável
que nos refaçamos,
aprimorando o tom
vibratório de nossa
consciência, alargando-a
para o bem supremo e
iluminando-a à claridade
renovadora do Divino
Mestre. "Uma existência
entre os homens, por
mais humilde, para nós
outros é acontecimento
importante demais --
aduziu a benfeitora --
para que o apreciemos
sem maior consideração".
"Todavia, sem abraçar a
noção de
responsabilidade
individual, que nos deve
marcar o esforço de
santificação, qualquer
empresa dessa ordem é
arriscada, porque em
nosso aprendizado
intensivo, na
recapitulação, cada
Espírito segue sozinho
no círculo dos próprios
pensamentos, sem que os
companheiros de jornada,
com raríssimas exceções,
lhe conheçam as
esperanças mais nobres
e lhe partilhem as
aspirações
dignificadoras." Por
isso, "faz-se
indispensável muita fé e
suficiente coragem para
marcharmos
vitoriosamente",
acrescentou Matilde,
"até ao Calvário da
suprema ressurreição".
(Cap. XVIII, pp. 232 e
233)
123. O caso do
homicida - Finda
a palestra, Matilde
acercou-se de Gúbio,
prostrado e palidíssimo,
a quem afagou com
palavras de
agradecimento. Concedeu
então aos ouvintes
oportunidade a que se
pronunciassem acerca dos
projetos acalentados
para o futuro. Vozes de
gratidão elevaram-se,
comovidas. Um cavalheiro
de olhos fulgurantes
destacou-se e disse, com
toda a clareza, ter sido
em sua derradeira
passagem pela Terra
duplamente homicida.
Por muitos anos ainda
viveu no corpo carnal,
como se fosse a pessoa
mais tranquila do mundo,
apesar de trazer a
consciência tisnada de
remorso e as mãos
enodoadas de sangue. Aos
que dele se acercavam,
ludibriava com a máscara
da hipocrisia. Ao
retornar à pátria
espiritual, supunha que
tremendas acusações o
esperariam, o que não
acabou acontecendo. Suas
vítimas se distanciaram,
desculparam-no e o
esqueceram. Só
encontrou, assim, no
mundo espiritual, o
desprezo, com
aviltamento de si
próprio. Via-se, porém,
acicatado por forças
punitivas que não
saberia descrever com as
minúcias desejáveis.
Havia em sua consciência
um tribunal invisível e
debalde procurava fugir
aos sítios em que
menoscabara as
obrigações de respeito
ao próximo... "Como
iniciar o esforço de
minha restauração?",
indagou, findo o
relato. Havia tamanha
tristeza naquela voz
humilde, que todos se
sentiram tocados nas
fibras mais íntimas, e
Matilde respondeu-lhe:
"Outros irmãos, não
longe de nós, suportando
a carga das mesmas
culpas, peregrinam,
desditosos, entre o
pesadelo e a aflição
inomináveis. Abre teu
coração para eles.
Começarás ajudando-os a
enxergar a senda
regenerativa,
alimentando-os com
esperanças e ideais
novos e atraindo-os ao
trabalho de sublimação,
pelo esforço, na
constante aplicação do
bem. Sofrer-lhes-ás as
injúrias, os remoques,
as incompreensões, mas
descobrirás um meio de
ampará-los com
eficiência e brandura.
Depois de semelhante
sementeira, principiarás
a recolher as bênçãos de
paz e de luz, porquanto
o Espírito que ensina
com amor, embora
delituoso e imperfeito,
acaba aprendendo as mais
difíceis lições da
responsabilidade que
adquire, transmitindo a
outros revelações
salvadoras que lhe não
pertencem". (Cap. XVIII,
pp. 233 e 234)
124. Como retornar
à paz? - Matilde
concluiu assim a sua
resposta ao ex-homicida:
"Realizando esse serviço
nobilitante, retomarás,
então, mais tarde, o
corpo físico,
recapitulando os
ensinamentos que
gravaste na mente
interessada em
renovar-se.
Reencontrarás, daí em
diante, mil motivos
para a cólera violenta;
e a tentação de eliminar
adversários,
prostrando-os a golpe
mortal, visitar-te-á com
frequência o coração. Se
souberes, porém, e,
sobretudo, se quiseres
vencer os próprios
impulsos destrutivos,
quando te encontrares em
plena e abençoada luta
na esfera do
recomeço, plantando
amor e paz, luz e
aperfeiçoamento, ao
redor dos teus pés,
então terás demonstrado
aproveitamento real e
efetivo das dádivas
recebidas e
revelar-te-ás preparado
para maior ascensão".
Dito isto, chorosa
mulher dirigiu-se,
humilhada, à nobre
benfeitora, informando
ter possuído um lar que
não honrou, um esposo
que ela depressa
esqueceu e filhos que
afastou,
deliberadamente, de seu
convívio, para gozar, à
saciedade, os prazeres
que a mocidade lhe
oferecia. Seu
transviamento moral não
fora conhecido na
comunidade em que viveu,
mas a morte apodrecera a
máscara que a ocultava
aos olhos alheios e
passou, desde então, a
experimentar horrível
pavor de si mesma. Como
fazer por retornar à
paz? Matilde fitou-a,
compungidamente, e
observou: "Milhares de
seres, despojados da
roupagem fisiológica,
estertoram em zona
próxima, sob o guante
cruel das paixões a que
se algemaram,
invigilantes. Poderás
encetar o reajustamento
de tuas energias,
dedicando-te, nos
círculos próximos, ao
levantamento dos
sofredores de boa
vontade. Com
esquecimento de ti
mesma, arrebatarás
muitos Espíritos,
cadaverizados no abuso,
aos pântanos de dor em
que se debatem.
Plantarás na mente deles
novos princípios e novas
luzes, consolando-os e
transformando-os, a
caminho da harmonia
divina, reconquistando,
por tua vez, o direito
de regresso ao campo
bendito da carne". (Cap.
XVIII, pp. 234 e 235)
125. Não existe
acesso fácil à
felicidade -
Matilde prosseguiu:
"Reconduzida, então, à
abençoada escola
terrestre, receberás,
talvez, a prova terrível
da beleza física, a fim
de que o contacto com as
tentações da própria
natureza inferior te
retempere o aço do
caráter, se conseguires
manter fidelidade
suprema ao amor
santificante. Esta é a
lei, minha filha! Para
que nos reergamos com
segurança, depois da
queda ao precipício, é
imprescindível auxiliar
quantos se projetaram
nele, consolidando, ante
as dores alheias, a
noção da
responsabilidade que nos
deve presidir às ações
porvindouras, de modo
que a reencarnação não
se converta em novo
mergulho no egoísmo". "O
único recurso de
fugirmos definitivamente
ao mal é o apoio
constante no Bem
Infinito." Depois,
espraiando o olhar na
assembleia que a ouvia,
expectante, a benfeitora
concluiu dizendo que
nenhum de nós admita o
acesso fácil aos
tesouros eternos. "O
Senhor criou leis
imperecíveis e perfeitas
para que não alcancemos
o Reino da Divina Luz,
ao sabor do acaso, e
Espírito algum trairá os
imperativos sábios do
esforço e do tempo! Quem
pretende a colheita de
felicidade no século
vindouro, comece desde
agora a sementeira de
amor e paz." (Cap.
XVIII, pp. 235 a 236)
126. O despertar
de Margarida -
Após transmitir tantos
ensinamentos, Matilde
pediu que Elói trouxesse
Margarida ao plenário. A
enferma mostrava ainda
o passo vacilante e
estranho alheamento no
olhar, revelando a
semi-inconsciência em
que se demorava. Parecia
uma sonâmbula vulgar. Ao
se recolher aos braços
de Matilde, contudo, ela
reagiu favoravelmente,
parecendo acordar, pouco
a pouco. A benfeitora
aplicou-lhe passes ao
longo do cérebro,
especialmente sobre os
condutores nervosos dos
órgãos de manifestação
do pensamento, tanto
quanto ao longo de toda
a região do simpático.
Gúbio explicou, mais
tarde, que o estado
natural da alma
encarnada pode ser
comparado, em maior ou
menor grau, à hipnose
profunda ou à anestesia
temporária, a que desce
a mente da criatura
através de vibrações
mais lentas, peculiares
aos planos inferiores,
para fins de evolução,
aprimoramento e
redenção, no espaço e no
tempo. Ali, fenômenos de
metabolismo, na
organização
perispirítica,
fizeram-se patentes à
observação de André
Luiz, porque Margarida
expelia, através do
tórax e das mãos,
fluidos
cinzento-escuros, em
forma de vapor
tenuíssimo, a
desfazer-se no vasto
oceano de oxigênio
comum. Depois dessa
"operação de limpeza",
as zonas do sistema
endocrínico emitiam
radiações diamantinas,
figurando-se uma
constelação de
caprichosos contornos a
brilhar nas sombras do
perispírito, até ali
opaco e vulgar. Do peito
de Matilde ondas
luminosas partiam
ininterruptas e tudo
fazia crer que Margarida
se achava, naquele
momento, num banho
autêntico de essências
divinas. A certa altura,
a jovem senhora abriu
os olhos, qual criança
assustada, e se espantou
ao ver as entidades ali
presentes; depois, ao
contemplar o semblante
doce e iluminado de
Matilde, ela aquietou-se
brandamente. (Cap. XIX,
pp. 237 e 238)
(Continua
no próximo número.)