90. A
Revue registra a
constituição de duas
novas sociedades
espíritas: o Círculo
Espírita, Amor e
Caridade, de Anvers,
e a Sociedade
Marselhesa dos Estudos
Espíritas, de
Marselha. Ambas fizeram
constar de seu
regulamento que se
colocavam sob o
patrocínio da Sociedade
Espírita de Paris.
“Essas adesões – diz
Kardec –, dadas
espontaneamente,
testemunham os
princípios que
prevalecem entre os
espíritas, e a Sociedade
de Paris não pode deixar
de sensibilizar-se com
estes sinais de
simpatia, que provam a
séria intenção de
marchar sob a mesma
bandeira.” (PP. 112 a
114)
91. Uma comunicação
espontânea recebida em
Paris acerca da
progressão do globo
terrestre refere que o
progresso do mundo
marcha a grande
velocidade, no tocante
aos aspectos físicos,
materiais e
inteligentes. O
progresso moral,
contudo, foi mais lento.
(PP. 114 a 116)
92. O Espiritismo,
afirma o instrutor
espiritual, vem acelerar
o progresso, desvendando
à humanidade os seus
destinos, e sua força
pode ser aquilatada pelo
número de adeptos e a
facilidade com que é
compreendido. “Ele vai
conduzir a uma
transformação moral
ativa e, pela
multiplicidade das
comunicações mediúnicas,
o coração e o espírito
de todos os encarnados
serão trabalhados pelos
Espíritos amigos e
instrutores”, acentua a
mensagem. (P. 116)
93. Concluindo, o
instrutor assevera que
os Espíritos, porém, não
se limitam à instrução
científica: “seu dever é
duplo e eles devem,
sobretudo, cultivar a
vossa moral”. “Ao lado
dos estudos da ciência,
eles vos farão, e já
fazem desde agora,
trabalhar o vosso
próprio eu.” (P.
117)
94. O Espírito de
Guttemberg, o pai da
imprensa, escreve sobre
sua invenção, que ele
chama de revolução
mãe. “Vós o vedes;
até o pobre Guttemberg,
a arquitetura é a
escrita universal”,
assinala o comunicante,
ressaltando o valor da
imprensa que, como o
Sol, há de fecundar o
mundo com seus raios
benéficos. (PP. 117 a
119)
95. Afirmando que a
imprensa emancipou a
humanidade, Guttemberg
prevê que a eletricidade
a fará livre e
destronará a própria
imprensa que ele
inventou, para pôr nas
mãos dos homens um poder
de outro modo temível.
(P. 119)
96. No mesmo sentido, e
falando sobre a
arquitetura e a
imprensa, comunicou-se
na Sociedade Espírita de
Paris o Espírito de
Robert de Luzarches, que
foi na Terra construtor
de castelos, torreões e
catedrais. (PP. 120 e
121)
97. A
Revue transcreve,
logo na sequência, três
comunicações que
comentam as relações
entre o Espiritismo e a
franco-maçonaria. Na
primeira delas,
Guttemberg lembra que
todo maçom iniciado é
levado a crer na
imortalidade da alma e
no Divino Arquiteto e a
ser benfeitor, devotado,
sociável, digno e
humilde. Ali se pratica
a igualdade na mais
larga escala, havendo,
pois, nessas sociedades
uma afinidade evidente
com o Espiritismo.
Asseverando que muitos
maçons são espíritas e
trabalham muito na
propaganda desta crença,
Guttemberg prevê que no
futuro o estudo espírita
entrará como complemento
nos estudos abertos nas
lojas. (PP. 121 e 122)
98. Na segunda mensagem,
Jacques de Molé afirma
que as instituições
maçônicas foram para a
sociedade um
encaminhamento à
felicidade. Numa época
em que toda ideia
liberal era considerada
crime, os homens
precisavam de uma força
que, submissa às leis,
fosse emancipada por
suas crenças, suas
instituições e a unidade
de seu ensino. “Nessa
época - diz Molé - a
religião ainda era, não
mãe consoladora, mas
força despótica que,
pela voz de seus
ministros, ordenava,
feria, fazia tudo
curvar-se à sua vontade;
era um assunto de pavor
para quem quisesse, como
livre pensador, agir e
dar aos homens
sofredores alguma
coragem e ao infeliz
algum consolo moral.”
(P. 123)
99. Concluindo, Jacques
de Molé profetiza: “O
Espiritismo fez
progressos, mas, no dia
em que tiver dado a mão
à franco-maçonaria,
todas as dificuldades
estarão vencidas, todo
obstáculo retirado, a
verdade estará
esclarecida e o maior
progresso moral será
realizado e terá
transposto os primeiros
degraus do trono, onde
em breve deverá reinar”.
(P. 124)
100. Na terceira
mensagem, o Espírito de
Vaucanson, que se
designa ainda
franco-maçom,
observa que Guttemberg
foi contemporâneo do
monge que inventou a
pólvora - invenção essa
que transformou a velha
arte das batalhas -,
enquanto a imprensa
trouxe uma nova alavanca
à expressão das ideias,
emancipando as massas e
permitindo o
desenvolvimento
intelectual dos
indivíduos. (P. 124)
101. A franco-maçonaria,
contra a qual tanto
gritaram, contra a qual
a Igreja romana não teve
anátemas
em quantidade
suficiente, e que nem
por isso deixou de
sobreviver, abriu de par
em par as portas de seus
templos ao culto
emancipador da ideia.
“Em seu seio - afirma
Vaucanson - todas as
questões mais sérias
foram levantadas e,
antes que o Espiritismo
tivesse aparecido, os
veneráveis e os
grão-mestres sabiam e
professavam que a alma é
imortal e que os mundos
visível e invisível se
intercomunicam.” (P.
125)
(Continua no próximo
número.)