Aos meus irmãos
Valado Rosas
Sob as estrelas da minha
crença,
Cansado e triste cerrei
meus olhos
Dentro da noite que é
para muitos
Um mar bravio, cheio de
escolhos.
Quando no mundo de
exílio e sombra,
Habituei-me com as
invernias
E com os reveses da
minha sorte,
Na luta intensa que
encheu meus dias,
É que o Evangelho do
Cristo amado,
— O mensageiro da
Perfeição,
Nas horas tristes e
amarguradas,
Esclarecia meu coração.
Não sou, no entanto,
quem vá mostrar
As maravilhas que ele
fornece,
Quando escutamos as
vozes claras
Da consciência, na luz
da prece.
E, então, eu pude
adormecer
Na paz serena, doce e
cristã,
Abrindo os olhos
tranquilamente
Numa alvorada linda e
louçã.
Vós, que ficastes no
mundo ingrato,
De quem me lembro na luz
do Além,
Lede o roteiro dos
Evangelhos...
E a paz na morte tereis
também.
Valado
Rosas nasceu em Viana do
Castelo, Portugal, em
1871, mas veio para o
Brasil com 14 anos e
aqui viveu, poetou e
desencarnou, na cidade
de Caratinga-MG, em 19
de janeiro de 1930. Seu
nome foi, na verdade,
Lázaro Fernandes Leite
do Val. Modesto quão
talentoso, foi também um
polemista e doutrinador
espírita vigoroso, que
ilustrou o pseudônimo na
imprensa profana e
doutrinária do Brasil e
de sua pátria. O poema
acima integra o
Parnaso de Além-Túmulo,
obra psicografada por
Francisco Cândido
Xavier.