No sonambulismo, é a alma do sonâmbulo que se movimenta e age
1. O sonambulismo, o êxtase e a dupla vista, a exemplo do sono, da catalepsia e da letargia, enquadram-se no capítulo que trata da emancipação da alma, como podemos ver na principal obra de Kardec, “O Livro dos Espíritos”.
2. No sonambulismo, o que o caracteriza é o fato de o indivíduo, embora dormindo, poder movimentar-se e agir, utilizando o seu próprio corpo material, como se estivesse acordado. Ele se levanta, caminha e pratica atos próprios de sua vida com absoluta segurança e perfeição. Outra característica do fenômeno é o fato de perder o sonâmbulo, ao acordar, a lembrança do que fez dormindo.
3. No sonambulismo, analogamente ao que ocorre durante o sono, o Espírito do sonâmbulo se desprende e, uma vez emancipado, passa a ver com os olhos espirituais, com a particularidade de que, embora desprendido do corpo físico, continua exercendo uma força sobre ele. E o faz com grande segurança, como provam os fatos, a ponto de subir em telhados e caminhar à beira de precipícios, sem se acidentar. A respeito disso, Gabriel Delanne relata em seu livro “O Espiritismo perante a Ciência” alguns fatos muito interessantes, como o caso de um farmacêutico de Pavia que durante o sono levantava-se da cama e ia ao laboratório de sua farmácia, onde continuava a preparar as receitas ainda não atendidas.
4. Se o indivíduo continua a agir dormindo e tendo os olhos fechados, que se pode deduzir, senão que é sua alma quem age? E, de fato, assim o é porque, ao emancipar-se, o Espírito pode utilizar com maior facilidade as percepções que lhe são próprias, tal como nos ensina o Espiritismo quando diz que o sonambulismo natural é um estado de independência do Espírito mais completo do que o sonho, que não passaria, segundo os instrutores espirituais, de um estado de sonambulismo imperfeito.
O êxtase é uma forma de sonambulismo mais apurado
5. O sonambulismo pode ser induzido artificialmente pelos magnetizadores e o pioneiro dessa prática foi o médico austríaco Franz Anton Mesmer, que buscava nessa experiência uma forma de terapia alternativa. Em casos tais, pode o sonâmbulo entrar em contato com outros Espíritos que lhe transmitem o que devem dizer e suprem, desse modo, a sua incapacidade. O fato se verifica principalmente nas prescrições médicas e há muitos relatos na literatura espírita dando conta de que, às vezes, o Espírito do sonâmbulo “vê” o mal e outro Espírito lhe indica o remédio, caracterizando uma forma de ação mediúnica na qual o sonâmbulo é o instrumento de outras inteligências desencarnadas.
6. Outra modalidade de emancipação da alma é o êxtase, que é, segundo o Espiritismo, um sonambulismo mais apurado, porquanto a alma do extático é ainda mais independente.
7. Se no sonho e no sonambulismo o Espírito anda em giro pelos mundos que nos rodeiam, no êxtase pode penetrar em um mundo desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem que lhe seja, porém, lícito ultrapassar certos limites. Aliás, se o Espírito em êxtase os transpusesse, partir-se-iam os laços que o prendem ao corpo material.
8. Pondo-se em contato com lugares e entidades tão elevados, é fácil entender que um resplendente e incomum fulgor chega a cercar o extático, produzindo-lhe um indefinível bem-estar, que lhe permite gozar antecipadamente a beatitude celeste que somente em estados semelhantes pode vislumbrar.
A dupla vista ou segunda vista é a vista da alma
9. A dupla vista, igualmente chamada de segunda vista, é o nome que se dá ao fenômeno pelo qual certas pessoas, em perfeito estado de vigília, conseguem perceber cenas e fatos passados a distância ou exclusivamente na esfera espiritual.
10. Kardec perguntou aos instrutores espirituais se existe alguma relação entre o sonho, o sonambulismo e o fenômeno da dupla vista. Responderam os imortais que tudo isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista é o resultado da libertação do Espírito sem que o corpo esteja adormecido. A dupla vista ou segunda vista, afirmam eles, “é a vista da alma”.
11. Exemplos desses fatos existem inúmeros na literatura espírita, especialmente nos clássicos. Um deles é o que se passou com o vidente sueco Swedenborg, que podia ver e descrever com precisão Espíritos e cenas do mundo espiritual.
12. A história registra também muitos casos dessa ordem, como o ocorrido com Apolônio de Tiana, que, estando a ensinar a seus discípulos em praça pública, interrompeu-se de repente, na atitude ansiosa de quem espera alguma grave ocorrência, e em seguida anunciou o assassínio de Domiciano, morto sob o punhal de um liberto.
Respostas às questões propostas
1. O que caracteriza o sonambulismo?
R.: O que o caracteriza é o fato de o indivíduo, embora dormindo, poder movimentar-se e agir, utilizando o seu próprio corpo material, como se estivesse acordado. Ele se levanta, caminha e pratica atos próprios de sua vida com absoluta segurança e perfeição. Outra característica do fenômeno é o fato de perder o sonâmbulo, ao acordar, a lembrança do que fez dormindo.
2. No sonambulismo, como o indivíduo está dormindo, quem é que age?
R.: É sua alma que age.
3. Que é o êxtase?
R.: O êxtase é outra modalidade de emancipação da alma, uma espécie de sonambulismo mais apurado, porquanto a alma do extático é ainda mais independente.
4. Em que consiste o fenômeno da dupla vista?
R.: A dupla vista, igualmente chamada de segunda vista, é o nome que se dá ao fenômeno pelo qual certas pessoas, em perfeito estado de vigília, conseguem perceber cenas e fatos passados a distância ou exclusivamente na esfera espiritual.
5. Existe alguma relação entre o sonho, o sonambulismo e o fenômeno da dupla vista?
R.: Sim. Todos eles são formas de ocorrências derivadas da emancipação da alma. O que se chama dupla vista é o resultado da libertação do Espírito sem que o corpo esteja adormecido. A dupla vista ou segunda vista, afirmam eles, “é a vista da alma”.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 425 a 431, 439, 447 e 455.
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, item 172.
Magnetismo Espiritual, de Michaelus, pp. 8 a 10.
O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, pp. 88 a 94.
Dicionário Enciclopédico Ilustrado, de João Teixeira de Paula, pp. 42 e 43.