Oratória
espírita
Aproximadamente 350 anos
antes do nascimento de
Nosso Senhor Jesus
Cristo, um homem
caminhava pelas margens
de uma praia da antiga
Grécia, tentando vencer
suas inibições físicas,
que o impediam de
articular corretamente
as palavras. Colocando
vários seixos na boca
ele falava em voz alta,
tentando, dessa forma,
vencer o barulho das
vagas e obter a
pronúncia adequada,
compreensível e
eloquente.
Concentrado nesse
esforço, para vencer
suas limitações, esse
homem, mais tarde, e até
os nossos dias, ficaria
lembrado como Demóstenes
(384-322 a.C.), o
príncipe dos oradores da
Antiguidade.
A Retórica, desde os
gregos, tem sido
utilizada por muitos
homens e mulheres para
divulgar os seus
pensamentos, a sua
filosofia de vida, a
ciência e a ética que
adotaram.
Muitos aperfeiçoaram a
arte do discurso,
colorindo suas palavras
com imagens que os
transformaram em
personalidades
carismáticas.
A História registra
nomes famosos como
Licurgo (396-323 a.C.),
o ateniense, e Marco
Túlio Cícero (106-43
a.C.), este último
cônsul latino e autor
dos famosos quatro
discursos denominados
catilinárias, com os
quais desafiou o
patrício romano Lúcio
Sérgio Catilina (109-63
a.C.), acusando-o de
conjuração contra o
Senado de Roma.
Mais próximo ficaram
famosos os discursos de
Martin Luther King
(1929-1968), de Nikita
Khruchetchev
(1894-1971), em suas
atividades políticas, o
primeiro como defensor
da liberdade racial,
ficando célebre o seu
discurso conhecido como
Eu Tenho um Sonho,
pronunciado em 28 de
agosto de 1963, no
Lincoln Memorial, em
Washington, nos Estados
Unidos da América.
De triste memória,
contudo, aqueles que
usaram a força do
discurso para seduzir
multidões, arrastando-as
para o caos, a exemplo
de Napoleão Bonaparte
(1769-1821), de Adolf
Hitler (1889-1945), de
Josif Stalin (1879-1953)
e de Karl Marx
(1818-1883), que
estimularam revoluções,
revoltas e conflitos
armados.
Na experiência da
eloquência sacra
lembramos os sermões do
português Antônio Vieira
(1608-1697) e, na
expressão da cultura e
da disseminação da paz,
o brasileiro Rui Barbosa
(1849-1923), abalando a
sociedade europeia,
tendo sido denominado a
Águia de Haia em
decorrência do destaque
obtido na sua
participação na Segunda
Conferência da Paz, na
cidade de Haia, Holanda,
em 1907.
E muitos outros que
fizeram do verbo a
expressão de sua
personalidade, dos seus
interesses, dos seus
sistemas e dos seus
ideais filosóficos.
*
Em Paris, pelos idos de
1862, um famoso
pedagogista francês,
Hippolyte Léon Denizard
Rivail (1804-1869), ao
realizar as suas famosas
viagens espíritas
ao interior da nação
francesa, no exercício
da presidência da
Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas, por
ele fundada em 1º. de
abril de 1858, daria
início à veiculação de
uma nova oratória. Até
então e,
lamentavelmente, ainda
com certa predominância
nos dias atuais, nos
púlpitos e nas
academias, nos teatros e
nos recintos políticos
ouviam-se e ouvem-se as
palavras em torno de
filosofias esdrúxulas,
ora convidando ao
ceticismo, ora ao
materialismo, ora ao
espiritualismo sem
alma.
Aquele professor, então,
iniciaria um novo
discurso embasado em
leis divinas, cujas
diretrizes e formulações
ele recebera dos
Espíritos Superiores
enviados por Deus.
E naqueles recuados dias
do século XIX,
apresentado nas tribunas
das Casas Espíritas
nascentes como Allan
Kardec, o Codificador do
Espiritismo, ele daria
começo à oratória
espírita,
renovando e dinamizando
assim, séculos depois, o
imperativo do Cristo
direcionado aos
apóstolos: “– Ide e
pregai!”.
A Terra, mais do que
nunca, carece de Suas
palavras de vida eterna
que somente o
Espiritismo, sem
embargo, no seu tríplice
aspecto de Ciência,
Filosofia e Religião,
pode oferecer.
A oratória espírita,
impregnada da luz
inapagável dos
postulados da
Reencarnação, da Lei de
Causa e Efeito e da
Imortalidade da Alma
iluminará, um dia, e
para sempre, a Casa
Terrestre.
Referências:
(1)
Subsídios para a
Organização de um Curso
de Expositores da
Doutrina Espírita –
Federação Espírita
Brasileira/FEB.
(2)
ORATORIA A la Luz del
Espiritismo – Simoni
Privato Goidanich –
Editado por Arami Grupo
Empresarial Asunción,
Paraguay, 2008.