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Correio Mediúnico
Ano 3 - N° 123 - 6 de Setembro de 2009
 

 

Assunto de paixão

 Cornélio Pires

 
 

Você deseja notícias,

Meu caro Juca Simões,

Sobre o que existe no Além

Ante a luta das paixões.

O assunto do seu pedido,

Quanto ao que busca saber,

É tão fácil de sentir,

Tão difícil de escrever!...

 

Reconhecemos: o amor

É luz em todo ser vivo,

Mas quando vira paixão

É processo obsessivo.

Há paixões de toda espécie,

Por encargos, por dinheiro,

Por mando, posse, vingança,

Rolando no mundo inteiro.

 

Mas a paixão propriamente

É aquele calor que surge

Por labareda do amor.

No começo é uma faísca,

Com clarão vago e miúdo,

Depois é fogo crescendo,

Incêndio que arrasa tudo.

 

A pessoa nessa prova

Vagueia tonta e insegura,

Pode enrolar-se no crime,

Quanto cair na loucura.

Veja a tragédia de Alvina,

Apegou-se ao Filomeno,

O moço quis Nominata,

Alvina foi-se a veneno.

 

Eugênio amava Tintina,

Tintina escolheu Jão Massa,

Só por isso o pobre Eugênio

Vive hoje de cachaça.

Contrariado no amor,

Dedicado à Gabriela,

Excitado, o Longimano,

Deu dois tiros no pai dela.

 

Você recorda decerto

O nosso Quinquim da Areia,

Matou Ziziu por ciúme

E afundou-se na cadeia.

Recusado por Tininha,

Irvalmo arrasou Clemente,

Depois disso, exasperado,

Enlouqueceu de repente.

 

Outra cousa, veja esta:

Nessas mortes por paixão

Aparece grande parte

Dos casos de obsessão.

Ninita por desprezar,

Matou Gil de Saramenha,

Mas sem corpo Gil a segue

Como fogo atado à lenha...

 

Sertório morreu aos poucos,

Envenenado por Zuma,

Sertório desencarnado

Não a deixa hora nenhuma.

Joana desfez-se de Antero

Para entregar-se ao Fontana,

Mas o Espírito de Antero

Vive ligado com Joana.

 

Segundo todos sabemos

Cada qual vive por si,

Cuidado!... Foge à paixão

Que a paixão é isso aí...

Se você gosta de alguém,

Recorde: amor não reclama,

Não prende, nem sacrifica

E ampara sempre a quem ama.

 

Não procure ser amado

Ame e abençoe por dever,

Mantenha sinceridade

E deixe a vida correr.

Paixão é cousa da sombra,

Dor que a si própria maldiz,

Mas o amor é luz de Deus,

Amor é a vida feliz.

 


Do cap. 9 do livro Retratos da Vida, de Cornélio Pires, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita