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Estudando a série André Luiz
Ano 3 - N° 123 – 6 de Setembro de 2009

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  
 

Libertação

André Luiz

(Parte 34 e final)


Concluímos hoje o estudo da obra
Libertação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1949 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Que erros desviaram Gregório dos seus ideais de cristão?

R.: Os erros que ele cometeu foram lembrados por Matilde, que lhe disse face a face: "Sempre grande e belo no combate à política venal dos homens, cristalizaste na mente os desvarios do orgulho e da vaidade, adquiridos ao contacto de uma coroa putrescível. Afogaste ideais preciosos na corrente de ouro mundano e perdeste a visão dos horizontes divinos, mergulhando-te na sombra dos cálculos pela extensão do império de teus caprichos. Incen­saste a grandeza dos poderosos do mundo em desfavor dos humildes, in­centivaste a tirania espiritual, crendo-te possuidor de autoridade in­falível, e supunhas que o Céu, além da morte, nada mais fosse que sim­ples cópia dos Tribunais e das Cortes da Terra. Tremendos desenganos surpreenderam-te o despertar e, embora humilhado e padecente, coagu­laste os pensamentos no ácido venenoso da revolta e elegeste a escra­vização das inteligências inferiores por única posição digna a conquistar". (Libertação, cap. XX, pp. 257 a 259.) 

B. Gregório acreditou que era sua mãe quem lhe falava?

R.: Não. E certamente por isso arrancou a espada da bainha e bradou encolerizado: "Vim para combater, não para argumentar. Não temo sortilégios. Sou um chefe e não posso perder os minutos com palavras tergiversantes. Não admito a presença de minha mãe espiritual de outras eras. Conheço as artimanhas dos fascinadores e não tenho outra alternativa senão duelar". (Obra citada, cap. XX, pp. 259 e 260.) 

C. Qual foi o desfecho desse encontro?

R.: Gregório, com a espada em riste, bradou: "Às armas! às armas!". Matilde estacou, serena e humilde, embora imponente e bela, com a ma­jestade de uma rainha coroada de Sol. Passados alguns instantes, ela alçou a destra radiosa até o coração e caminhou para ele, afirmando, com voz doce e terna: "Eu não tenho outra espada, senão a do amor com que sempre te amei!" Nesse momento, revelou-se inteira diante do filho, num dilúvio de in­tensa luz. Contemplando-lhe, então, a beleza suave e sublime, banhada de lágrimas, e sentindo-lhe as irradiações enternecedoras dos braços que agora se lhe abriam, Gregório deixou cair a espada e de joelhos se prosternou, bradando: "Mãe! Minha mãe! Minha mãe!..." Ela lhe respon­deu: "Meu filho! Meu filho! Deus te abençoe! quero-te mais que nunca!" Verificara-se, ali, naquele abraço, espantoso choque entre a luz e a treva, e a treva não resistiu. (Obra citada, cap. XX, pp. 260 e 261.)

Texto para leitura

138. Lágrimas brotam dos olhos de Matilde - Gre­gório estava confuso, semiaterrado, e os companheiros de Gúbio sur­presos, ante o quadro imponente e inesperado. O sacerdote tinha então o aspecto de uma fera enjaulada, enquanto Matilde prosseguia: "Acreditas, porventura, que o amor pode alterar-se no curso do tempo? Supuseste, um dia, que eu te pudesse esquecer? Olvidaste a imantação de nossos destinos? Peregrine minhalma através de mil mundos, suspira­rei sempre pela integração de nossos espíritos. A luz sublime do amor que nos arde nos sentimentos mais profundos pode resplandecer nos pre­cipícios infernais, atraindo para o Senhor aqueles que amamos". E, numa inflexão de lágrimas que desarmaria o raciocínio mais enrijecido, acentuou: "Lembra-te! Deixaste morrer nos séculos os projetos de amor que traçamos na Toscana e na Lombardia distantes? esqueceste nossos votos ao pé dos altares humildes? olvidaste as cruzes de pedra que nos ouviam as orações? não prometemos ambos trabalhar em comum pela puri­ficação dos santuários de Deus na Terra?" E Matilde continuou: "Sempre grande e belo no combate à política venal dos homens, cristalizaste na mente os desvarios do orgulho e da vaidade, adquiridos ao contacto de uma coroa putrescível. Afogaste ideais preciosos na corrente de ouro mundano e perdeste a visão dos horizontes divinos, mergulhando-te na sombra dos cálculos pela extensão do império de teus caprichos. Incen­saste a grandeza dos poderosos do mundo em desfavor dos humildes, in­centivaste a tirania espiritual, crendo-te possuidor de autoridade in­falível, e supunhas que o Céu, além da morte, nada mais fosse que sim­ples cópia dos Tribunais e das Cortes da Terra. Tremendos desenganos surpreenderam-te o despertar e, embora humilhado e padecente, coagu­laste os pensamentos no ácido venenoso da revolta e elegeste a escra­vização das inteligências inferiores por única posição digna a con­quistar". (Cap. XX, pp. 257 a 259) 

139. A reação de Gregório - As palavras de Matilde prosseguiram incisi­vas recordando-lhe que durante séculos ele tinha sido apenas rude dis­ciplinador de almas criminosas e perturbadas, mas que o imenso tédio do mal e a profunda solidão interior lhe invadiam, agora, as horas. Ele aprendera com desapontamento que os tesouros divinos não repousam em frias arcas de valores amoedados e que Jesus não tem tempo para frequentar basílicas suntuosas, não obstante respeitáveis, porque da escura senda humana emergem soluços de peregrinos sem luz e sem lar, sem arrimo e sem pão... Bastante comovida e com dificuldades para con­tinuar, Matilde prosseguiu: "Como pudeste esquecer, por alguns dias de autoridade efêmera na Terra, as nossas redentoras visões do Cristo an­gustiado na cruz? Aderiste aos dragões do Mal pela simples verificação de que a tiara passageira não te poderia aureolar a cabeça nos domí­nios da vida eterna a que a morte nos arrebatou; entretanto, o Divino Amigo jamais descreu das nossas promessas de serviço e espera por nós com a mesma abnegação do princípio. Vamos! Sou Matilde, alma de tua alma, que, um dia, te adotou por filho querido e a quem amaste como dedicada mãe espiritual". A nobre mulher calou-se, interditada pela corrente de pranto. Gregório, então, fazendo o possível por manter-se de pé, gritou: "Não creio! não creio! Estou só! consagrei-me ao ser­viço das sombras e não tenho outros compromissos”. Um tom de pavor in­descritível transbordava de sua voz. Ele parecia disposto à fuga, francamente transformado, mas, ante a assembleia extática e silen­ciosa, mantinha-se magnetizado pela palavra da benfeitora que se fazia ouvir, austera e doce, bela e terrível, escalpelando-lhe a consciên­cia. Gregório espraiou então o olhar de leão ferido por todos os ângu­los do campo e, sentindo-se o centro de quantos assistiam à cena ines­perada, exteriorizou no semblante todo o desespero que lhe tomava a alma, arrancou a espada da bainha e bradou encolerizado: "Vim para combater, não para argumentar. Não temo sortilégios. Sou um chefe e não posso perder os minutos com palavras tergiversantes. Não admito a presença de minha mãe espiritual de outras eras. Conheço as artimanhas dos fascinadores e não tenho outra alternativa senão duelar". (Cap. XX, pp. 259 e 260) 

140. E a treva não resistiu - Fitando a delicada forma de luz que pai­rava no espaço, o sacerdote das trevas desafiou: "Por quem és! Anjo ou demônio, aparece e combate! Aceitas meu desafio?" – "Sim", respondeu Matilde, com ternura e humildade. Após alguns momentos de ansiosa ex­pectativa, apagou-se a garganta luminosa que brilhava sobre o grupo e leve massa radiante e disforme surgiu, não longe, à vista de todos. Em poucos instantes ergueu-se Matilde, de rosto velado por véu de gaze tenuíssimo. A túnica alva e luminescente, aliada ao porte esguio e no­bre, sob a auréola de safirina luz, traziam à lembrança alguma encan­tada madona da Idade Média, em súbita aparição. Ela se adiantou em direção de Gregório, mas este, perturbado e impaciente, atacou-a de longe e empunhou a lâmina em riste, bradando: "Às armas! às armas!". Matilde estacou, serena e humilde, embora imponente e bela, com a ma­jestade de uma rainha coroada de Sol. Decorridos alguns instantes li­geiros, ela alçou a destra radiosa até o coração e caminhou para ele, afirmando, com voz doce e terna: "Eu não tenho outra espada, senão a do amor com que sempre te amei!" Nesse momento, desvelou o semblante vestalino, revelando-se inteira diante do filho, num dilúvio de in­tensa luz. Contemplando-lhe, então, a beleza suave e sublime, banhada de lágrimas, e sentindo-lhe as irradiações enternecedoras dos braços que agora se lhe abriam, Gregório deixou cair a espada e de joelhos se prosternou, bradando: "Mãe! Minha mãe! Minha mãe!..." Ela lhe respon­deu: "Meu filho! Meu filho! Deus te abençoe! quero-te mais que nunca!" Verificara-se, ali, naquele abraço, espantoso choque entre a luz e a treva, e a treva não resistiu... Gregório, como que abalado nos refo­lhos do ser, regressara à fragilidade infantil, em pleno desmaio da força que o sustinha. Iniciara, finalmente, sua libertação. (Cap. XX, pp. 260 e 261) 

141. Missão cumprida - Matilde recolheu o filho nos braços, enquanto numerosos membros da sombria falange fugiam espavoridos. Depois, a no­bre mulher agradeceu a Gúbio e seus amigos a ajuda recebida e, em se­guida, confiou aos cuidados do Instrutor o filho vencido, despedindo-se de todos sob um coro de hosanas, para seguir, de mais longe, a pre­paração do futuro glorioso. Edificado, feliz, Gúbio, agora refeito, sustentou Gregório, inerte, nos braços, à maneira do cristão fiel que se orgulha de suportar o companheiro menos feliz. Orou, então, cercado de claridade santificante, arrancando a todos lágrimas irreprimíveis de alegria e reconhecimento; depois, ante a paz que se estabelecera, triunfante e ditosa, deu por finda a nossa tarefa, dispondo-se a guiar a heterogênea, mas expressiva coletividade de novos estudantes do bem, até a importante colônia de trabalho regenerador. Chegava para André a hora da despedida. Seus olhos estavam úmidos de pranto, quando Gúbio o abraçou e falou-lhe, bondoso: "Jesus te recompense, filho meu, pelo papel que desempenhaste nesta jornada de libertação. Nunca te esqueças de que o amor vence todo ódio e de que o bem aniquila todo mal". (Cap. XX, pp. 261 a 263)

Fim

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita