Confiança e fé
Certa ocasião, por volta
de 1987, dois anos antes
de sua desencarnação em
1989, Jerônimo Mendonça,
o “gigante deitado”, que
se notabilizou no meio
espírita brasileiro por
sua coragem ante
terríveis sofrimentos,
como dores no peito,
paralisia, cegueira,
provocados por uma grave
artrite reumatóide
juvenil, foi fazer uma
visita, levado em seu
leito, para um amigo
homônimo, ou seja,
também Jerônimo. Este
estava internado em
estado grave no hospital
São José, em Ituiutaba,
MG. Dores lancinantes o
incomodavam muito.
Impossibilitado de
entrar, pois a visita
não foi permitida,
Jerônimo, através de
amigos, enviou-lhe um
bilhete, que havia
ditado:
“Jerônimo,
Onde está tua fé?
Confiemos em Jesus. Do
amigo, Jerônimo”.
Pouco depois, esse amigo
desencarnou. Seu irmão
levou ao nosso Jerônimo
um livro dele. Era uma
lembrança para os
amigos. Um livro para
cada um.
Tempos depois, com
muitas dores, Jerônimo
pediu à sua irmã que lhe
abrisse um livro
qualquer de sua estante
e lesse uma mensagem “ao
acaso”.
Ela abriu um livro e
falou: “Olha, Jerônimo,
que interessante! Nesse
livro tem um bilhete:
“Jerônimo,
Onde está tua fé?
Confiemos em Jesus. Do
amigo, Jerônimo”.
Ele considerou isso uma
resposta, a sua própria,
através do amigo
desencarnado.
Toda essa história nós
rememoramos para
relembrar onde está a
nossa fé.
“Se tiverdes fé do
tamanho de um grão de
mostarda, direis a essa
montanha: transporta-te
daqui para ali e ela se
transportará, e nada vos
será impossível” (Jesus)
Ficamos meditando um
pouco sobre esse assunto
desde que a gripe H1N1
chegou ao Brasil e
começou a circular.
Temos visto um
verdadeiro pânico com
relação a esse assunto.
A maior nação católica
do mundo, a maior nação
espírita do mundo, e a
evangélica crescendo
intensamente! Esperamos
que o espírita não
esteja com medo da
morte, porque esse medo
que chega ao pânico no
fundo revela falta de fé
na imortalidade da alma,
medo intenso da morte.
Nós, que estamos na área
médica, na fila da
frente ao combate dessa
gripe, estamos
testemunhando
cotidianamente essa
situação. Estamos
exercitando a consolação
para centenas de
pacientes, que, sabendo
que estão com essa
gripe, estão desabando
emocionalmente, chegando
ao desespero, o que nos
leva a ter que, a cada
um, esclarecer,
orientar, consolar,
acalmar, para que a
pessoa enferma possa
sair em paz, sem se
sentir condenada à
morte.
Que medo é esse? É claro
que há que ter cautela,
mas não pavor, a ponto
de alguém nem poder dar
mais um simples espirro
sem ser olhado com
desconfiança.
Lamentamos, também, o
que algumas pessoas
desavisadas estão
fazendo, querendo
limitar a afetividade,
cercear o amor,
impedindo abraços e
beijos entre amigos. É
claro que, desde que nos
entendemos por gente,
quem está gripado não
fica beijando ou
abraçando os outros, até
sarar. É uma questão de
bom senso e consciência.
A higiene dever ser
reforçada, e a higiene
melhorada – no fundo,
vai sanar muitas
doenças. Limitar ou
cercear o afeto, o
carinho, isso não! A
falta de amor também
mata. A falta de amor
provoca o crescimento de
um ser humano que pode
ser indiferente ou
violento até, dependendo
do tipo de espírito
reencarnado, dos
sentimentos que traz
consigo.
Não devemos nos esquecer
que é a falta do amor
que provoca cada vez
mais enfermidades neste
nosso sofrido planeta, e
que é o amor crescente e
belo que vai equilibrar
harmonicamente o
espírito, de modo que,
um dia, quando o amor
triunfar, pouca ou
nenhuma doença haverá
num mundo feliz, onde
provas ou expiações não
serão mais necessárias,
porque o amor regerá o
planeta.
Tenhamos um pouco mais
de fé e vamos agir com a
consciência reta, para
não termos medo da
morte, que, afinal de
contas, só atinge o
corpo, pois o espírito é
imortal, como a palavra
já o diz – viverá
sempre.Façamos o que
pudermos para ajudar a
ciência e a medicina
para não termos doenças,
mas com fé, confiança em
Deus e sempre com afeto
e amor, pois o amor é
escudo, é proteção.
Amemos mais, muito mais,
sempre mais, porque o
nosso muito ainda é
muito pouco neste nosso
planeta de provas e
expiações, onde somos,
na maioria, aprendizes
do amor.