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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 123 - 6 de Setembro de 2009

JANE MARTINS VILELA
limb@sercomtel.com.br
Cambé, Paraná (Brasil)
 

Confiança e fé


Certa ocasião, por volta de 1987, dois anos antes de sua desencarnação em 1989, Jerônimo Mendonça, o “gigante deitado”, que se notabilizou no meio espírita brasileiro por sua coragem ante terríveis sofrimentos, como dores no peito, paralisia, cegueira, provocados por uma grave artrite reumatóide juvenil, foi fazer uma visita, levado em seu leito, para um amigo homônimo, ou seja, também Jerônimo. Este estava internado em estado grave no hospital São José, em Ituiutaba, MG. Dores lancinantes o incomodavam muito. Impossibilitado de entrar, pois a visita não foi permitida, Jerônimo, através de amigos, enviou-lhe um bilhete, que havia ditado:

“Jerônimo,

Onde está tua fé? Confiemos em Jesus. Do amigo, Jerônimo”.

Pouco depois, esse amigo desencarnou. Seu irmão levou ao nosso Jerônimo um livro dele. Era uma lembrança para os amigos. Um livro para cada um.

Tempos depois, com muitas dores, Jerônimo pediu à sua irmã que lhe abrisse um livro qualquer de sua estante e lesse uma mensagem “ao acaso”.

Ela abriu um livro e falou: “Olha, Jerônimo, que interessante! Nesse livro tem um bilhete:

“Jerônimo,

Onde está tua fé? Confiemos em Jesus. Do amigo, Jerônimo”.

Ele considerou isso uma resposta, a sua própria, através do amigo desencarnado.

Toda essa história nós rememoramos para relembrar onde está a nossa fé.

“Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a essa montanha: transporta-te daqui para ali e ela se transportará, e nada vos será impossível” (Jesus)

Ficamos meditando um pouco sobre esse assunto desde que a gripe H1N1 chegou ao Brasil e começou a circular. Temos visto um verdadeiro pânico com relação a esse assunto. A maior nação católica do mundo, a maior nação espírita do mundo, e a evangélica crescendo intensamente! Esperamos que o espírita não esteja com medo da morte, porque esse medo que chega ao pânico no fundo revela falta de fé na imortalidade da alma, medo intenso da morte.

Nós, que estamos na área médica, na fila da frente ao combate dessa gripe, estamos testemunhando cotidianamente essa situação. Estamos exercitando a consolação para centenas de pacientes, que, sabendo que estão com essa gripe, estão desabando emocionalmente, chegando ao desespero, o que nos leva a ter que, a cada um, esclarecer, orientar, consolar, acalmar, para que a pessoa enferma possa sair em paz, sem se sentir condenada à morte.

Que medo é esse? É claro que há que ter cautela, mas não pavor, a ponto de alguém nem poder dar mais um simples espirro sem ser olhado com desconfiança.

Lamentamos, também, o que algumas pessoas desavisadas estão fazendo, querendo limitar a afetividade, cercear o amor, impedindo abraços e beijos entre amigos. É claro que, desde que nos entendemos por gente, quem está gripado não fica beijando ou abraçando os outros, até sarar. É uma questão de bom senso e consciência. A higiene dever ser reforçada, e a higiene melhorada – no fundo, vai sanar muitas doenças. Limitar ou cercear o afeto, o carinho, isso não! A falta de amor também mata. A falta de amor provoca o crescimento de um ser humano que pode ser indiferente ou violento até, dependendo do tipo de espírito reencarnado, dos sentimentos que traz consigo.

Não devemos nos esquecer que é a falta do amor que provoca cada vez mais enfermidades neste nosso sofrido planeta, e que é o amor crescente e belo que vai equilibrar harmonicamente o espírito, de modo que, um dia, quando o amor triunfar, pouca ou nenhuma doença haverá num mundo feliz, onde provas ou expiações não serão mais necessárias, porque o amor regerá o planeta.

Tenhamos um pouco mais de fé e vamos agir com a consciência reta, para não termos medo da morte, que, afinal de contas, só atinge o corpo, pois o espírito é imortal, como a palavra já o diz – viverá sempre.Façamos o que pudermos para ajudar a ciência e a medicina para não termos doenças, mas com fé, confiança em Deus e sempre com afeto e amor, pois o amor é escudo, é proteção. Amemos mais, muito mais, sempre mais, porque o nosso muito ainda é muito pouco neste nosso planeta de provas e expiações, onde somos, na maioria, aprendizes do amor.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita