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Joias da poesia contemporânea
Ano 3 - N° 127 - 4 de Outubro de 2009
 

 

Painel  do  Umbral

 

Antonio Félix de Bulhões Jardim

 

Minha alma ardendo em febre ante o espaço sombrio,

Sob espessa ilusão torna-se idiota.

Qual duende do horror, contornando o vazio,

Ia e vinha a penar sem luz, sem paz, sem rota...

 

O ponteiro do tempo errava em desvario...

E eis que horrendo tremor lambe a terra ignota...

Na tortura do assombro, agoniado, espio

A tormenta abismal na vastidão remota...

 

Fogaréu a verter de sinistras montanhas...

O fumo a espiralar mil sensações estranhas...

Lagos de lodo e fel em lava incandescente...

 

Agora, mais feliz, sem que o verbo me exprima,

Sei que no Umbral de angústia aos Páramos de Cima,

Ninguém padece, dorme ou sonha eternamente!...

 

 

Antonio Félix de Bulhões Jardim nasceu em 28/8/1845 e faleceu em 29/3/1887, em Goiás, Estado de Goiás. Poeta, jornalista e político, fundou várias publicações, a exemplo de Goiaz, Província de Goiaz e  Tribuna Livre, onde expôs suas ideias de liberal e autêntico antiescravagista. Membro da magistratura goiana, chegou a desembargador. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita