Deus
Antero de Quental
Quem, senão Deus, criou
obra tamanha,
O espaço e o tempo, as
amplidões e as eras,
Onde se agitam
turbilhões de esferas,
Que a luz, a excelsa
luz, aquece e banha?
Quem, senão ele, fez a
esfinge estranha
No segredo inviolável
das moneras,
No coração dos homens e
das feras,
No coração do mar e da
montanha!
Deus!... somente o
Eterno, o Impenetrável,
Poderia criar o
imensurável
E o Universo infinito
criaria!...
Suprema paz, intérmina
piedade,
E que habita na eterna
claridade
Das torrentes da Luz e
da Harmonia!
Antero de Quental nasceu
na ilha de São Miguel,
nos Açores, em 1842, e
desencarnou em 1891. É
vulto eminente e
destacado nas letras
portuguesas,
caracterizando-se pelo
seu espírito filosófico.
O soneto acima integra o
Parnaso de
Além-Túmulo, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.