MARCELO
DAMASCENO DO
VALE
marcellus.vale@gmail.com
Curitiba, Paraná
(Brasil)
Anseios da
Imortalidade
“... ou tudo ou
nada: Viveremos
eternamente, ou
tudo se
aniquilará de
vez? É uma tese,
essa, que se
impõe.” (O Céu e
o Inferno –
Capítulo 1, Item
1.)
Quantos esforços
da medicina, dos
laboratórios
farmacêuticos,
dos biólogos
para alcançar e
tornar real o
mito da
imortalidade? As
mudanças da
fisionomia à
medida que
avançamos nos
anos e uma
mentalidade
moderna de
valorização da
aparência em
detrimento do
conteúdo,
permitiu a
criação recente
da indústria das
plásticas, dos
cosméticos
rejuvenescedores,
buscando
imortalizar a
beleza física em
uma luta insana
contra a
velhice, contra
a morte.
A guerra contra
o decaimento das
estruturas
biológicas,
buscando, se
possível, a
imortalidade, é
enfatizada por
pesquisadores
nas técnicas de
congelamento,
aguardando um
futuro onde
seria possível
reviver os
corpos.
Engenheiros da
Genética e da
Biologia gastam
fortunas em
pesquisas, nas
quais consigam
evitar o
encurtamento dos
telômeros (*)
nos cromossomos,
evitando a morte
celular.
Um americano,
desenvolvedor de
jogos para
computador,
Richard Garriot,
elaborou o que
chama de
disco da
imortalidade.
Um microchip que
contém o DNA
sequenciado e
digitalizado de
algumas pessoas.
Esse disco será
levado ao espaço
e depositado na
Estação Espacial
Internacional.
Teoricamente,
segundo o
criador, se
alguma tragédia
ocorrer à raça
humana, pode ser
que o DNA deles
seja usado para
ressuscitar a
humanidade por
uma civilização
alienígena.
O cinema trouxe
a imortalidade
em obras como “O
Sexto Dia”, onde
a clonagem
permitiria a
manutenção
eterna da vida
física,
transferindo-se
as memórias para
um novo corpo
após a morte do
corpo anterior.
Jonathan Swift,
no livro “As
viagens de
Gulliver”,
refere-se a
seres imortais.
Karen Marie
Moning escreveu
sobre guerreiros
imortais, os
highlanders.
Peter Kelder
relata o
encontro da
fonte da
juventude,
anteriormente
almejada pelo
conquistador
espanhol Juan
Ponce de Leon.
A Academia
Brasileira de
Letras denomina
seus membros
como imortais,
mas poucos, além
deles próprios,
lembram a
sequência de
ocupantes das
suas cadeiras.
O arquétipo da
vida eterna foi
apresentado, com
maior destaque,
na mitologia
grega e romana
através dos
deuses imortais.
Contudo, hoje, é
desesperadora a
busca da
humanidade pela
sobrevivência
prolongada – ou
a imortalidade
se possível. A
ideia de
aniquilamento
maltrata a razão
e desgasta o
sentimento
arrasando a
resistência
moral heroica,
resvalando o ser
na busca
desesperada por
emoções
artificiais.
Não enxergando a
sua própria
imortalidade e
sentindo-se
vencido pela
ideia inevitável
do
aniquilamento,
não obstante
todas as
técnicas de
adiamento da
velhice,
principalmente
quando assiste à
morte de entes
queridos ou
próximos e
também graças às
mensagens
violentas e
atormentadas dos
veículos de
comunicação, o
ser humano
entrega-se ao
esquecimento de
si mesmo no
alcoolismo, na
toxicomania, à
viciação sexual.
Desejando o
esquecimento de
si mesmo, pois
raramente se
permite refletir
sobre sua
natureza e sua
destinação,
entrega-se ao
desânimo.
Em uma época
onde o
utilitarismo
devasta
esperanças, é
fundamental
voltarmo-nos
para o Cristo
que comprovou a
eternidade da
alma, voltando
após o sepulcro.
Jesus demonstrou
que somos
Espíritos
eternos,
transitoriamente
envolvidos por
um corpo que
reduz as
percepções
reais.
Entender que a
morte é uma
transição, um
fenômeno de
renovação
indispensável em
nossa ascensão
para novos
níveis
evolutivos, é
receita
saudável,
encontrando
nesta amiga a
continuação
daquilo que
somos.
Nosso grande
desafio nesses
tempos de
desespero ante a
morte é vivermos
como Espíritos,
internalizarmos
a realidade de
que nós já somos
eternos,
imortais.
Ante as dúvidas
sobre a nossa
eternidade,
lembremos a
saudação dos
primeiros tempos
cristãos:
– “Ave-Cristo!
Os que vão
viver para
sempre
te glorificam e
saúdam!”
Na verdade, na
verdade vos digo
que, se o grão
de trigo, caindo
na terra, não
morrer, fica ele
só; mas se
morrer, dá muito
fruto (João
12:24).
(*) Os telômeros
funcionam como
um protetor para
os cromossomos,
assegurando que
a informação
genética (DNA)
relevante seja
perfeitamente
copiada quando a
célula se
duplica. Cada
vez que a célula
se divide, os
telômeros são
ligeiramente
encurtados e
como não se
regeneram chega
a um ponto em
que, de tão
encurtados a
célula perde
completa ou
parcialmente a
sua capacidade
de divisão. O
organismo tende
a morrer num
curto prazo de
tempo no momento
em que seus
telômeros se
esgotam.