ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Evolução Anímica
Gabriel
Delanne
(Parte
10)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico A
Evolução Anímica,
que será aqui estudado
em 17 partes.
A fonte do estudo é a
8ª edição do livro,
baseada em tradução de
Manoel Quintão publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Há alguma prova
direta do papel do
perispírito na
conservação das
lembranças do que ocorre
ao homem?
Sim. A prova disso é a
manifestação da alma
após a morte, a qual se
nos revela dotada de
todas as faculdades e
lembranças, não apenas
de sua última
encarnação, mas
abrangendo longos
períodos pretéritos.
(A Evolução Anímica, pp.
130 e 131.)
B. Onde se forma a
biblioteca do ser
pensante, esse tesouro
chamado inconsciente?
É no perispírito que se
forma essa biblioteca de
informações e
reminiscências
pertinentes às
existências do ser
pensante, do qual elas
podem emergir em dado
momento, ou seja,
transitar do
inconsciente para o
consciente.
(Obra citada, pág. 133.)
C. Em que consiste a
memória?
A memória é o fulcro, o
alicerce da vida mental
e compreende três
coisas: a conservação
de certos estados, sua
reprodução e sua
localização no
passado. Na velha
psicologia, só o
terceiro termo
constituía a memória,
mas se comprovou
indispensável admitir o
inconsciente, ou seja,
as lembranças não mais
percebidas pelo eu
normal e que, no
entanto, subsistem.
(Obra citada, pp. 135 e
136.)
Texto para leitura
100. O Espírito não
conhece diretamente o
mundo exterior.
Entaipado num corpo
material, não percebe os
objetos senão pelos
sentidos. Ora, a luz e o
som só lhe chegam sob a
forma de vibrações,
diferentes segundo a
cor, para a vista, e
segundo a intensidade,
para o som. Ele dá um
nome a tal ou qual
natureza de vibrações,
mas não conhece
intrinsecamente a luz
nem o som. Já houve quem
comparasse a célula
psíquica ao fósforo,
que, depois de sofrer a
ação da luz, permanece
luminoso na obscuridade.
Delanne prefere, no
entanto, compará-la à
placa sensível, que,
impressionada pela luz,
conserva para sempre,
graças a uma reação
química, fixo e
indelével, o traço da
excitação luminosa.
(Págs. 128 e 129)
101. Todo o mundo, diz
Delanne, está de acordo
em que as modificações
produzidas nas células
são permanentes.
Delboeuf afirma: “Toda
impressão deixa um traço
inapagável, isto é: uma
vez diversamente
dispostas e forçadas a
vibrar de outro modo, as
moléculas jamais
retornarão ao estado
primitivo”. Richet
assevera: “Assim como na
natureza não há, jamais,
perda de energia
cósmica, mas, apenas,
transformação
incessante, assim também
nada se perde do que
abala o espírito humano.
É a lei de conservação
da energia, sob um ponto
de vista diferente”.
(Págs. 129 e 130)
102. É fato averiguado
que a repetição de
palavras e frases de um
idioma acaba por
tornar-se uma operação
automática para o
Espírito. O que sucede
com a linguagem ocorre
com qualquer outra
aquisição intelectual.
Em todos nós, a tábua de
multiplicação tornou-se
automática, e, contudo,
começamos por decorá-la
conscientemente. Esses
fatos colocam-nos em
face do problema ora
focalizado: a
ressurreição das
lembranças prístinas, a
despeito da renovação
integral e global das
células. Se não houvesse
perispírito, que é que
imprimiria nas novas
células o antigo
movimento? É no
perispírito, pois, que
reside a conservação do
movimento e damos como
prova direta disso a
manifestação da alma
após a morte, a qual se
nos revela dotada de
todas as faculdades e
lembranças, não apenas
de sua última
encarnação, mas
abrangendo longos
períodos pretéritos.
(Págs. 130 e 131)
103. Condições da
percepção – Para que
uma sensação seja
percebida, isto é, para
que se torne um estado
consciencial, duas
condições são
indispensáveis: a
intensidade e a
duração. (Pág.
132)
104. A intensidade é
condição muito variável,
mas faz-se preciso um
mínimo de intensidade
para que se verifique a
percepção, porque não
ouvimos, por exemplo, os
sons muito brandos. É
por não guardarem
intensidade constante
que as percepções
diminuem
insensivelmente, até não
mais poderem ficar
presentes no espírito,
caindo assim “abaixo dos
domínios da
consciência”. (Pág.
132)
105. A duração, ou o
tempo necessário para
que uma sensação seja
percebida, ou melhor,
para que o Espírito tome
conhecimento do
movimento perispiritual,
foi determinada há uma
trintena de anos para as
diversas percepções. Se
bem que os resultados
variem conforme as
pessoas, as
circunstâncias e a
natureza dos atos
psíquicos estudados,
ficou pelo menos
estabelecido que cada
ato psíquico requer uma
duração apreciável e que
a pretensa velocidade
infinita do pensamento
não passa de metáfora.
Fique claro, pois, que
toda ação nervosa, cuja
duração seja inferior à
requerida pela ação
psíquica, não pode
despertar a consciência.
Assim, para que uma
sensação se torne
consciente é
imprescindível que o
movimento perispiritual
tenha uma certa duração;
sem isso o registro se
fará, sem que a alma
tenha dele conhecimento.
(Pág. 132)
106. Gravam-se, pois, no
perispírito as sensações
com uma certa
durabilidade; mas elas
não permanecem no campo
da consciência.
Desaparecem,
momentaneamente, para
dar lugar a outras e
tornam-se, por assim
dizer, inconscientes. A
mesma coisa dá-se em
relação a tudo que temos
visto, lido e aprendido.
Por conseguinte, nossa
alma cria, desde o
nascimento, uma reserva
imensa de sensações,
volições, ideias, uma
vez que o mecanismo
mediante o qual a alma
atua sobre a matéria é
igualmente mantido no
invólucro fluídico. Cada
painel contemplado, cada
leitura que fazemos,
deixa em nós um traço.
As ideias ligam-se e
entrosam-se por lei de
associação, que também
prevalece para as
sensações e percepções.
O território em que se
escalonam esses
materiais é o
perispírito. É nele que
se forma a biblioteca do
ser pensante, esse
tesouro que denominamos
o inconsciente. (Pág.
133)
107. O eu, o
único ser que pode
conhecer e compreender,
é sempre ativo e
operante; mas tudo o que
aprende e sente
classifica-se
mecanicamente, em
virtude da diminuição de
intensidade e
temporariedade das
impressões, sob a forma
de movimentos no seu
invólucro, prontas a
reaparecer ao primeiro
apelo da vontade. O
inconsciente pode ser
movido também pelo
trabalho do Espírito
durante o sono. Os atos
psíquicos que se
produzem sem a
intervenção do corpo
físico não têm, contudo,
a intensidade suficiente
para se tornarem
conscientes no estado
normal. (Pág. 134)
108. Reitor do corpo e
guarda dos estados
conscienciais, o
perispírito está, assim,
em constante movimento,
determinando o ritmo
incessante das ações
vitais da vida
vegetativa e orgânica e
o correspondente a
outras modalidades
psíquicas da alma
consciente, inclusive as
correspondentes aos
estados passados.
(Pág. 135)
109. A memória é o
fulcro, o alicerce, da
vida mental e compreende
três coisas: a
conservação de
certos estados, sua
reprodução e sua
localização no
passado. Na velha
psicologia, só o
terceiro termo
constituía a memória,
mas se comprovou
indispensável admitir o
inconsciente, ou seja,
as lembranças não mais
percebidas pelo eu
normal e que, no
entanto, subsistem.
(Págs. 135 e 136)
110. O instinto, dizem,
é ato hereditário
específico, o que
implica a existência de
uma memória hereditária,
memória orgânica, que
sabemos residir no
perispírito. Eis o
mecanismo dessa
operação: 1o.
– Há na vida orgânica,
primariamente, fenômenos
automáticos dependentes
da vida em si mesma e
que começam e acabam com
ela: são os movimentos
do coração os
respiratórios. 2o.
– Em seguida temos toda
uma série de ações
reflexas: o melhor tipo
a apresentar desses
reflexos é o conjunto
dos fenômenos da
digestão, que são a
consequência do
movimento inicial da
deglutição. 3o.
– Uma excitação exterior
provoca movimentos
reflexos de reação que
buscam uma melhor
adaptação do ser vivente
ao seu meio, seja por
defender-se, fugir ou
buscar. Essas ações, que
eram primitivamente
voluntárias, tornaram-se
instintivas, por efeito
de repetições
inumeráveis. 4o.
– Também se produzem
conjuntos de movimentos
musculares pela simples
ação da vontade e que
requerem quantidade
enorme de ações reflexas
apropriadas, a revelarem
uma técnica inteiramente
desconhecida do
Espírito. (Págs. 136
e 137)
(Continua no próximo
número.)