Alba Cordelia Noronha de
Oliveira, de Itororó (BA),
pergunta: Como a Doutrina
Espírita explica o mistério
da Santíssima Trindade?
Colhida numa lenda hindu, a
ideia da Trindade foi
inserida na teologia
católica a partir do século
IV. As discussões e
perturbações que suscitou
essa questão agitaram os
espíritos durante três
séculos e só vieram a cessar
com a proscrição dos bispos
arianos, ordenada pelo
imperador Constantino, e o
banimento do papa Líbero,
que não quis sancionar a
decisão do Concílio.
A divindade de Jesus fora
anteriormente rejeitada por
três concílios, o mais
importante dos quais foi
realizado em Antioquia, no
ano de 269.
Léon Denis trata do assunto
no cap. VI de seu livro
Cristianismo e Espiritismo,
no qual nos diz que a
concepção da Trindade
apresenta-se em contradição
formal com as opiniões dos
apóstolos e com as palavras
de Jesus, que com frequência
se designava Filho
do homem, raramente se
chamava Filho
de Deus e nunca se
declarou Deus. Pedro –
lembra Denis – entendia que
Jesus era “o Cristo”, isto
é, enviado de Deus, e assim
se referiu ao Mestre: “Jesus
Nazareno foi um
varão ,
aprovado por Deus entre vós,
com virtudes e prodígios e
sinais que Deus obrou por
ele no meio de vós”. Lucas
considerava-o um profeta e
Paulo dizia, enfático: “Só
há um Deus e um só mediador
entre Deus e os homens, que
é Jesus-Cristo, homem”.(Cristianismo
e Espiritismo, cap. VI, pp.
73 a 83.)
Outro dado importante
lembrado por Denis é que a
expressão Espírito
Santo não
aparece no original grego
dos evangelhos.
O qualificativo sanctus,
em seguida à palavra
espírito, que deu origem à
expressão Espírito Santo,
não existe no texto grego,
uma vez que o Espírito
Santo, como terceira pessoa
da Trindade, foi imaginado
apenas no fim do século II. (Obra
citada, Nota complementar n.
6, p. 277.)
Resta-nos, por fim,
esclarecer que a doutrina da
Trindade, além de não ter
nenhum fundamento bíblico,
fere um dos pilares da
doutrina contida no Antigo
Testamento, que estabelece
como princípio o mais
absoluto monoteísmo.
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