ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Evolução Anímica
Gabriel
Delanne
(Parte
11)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico A
Evolução Anímica,
que será aqui estudado
em 17 partes.
A fonte do estudo é a
8ª edição do livro,
baseada em tradução de
Manoel Quintão publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. O que vem a ser
recordar?
Para entender o que é
recordar, basta lembrar
as fases por que passa a
sensação para que haja a
percepção. Recordar é
restituir-lhe as duas
condições indispensáveis
à percepção: intensidade
e duração. Quando
voluntariamente
concentramos o
pensamento numa coisa
que desejamos recordar,
enviamos na sua direção
uma série de influxos
que objetivam dar ao
movimento perispiritual
o mesmo período
vibratório que ele tinha
no momento em que fora
registrado, isto é,
percebido. Quando
queremos reaver uma
lembrança precisa, o
Espírito emprega outros
meios, servindo-se
daquilo que Ribot chamou
de “ponto de
referência”. Os pontos
de referência permitem
simplificar o mecanismo
da localização no
passado, pois, quando
frequentemente
utilizados, a
localização torna-se
automática, tal como se
dá com o hábito.
(A Evolução Anímica, pp.
145 a 148.)
B. Há muitos meios
eficazes para se
provocar o sonambulismo?
Sim. Numerosos são esses
meios. Um dos processos
mais usados pelos
hipnotistas é o de Braid,
que consiste na fixação
do olhar num objeto
qualquer, brilhante ou
não, que se vai
aproximando dos olhos,
de modo a determinar uma
convergência forçada e
fatigante dos globos
oculares. Pode-se
hipnotizar também
produzindo um ruído
monótono e prolongado,
ou violento e subitâneo.
Igualmente um jato de
luz, a compressão de uma
parte do corpo, como o
vértex – o ápice do
crânio ou o alto da
cabeça – nos histéricos,
a constrição dos
polegares e os passes
magnéticos são outros
meios de hipnotização.
Emprega-se por fim a
sugestão, que consiste
em cerrar as pálpebras
do paciente e
ordenar-lhe imperativa e
reiteradamente que
durma, para que o efeito
se produza.
(Obra citada, pp. 167 e
168.)
C. O que se dá com a
alma no estado de
exaltação ou excitação?
A exaltação da
sensibilidade
corresponde a uma
espécie de
desprendimento da alma.
O perispírito fica menos
tolhido pelo corpo, os
liames habituais
momentaneamente se
afrouxam. Levada essa
ação até ao
desdobramento, os
sentidos adquirem uma
acuidade extrema, visto
que a sensação não mais
se exerce pelos órgãos
dos sentidos. Eis por
que um surdo poderá
ouvir perfeitamente e um
cego enxergar até mesmo
no escuro. A célebre
Estela, estudada pelo
Dr. Despine, de Aix, era
impotente e paralítica,
mas, sonambulizada,
podia correr e saltar
com agilidade.
(Obra citada, pp. 168 e
169.)
Texto para leitura
111. O verdadeiro tipo
da memória orgânica deve
ser procurado no grupo
de fatos que Hartley
denominou “ações
automáticas
secundárias”, em
oposição aos atos
automáticos inatos. De
modo geral, pode-se
dizer que os membros e
órgãos sensoriais do
adulto não funcionam tão
facilmente, senão à
custa de movimentos
adquiridos e
coordenados, que
constituem, para cada
parte do corpo, sua
memória especial, o
capital acumulado de que
vive e mediante o qual
age. A essa mesma ordem
pertencem os grupos de
movimentos de feição
artificial, que
constituem o aprendizado
de um ofício manual,
jogos de destreza,
exercícios ginásticos
etc. (Pág. 138)
112. No registro da
sensação reside, pois, o
fenômeno da memória.
Durante a incorporação,
toda a manifestação
intelectual exige,
imperiosamente, o
concurso do corpo, a
integridade absoluta da
substância cerebral, de
sorte que as mínimas
desordens do cérebro
paralisam completamente
as manifestações da
alma. (Pág. 141)
113. Essa concomitância
não nos deve surpreender
porque, se o Espírito
atua sobre a matéria por
meio da força vital,
qualquer destruição de
matéria nervosa subtrai,
passageira ou
definitivamente, uma
parte correspondente da
força vital ligada a
essa parte, e o
perispírito, que
conserva o movimento,
não mais pode agir, à
falta do seu agente de
transmissão. Mais tarde,
se a força vital for
ainda eficiente para
reconstituir os tecidos,
a função se
restabelecerá. Delanne
relaciona, em seguida,
oito exemplos
demonstrativos da perda
da memória devida à
ocorrência de lesões
cerebrais nos pacientes,
e diz que esses exemplos
o levaram à suposição de
que os estados
sucessivos de
consciência devem ter
por fulcro uma zona
particular do cérebro,
correspondente a uma
região definida do
perispírito. (Págs.
141 a 145)
114. Para entender o que
vem a ser recordar,
basta lembrarmos as
fases por que passa a
sensação para que haja a
percepção. Recordar é
restituir-lhe as duas
condições indispensáveis
à percepção: intensidade
e duração. Quando
voluntariamente
concentramos o
pensamento numa coisa
que desejamos recordar,
enviamos na sua direção
uma série de influxos
que objetivam dar ao
movimento perispiritual
o mesmo período
vibratório que ele tinha
no momento em que fora
registrado, isto é,
percebido. Quando
queremos reaver uma
lembrança precisa, o
Espírito emprega outros
meios, servindo-se
daquilo que Ribot chamou
de “ponto de
referência”. Os pontos
de referência permitem
simplificar o mecanismo
da localização no
passado, pois, quando
frequentemente
utilizados, a
localização torna-se
automática, tal como se
dá com o hábito.
(Págs. 145 a 148)
115. Toda a ação
sensorial que não tem o
mínimo de durabilidade
não desperta a
consciência, mas se
grava no perispírito, e
será possível
encontrar-lhe vestígios
mediante uns tantos
processos. Se o Espírito
estiver grandemente
preocupado com assuntos
absorventes, com
trabalhos mentais muito
abstratos, ou sob a
impressão de um desgosto
profundo, deixa de
existir a consciência
das sensações
exteriores, mas nem por
isso o cérebro deixará
de reter a impressão e
apossar-se da
modificação sobrevinda.
(Pág. 151)
116. A memória é uma
condição quase
indispensável à
personalidade, pois é
ela que liga o estado
atual aos estados
anteriores. É a memória
que constitui a
identidade. A memória
pode ser, no entanto,
alterada pelas
enfermidades. A razão
não é difícil de
entender. No estado
normal, cada indivíduo
tem uma tonicidade
nervosa peculiar,
mediante a qual se lhe
registram na consciência
as sensações, com um
mínimo de intensidade e
duração. Atingido
subitamente por um
ataque epiléptico, esse
homem tem modificadas as
condições de
funcionamento normal do
sistema nervoso, de
sorte a se modificarem,
concomitantemente, a
força vital e as
vibrações perispirituais
correspondentes. As
sensações inscrevem-se
no perispírito, a alma
as percebe, mas de outra
maneira que não a
normal, de modo que,
voltando a si, o
paciente não tem noção
do que sucedeu durante a
crise. (Págs. 152 a
156)
117. Enquanto dormimos,
nossa alma mantém-se em
incessante atividade,
mas as sensações
internas são
extremamente fracas.
Desde que recomece o
estado de vigília, as
imagens que não tiverem
um mínimo de intensidade
passam ao inconsciente e
o sonho é esquecido.
(Pág. 156)
118. Há casos em que, ao
contrário do que se dá
nos estados mórbidos, as
percepções se
amplificam: é o que
ocorre nos estados
intermédios a que se deu
o nome de dupla
personalidade.
Delanne refere, a
propósito, alguns casos,
como o de Félida, que
começou na puberdade a
apresentar sintomas de
histeria, e o da srta.
R.L., descrito
pelo Dr. Dufay na “Revue
Scientifique” de
5-7-1876. Os fenômenos
relatados, em que os
pacientes ampliam suas
percepções quando em
crise, são em tudo
semelhantes aos que se
observam no sonambulismo
espontâneo ou provocado.
Como se sabe, é fato já
comprovado que o
sonâmbulo pode, em
transe, lembrar-se de
episódios passados e de
conversas havidas nos
transes anteriores,
perdendo a noção de tudo
logo que desperta.
(Págs. 157 a 166)
119. Numerosos são os
meios eficazes para
provocar o sonambulismo.
Um dos processos mais
usados pelos hipnotistas
é o de Braid, que
consiste na fixação do
olhar num objeto
qualquer, brilhante ou
não, que se vai
aproximando dos olhos,
de modo a determinar uma
convergência forçada e
fatigante dos globos
oculares. Pode-se
hipnotizar também
produzindo um ruído
monótono e prolongado,
ou violento e subitâneo.
Igualmente um jato de
luz, a compressão de uma
parte do corpo, como o
vértex – o ápice do
crânio ou o alto da
cabeça – nos histéricos,
a constrição dos
polegares e os passes
magnéticos são outros
meios de hipnotização.
Emprega-se por fim a
sugestão, que consiste
em cerrar as pálpebras
do paciente e
ordenar-lhe imperativa e
reiteradamente que
durma, para que o efeito
se produza. (Págs.
167 e 168)
120. Entre os excitantes
mentais, o melhor é a
vontade, utilizada na
sugestão verbal. Os
irritantes químicos são
o éter ou o clorofórmio,
que, produzindo
anestesia, muitas vezes
ensejam o sonambulismo.
Os irritantes físicos
são o ruído fraco e
prolongado, ou brusco e
estridente, a luz viva
projetada de súbito, as
correntes elétricas
demoradas e fracas, o
ímã, as chapas metálicas
de Burcq. Todos esses
processos resultam na
modificação da força
nervosa, engendrando uma
espécie de eretismo –
estado de exaltação ou
excitação – que tem por
consequência a mudança
das relações normais da
sensação e, portanto, a
do estado vibratório do
perispírito. Ocorrendo
essa mudança, temos o
sonambulismo, que se
manterá enquanto atuar a
ação perturbadora.
(Pág. 168)
121. A exaltação da
sensibilidade
corresponde a uma
espécie de
desprendimento da alma.
O perispírito fica menos
tolhido pelo corpo, os
liames habituais
momentaneamente se
afrouxam. Levada essa
ação até ao
desdobramento, os
sentidos adquirem uma
acuidade extrema, visto
que a sensação não mais
se exerce pelos órgãos
dos sentidos. Eis por
que um surdo poderá
ouvir perfeitamente e um
cego enxergar até mesmo
no escuro. A célebre
Estela, estudada pelo
Dr. Despine, de Aix, era
impotente e paralítica,
mas, sonambulizada,
podia correr e saltar
com agilidade. (Pág.
169)
(Continua no próximo
número.)