MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
9)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que nem sempre
recordamos o que se
passa conosco durante o
sono?
Segundo explicação de
Clarêncio, raros
Espíritos estão
habilitados a viver na
Terra com as visões da
vida eterna. Eis por que
dizem eles que nem
sempre sonham. A
penumbra interior é o
clima que lhes é
necessário. A exata
lembrança pode redundar,
em certos casos, em
saudade mortal.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XII, pp. 75 a 77.)
B. Que nos diz o
Espiritismo a respeito
da lei da
hereditariedade?
No círculo de matéria
densa sofre a alma
encarnada os efeitos da
herança recolhida dos
pais, entretanto, na
essência, a lei da
herança funciona
invariavelmente do
indivíduo para ele
mesmo. “Detemos tão
somente o que seja
exclusivamente nosso ou
aquilo que buscamos",
diz Clarêncio.
Renascemos na Terra,
junto daqueles que se
afinam com o nosso modo
de ser. O dipsômano não
adquire o hábito
desregrado dos pais, mas
sim, quase sempre, ele
mesmo já se confiava ao
vício do álcool, antes
de renascer. Em seguida,
Clarêncio fez as
seguintes ponderações:
"A hereditariedade é
dirigida por princípios
de natureza espiritual.
Se os filhos encontram
os pais de que precisam,
os pais recebem da vida
os filhos que procuram".
"Nossas obras ficam
conosco. Somos herdeiros
de nós mesmos",
asseverou o Ministro.
(Obra citada, cap. XII,
pp. 77 a 80.)
C. Pode o retrocesso das
recordações verificar-se
de improviso?
"Sem dúvida”, diz
Clarêncio. A memória
pode ser comparada a
placa sensível que, ao
influxo da luz, guarda
para sempre as imagens
recolhidas pelo
Espírito, no curso de
seus inumeráveis
aprendizados dentro da
vida. Cada existência de
nossa alma, em
determinada expressão da
forma, é uma adição de
experiência, conservada
em prodigioso arquivo de
imagens que, em se
superpondo umas às
outras, jamais se
confundem.
(Obra citada, cap. XIII,
pp. 81 a 83.)
Texto
para leitura
32. De novo na
Crosta terrestre
- Finda a excursão ao
Lar da Bênção, o grupo
tornou à Crosta. Da
faixa de luz solar,
voltou-se, pois, à
imersão na sombra da
noite, mas as primeiras
cores da alvorada
tingiam o distanciado
horizonte. Em casa de
Antonina, Clarêncio
fê-la deitar-se e
aplicou-lhe recursos
magnéticos sobre os
centros corticais. Ela
demonstrou experimentar
leve e doce vertigem.
Parecia que Antonina
tinha sido sugada pelo
corpo denso, à maneira
de formosa mulher, de
forma sutil e semilúcida,
repentinamente engolida
por bainha de sombra. Em
se justapondo ao cérebro
físico, perdera a
acuidade mental que
apresentara antes, mas,
tendo a fisionomia calma
e feliz, despertou no
veículo pesado... Suas
lembranças do passeio
eram fugazes; só a
imagem do filhinho, tema
central do seu amor, lhe
persistia clara e
movimentada na
memória... Tudo o mais
lhe parecia acessórios
fantásticos... Antonina
movimentou-se, fez luz e
André ouviu-a pensar,
vibrante: "Oh! meu Deus,
que alegria! pude vê-lo
perfeitamente! quero
guardar a recordação
deste sonho divino!...
Marcos, Marcos, que
saudades, meu filho!..."
O Ministro abeirou-se
dela, acariciou-lhe a
cabeça e a senhora
restabeleceu a sombra no
recinto e dormiu.
Clarêncio explicou que
ela não poderia guardar
positivas recordações do
que acontecera e, ante a
surpresa de Hilário,
ajuntou: "Raros
Espíritos estão
habilitados a viver na
Terra, com as visões da
vida eterna. A penumbra
interior é o clima que
lhes é necessário. A
exata lembrança para ela
redundaria em saudade
mortal". (Cap. XII,
págs. 75 a 77)
33. O perispírito
- Clarêncio, aludindo ao
caso Antonina, explicou
que cada estágio na vida
se caracteriza por
finalidades especiais. O
mel, por exemplo, é
saboroso néctar para a
criança, mas se
ministrado com exagero
torna-se importuno
laxativo. "O contacto
com o reino espiritual"
– esclareceu o mentor –,
"enquanto nos demoramos
no envoltório
terrestre, não pode ser
dilatado em toda a
extensão, para que nossa
alma não afrouxe o
interesse de lutar
dignamente, até o fim do
corpo. Antonina
lembrar-se-á de nossa
excursão, mas de modo
vago, como quem traz no
campo vivo da alma um
belo quadro de esbatidos
contornos". Do filho
desencarnado ela
guardaria lembrança mais
viva, para sentir-se
confortada e convicta de
que ele a esperava na
vida maior. "Semelhante
certeza ser-lhe-á doce
alimento ao coração",
acrescentou o Ministro
que, em seguida,
convidou os amigos a
socorrer o ancião que os
aguardava. Leonardo
Pires dormia numa velha
cadeira. Na fase em que
se encontrava, o mentor
informou que ele se
subordinava a todos os
fenômenos da existência
vulgar. O repouso lhe
era, pois, necessário
para refazer-se. André
examinou o velhinho
detidamente. Seu corpo
espiritual era
semelhante ao dos outros
Espíritos, mas
mostrava-se tão pesado
e tão denso como se
ainda envergasse uma
túnica de carne, e seu
aspecto era
desagradável. Clarêncio
elucidou: "O
psicossoma ou o
perispírito da
definição espírita não é
idêntico de maneira
absoluta em todos nós,
assim como, na
realidade, não existem
dois corpos físicos
totalmente iguais. Cada
criatura vive num carro
celular diferente,
apesar das peças
semelhantes, impostas
pela lei das formas. No
círculo de matéria
densa, sofre a alma
encarnada os efeitos da
herança recolhida dos
pais, entretanto, na
essência, a lei da
herança funciona
invariavelmente do
indivíduo para ele
mesmo. Detemos tão
somente o que seja
exclusivamente nosso ou
aquilo que buscamos".
(Cap. XII, págs. 77 e
78)
34. Somos
herdeiros de nós mesmos
- Clarêncio prosseguiu
explicando: "Renascemos
na Terra, junto daqueles
que se afinam com o
nosso modo de ser. O
dipsômano não adquire o
hábito desregrado dos
pais, mas sim, quase
sempre, ele mesmo já se
confiava ao vício do
álcool, antes de
renascer. E há beberrões
desencarnados que se
aderem àqueles que se
fazem instrumentos deles
próprios". Depois,
imprimindo grave entono
à voz, ponderou: "A
hereditariedade é
dirigida por princípios
de natureza espiritual.
Se os filhos encontram
os pais de que precisam,
os pais recebem da vida
os filhos que procuram".
Ao ouvir isso, André
lembrou-se de alguns
gênios da Humanidade que
tiveram filhos
monstruosos ou
medíocres, ao que
Clarêncio ajuntou: "No
campo das grandes
virtudes, os pais usam,
por vezes, a compaixão
reedificante,
empenhando-se em tarefas
de sacrifício. Temos no
mundo mulheres e homens
admiráveis que,
consolidando qualidades
superiores na própria
alma, se dispõem a
buscar afetos que
permanecem a distância,
no passado, em
tentativas heroicas de
auxílio e
reajustamento". Em
seguida, o Ministro
comentou com Hilário o
caso Leonardo Pires,
mostrando que o corpo
espiritual vive conforme
a vida de nossa mente.
Como Leonardo
entregara-se,
demasiado, às criações
interiores do tédio,
ódio, desencanto e
aflição, condensou
semelhantes forças em si
mesmo, coagulando-as no
corpo espiritual. Eis a
causa do seu aspecto
escuro e pastoso.
"Nossas obras ficam
conosco. Somos herdeiros
de nós mesmos",
asseverou o Ministro.
Outra situação se
apresentaria se
Leonardo trabalhasse,
passando a conjugar o
verbo servir, porque o
trabalho renova qualquer
posição mental. Mas,
quando não nos devotamos
ao trabalho, na Crosta,
mais difícil se faz a
superação dos obstáculos
mentais, porque a
indolência trazida do
mundo é tóxico
cristalizante das
ideias. "Se pretendemos
possuir um psicossoma
sutilizado, capaz de
reter a luz dos nossos
melhores ideais, é
imprescindível
descondensá-lo, pela
sublimação incessante de
nossa mente, que
precisará, então,
centralizar-se no
esforço infatigável do
bem", aditou Clarêncio.
É por isso que Deus nos
concedeu a dor, a luta,
a provação e o
sofrimento, únicos
elementos reparadores
capazes de produzir em
nós o reajuste
necessário, quando nos
pomos em desacordo com a
Lei. (Cap. XII, págs. 78
a 80)
35. Chegará a
época das cirurgias
psíquicas -
No dia seguinte, à
meia-noite e 45 minutos,
o grupo tornou à casa de
Antonina. Leonardo ali
estava, acocorado a um
canto, pensativo.
Clarêncio e seus pupilos
adensaram-se e o ancião
pôde vê-los, começando,
no entanto, a gritar por
socorro: "Ajudai-me, por
amor de Deus! Estou
preso! preso!..." O
Ministro induziu-o à
prece, mas o ancião
alegou haver-se
esquecido das orações
que formulara no mundo,
acreditando que prece só
vale se decorada.
Clarêncio orou, então, e
o avô de Antonina
sossegou. O mentor
transmitiu-lhe depois
forças magnéticas no
campo cerebral e o
paciente, muito
abatido, pendeu a cabeça
sobre o peito,
desgovernada e
sonolenta. A corrente de
força dinamizada no
passe magnético
arrancá-lo-ia da sombra
anestesiante da amnésia,
permitindo que sua
memória regredisse no
tempo, o que,
propiciando novos
informes, ajudaria a
aclarar seu caso.
Hilário, surpreso com o
fenômeno, indagou se o
retrocesso das
recordações pode
verificar-se de
improviso. "Sem dúvida –
respondeu o instrutor –,
a memória pode ser
comparada a placa
sensível que, ao
influxo da luz, guarda
para sempre as imagens
recolhidas pelo
espírito, no curso de
seus inumeráveis
aprendizados, dentro da
vida. Cada existência de
nossa alma, em
determinada expressão da
forma, é uma adição de
experiência, conservada
em prodigioso arquivo de
imagens que, em se
superpondo umas às
outras, jamais se
confundem". Clarêncio
informou então que, em
trabalhos de assistência
qual aquele, "é preciso
recorrer aos arquivos
mentais, de modo a
produzir certos tipos de
vibração, não só para
atrair a presença de
companheiros ligados ao
irmão sofredor que nos
propomos socorrer, como
também para descerrar
os escaninhos da mente,
nas fibras recônditas em
que ela detém as suas
aflições e feridas
invisíveis". "A mente,
tanto quanto o corpo
físico, pode e deve
sofrer intervenções para
reequilibrar-se",
acrescentou Clarêncio,
que previu que mais
tarde a Ciência
evolveria em
cirurgia psíquica,
tanto quanto então já
avançara em técnica
operatória. "No grande
futuro, o médico
terrestre desentranhará
um labirinto mental,
com a mesma facilidade
com que atualmente
extrai um apêndice
condenado", asseverou o
mentor. (Cap. XIII,
págs. 81 a 83)
(Continua no próximo
número.)