Ione Teixeira, de São
Bernardo do Campo (SP),
pergunta se existe na
literatura espírita algo que
fale sobre a maçonaria.
A resposta é sim, conforme
podemos comprovar lendo a
Revista Espírita de 1864
(Edicel, págs. 121 a 126),
em que foram transcritas
três comunicações referentes
às relações existentes
entre o Espiritismo e a
franco-maçonaria.
Na primeira, o Espírito de
Guttemberg diz que todo
maçom iniciado é levado a
crer na imortalidade da alma
e no Divino Arquiteto e a
ser benfeitor, devotado,
sociável, digno e humilde.
Ali se pratica a igualdade
na mais larga escala,
havendo, pois, nas
sociedades maçônicas uma
afinidade evidente com o
Espiritismo.
Asseverando que muitos
maçons são espíritas e
trabalham muito na
propaganda dessa crença,
Guttemberg previu que no
futuro o estudo espírita
entraria como complemento
nos estudos abertos nas
lojas.
Na segunda mensagem, Jacques
de Molé (Espírito) afirma
que as instituições
maçônicas foram para a
sociedade um encaminhamento
à felicidade. Numa época em
que toda ideia liberal era
considerada crime, os homens
precisavam de uma força que,
submissa às leis, fosse
emancipada por suas crenças,
suas instituições e a
unidade de seu ensino.
“Nessa época - diz Molé - a
religião ainda era, não mãe
consoladora, mas força
despótica que, pela voz de
seus ministros, ordenava,
feria, fazia tudo curvar-se
à sua vontade; era um
assunto de pavor para quem
quisesse, como livre
pensador, agir e dar aos
homens sofredores alguma
coragem e ao infeliz algum
consolo moral.”
No final, Jacques de Molé
assevera: “O Espiritismo fez
progressos, mas, no dia em
que tiver dado a mão à
franco-maçonaria, todas as
dificuldades estarão
vencidas, todo obstáculo
retirado, a verdade estará
esclarecida e o maior
progresso moral será
realizado e terá transposto
os primeiros degraus do
trono, onde em breve deverá
reinar”.
Na terceira mensagem, o
Espírito de Vaucanson, que
ainda se designava
franco-maçom, observa
que Guttemberg foi
contemporâneo do monge que
inventou a pólvora –
invenção essa que
transformou a velha arte das
batalhas – enquanto a
imprensa trouxe uma nova
alavanca à expressão das
ideias, emancipando as
massas e permitindo o
desenvolvimento intelectual
dos indivíduos. A
franco-maçonaria, contra a
qual tanto gritaram, contra
a qual a Igreja romana não
teve anátemas em
quantidade suficiente, e que
nem por isso deixou de
sobreviver, abriu de par em
par as portas de seus
templos ao culto emancipador
da ideia. “Em seu seio -
afirma Vaucanson - todas as
questões mais sérias foram
levantadas e, antes que o
Espiritismo tivesse
aparecido, os veneráveis e
os grão-mestres sabiam e
professavam que a alma é
imortal e que os mundos
visível e invisível se
intercomunicam.”
Segundo Vaucanson, o
Espiritismo encontrará no
seio das lojas maçônicas
numerosa falange compacta de
crentes, sérios, resolutos e
inabaláveis na fé, porque o
Espiritismo realiza todas as
aspirações generosas e
caridosas da
franco-maçonaria; sanciona
as crenças que esta
professa, dando provas
irrecusáveis da imortalidade
da alma; e conduz a
humanidade ao objetivo que
se propõe: união, paz,
fraternidade universal, pela
fé em Deus e no futuro.
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