ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Os
pratos
da
balança
divina
"Verdadeiramente
caridoso só
o é o homem
que pensa
nos outros
antes de
pensar em si"
Allan Kardec
(1)
É
bastante
significativo
o
flagrante
testemunhado
por
Jesus
quando
uma
pobre
viúva
colocou
o seu
pequeno
e
insignificante
óbolo no gazofilácio
do
Templo
de
Jerusalém;
óbolo
esse que
espiritualmente
valeu
mais do
que as
fortunas
ali
colocadas
pelos
ricos,
vez que
estes
ofereciam
do que
lhes
abundava,
enquanto
que ela
abria
mão do
recurso
com o
qual
proveria
o seu
próprio
sustento
naquela
ocasião.
A
caridade
que é o
único
caminho
que
podemos
tomar na
direção
de nossa
alforria
espiritual
é
democraticamente
acessível
a todos,
e os “considerandos”
divinos
não
levam em
conta em
suas
apreciações
a
questão
quantitativa
do
desempenho,
mas
tão-somente
a
qualitativa
e
sacrificial.
Com isso
entendemos
que mais
expressivo
e
valioso
é o
óbolo de
quem se
sacrifica
para
oferecê-lo
do que o
de a
quem
nada
custou
oferecê-lo,
já que
se
constituiu
das
sobras
que
abundavam.
A
Parábola
dos
Talentos
é também
bastante
elucidativa
ao nos
mostrar
que mais
em conta
é levado
o
empenho
em
multiplicá-los
do que
propriamente
a
quantidade
dos
talentos
que
dispomos
para o
trabalho
da
caridade.
Não
existe
equanimidade
maior na
distribuição
das
possibilidades
de
ascensão
e
alforria
espirituais.
Todos
nós, sem
exceção,
podemos
lograr o
desiderato
maior
assinado
por Deus
para as
Suas
criaturas,
desde
que cada
um de
nós nos
empenhemos
para
tal.
Ensina o
Mestre
Lionês
(1):
(...)
Aqueles
cuja
intenção
está
isenta
de
qualquer
ideia
pessoal,
devem
consolar-se
da
impossibilidade
em que
se veem
de fazer
todo o
bem que
desejariam,
lembrando-se
de que o
óbolo do
pobre,
do que
dá
privando-se
do
necessário,
pesa
mais na
balança
de Deus
do que o
ouro do
rico que
dá sem
se
privar
de coisa
alguma.
Grande
seria
realmente
a
satisfação
do
primeiro,
se
pudesse
socorrer,
em larga
escala,
a
indigência;
mas, se
essa
satisfação
lhe é
negada,
submeta-se
e se
limite a
fazer o
que
possa.
Aliás,
será só
com o
dinheiro
que se
podem
secar
lágrimas,
e
dever-se-á
ficar
inativo,
desde
que se
não
tenha
dinheiro?
Todo
aquele
que
sinceramente
deseja
ser útil
a seus
irmãos,
mil
ocasiões
encontrará
de
realizar
o seu
desejo.
Procure-as
e elas
se lhe
depararão;
se não
for de
um modo,
será de
outro,
porque
ninguém
há que,
no pleno
gozo de
suas
faculdades,
não
possa
prestar
um
serviço
qualquer,
prodigalizar
um
consolo,
minorar
um
sofrimento
físico
ou
moral,
fazer um
esforço
útil.
Não
dispõem
todos, à
falta de
dinheiro,
do seu
trabalho,
do seu
tempo,
do seu
repouso,
para de
tudo
isso dar
uma
parte ao
próximo?
Também
aí está
a dádiva
do
pobre, o
óbolo da
viúva.
Um
Espírito
Protetor
conta
(2) uma
interessante
história
do outro
mundo,
que
elucida
de
maneira
magistral
toda
esta
questão:
“Dois
homens
acabavam
de
morrer...
Dissera
Deus:
“Enquanto
esses
dois
homens
viverem,
deitar-se-ão
em sacos
diferentes
as boas
ações de
cada um
deles,
para que
por
ocasião
de sua
morte
sejam
pesadas”.
Quando
ambos
chegaram
aos
últimos
momentos,
mandou
Deus que
lhe
trouxessem
os dois
sacos.
Um
estava
cheio,
volumoso,
atochado,
e nele
ressoava
o metal
que o
enchia;
o outro
era
pequenino
e tão
vazio
que se
podiam
contar
as
moedas
que
continha.
Este o
meu,
disse
um,
reconheço-o;
fui rico
e dei
muito.
Este o
meu,
disse o
outro,
sempre
fui
pobre,
oh!
Quase
nada
tinha
para
repartir.
Mas,
para
surpresa
geral,
postos
na
balança
os dois
sacos, o
mais
volumoso
se
revelou
leve,
mostrando-se
pesado o
outro,
tanto
que fez
se
elevasse
muito o
primeiro
no prato
da
balança.
Deus,
então,
disse ao
rico:
“Deste
muito, é
certo,
mas
deste
por
ostentação
e para
que o
teu nome
figurasse
em todos
os
templos
do
orgulho
e, ao
demais,
dando,
de nada
te
privaste.
Vai para
a
esquerda
e fica
satisfeito
com o te
serem as
tuas
esmolas
contadas
por
qualquer
coisa”.
Depois,
disse ao
pobre: “Tu
deste
pouco,
meu
filho;
mas cada
uma das
moedas
que
estão
nesta
balança
representa
uma
privação
que te
impuseste;
não
deste
esmolas,
entretanto,
praticaste
a
caridade,
e, o que
vale
muito
mais:
fizeste
a
caridade
naturalmente,
sem
cogitar
de que
te fosse
levada
em
conta;
foste
indulgente;
não te
constituíste
juiz do
teu
semelhante;
ao
contrário,
todas as
suas
ações
lhe
relevaste:
passa à
direita
e vai
receber
a tua
recompensa”.
Aí temos
um
riquíssimo
material
para
profundas
e
adequadas
reflexões!...
Referências:
(1)
KARDEC,
Allan.
O
Evangelho
seg. o
Espiritismo.
125.
ed. Rio
[de
Janeiro]:
FEB,
2006,
cap.
XIII,
item 6.
(2)
KARDEC,
Allan.
O
Evangelho
seg. o
Espiritismo.
125.
ed. Rio
[de
Janeiro]:
FEB,
2006,
cap.
XIII,
item 15.