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O Espiritismo responde
Ano 3 - N° 133 - 15 de Novembro de 2009
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


 

Jaqueline Bampi, de Caxias do Sul (RS), pergunta-nos quem é ou foi o Espírito de Verdade, tantas vezes citado nas Obras Básicas e na Revista Espírita.

Eis um assunto que já provocou inúmeras discussões no meio espírita, sem que as hipóteses formuladas fossem capazes de satisfazer a todas as pessoas.

O confrade Fernando A. Moreira, por exemplo, conforme artigo publicado na revista Reformador de julho de 2004, alia-se aos que entendem que o nome Espírito de Verdade refere-se a uma coletividade, a uma plêiade de Espíritos, e cita, como suporte de seu pensamento, Cairbar Schutel, Vinícius, Antônio Lima e Bezerra de Menezes.

Paulo da Silva Neto Sobrinho, um dos colaboradores desta revista, pensa de modo diferente. Para ele, o Espírito de Verdade é um pseudônimo utilizado pelo próprio mestre Jesus, e fundamenta tal afirmativa em inúmeras passagens da Revista Espírita e de outras obras respeitáveis.

Jorge Rizzini, desencarnado recentemente, entendia que o Espírito de Verdade nada tem a ver com uma plêiade, muito menos com Jesus. Ele é, sim, um Espírito familiar de Kardec que já vivera anteriormente no planeta, distinguindo-se então como um ilustre filósofo da antiguidade.

Pensamos da mesma forma.

Vale a pena, em face do assunto, consultar a Revista Espírita de 1862, pp. 72 e 172,  bem como o livro “Kardec, Irmãs Fox e Outros”, de Jorge Rizzini, pp. 11 e 12, após o que não será difícil concluir:

1o. O Espírito de Verdade não é Jesus, mas um Espírito familiar de Allan Kardec. Como sabemos, a expressão “Espírito familiar” está definida com clareza na obra da codificação, que nos ensina, na questão 514 d´O Livro dos Espíritos, que o Espírito familiar é alguém da família espiritual, é “o amigo da casa”.

2o. O Espírito de Verdade foi um filósofo na Antiguidade, cujo verdadeiro nome terreno ele não quis declinar, provavelmente porque sua divulgação não traria à obra em curso nenhum proveito.

3o. O Espírito de Verdade não é uma plêiade, uma falange, uma reunião de Espíritos superiores, mas uma individualidade espiritual, o que pôde ser comprovado quando Jobard e Sanson, então desencarnados, afirmaram tê-lo visto no recinto da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fato que comprovou o que Kardec escreveria mais tarde: “A qualificação de Espírito de Verdade não pertence senão a um só, e pode ser considerada como um nome próprio. Está especificada no Evangelho” (Revista Espírita de 1866, pág. 221).

4o. Kardec jamais entendeu ou deu a entender que esse Espírito fosse o próprio Jesus, um equívoco que tem sido repetido por autores e palestrantes espíritas. Para os que duvidam do que dizemos convidamos a que leiam o comentário que Kardec fez a propósito da comunicação atribuída a Jesus, inserta no item IX do cap. XXXI d´O Livro dos Médiuns.

Dois anos depois de seu primeiro contato direto com esse Espírito, Kardec anotou em uma de suas obras: “Tendo eu interrogado esse Espírito, ele se deu a conhecer sob um nome alegórico (eu soube, depois, por outros Espíritos, que fora ele um ilustre filósofo da Antiguidade)” (Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, Edicel, pp. 227 e 228).  



 

 

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