Jaqueline Bampi, de Caxias
do Sul (RS), pergunta-nos
quem é ou foi o Espírito de
Verdade, tantas vezes citado
nas Obras Básicas e na
Revista Espírita.
Eis um assunto que já
provocou inúmeras discussões
no meio espírita, sem que as
hipóteses formuladas fossem
capazes de satisfazer a
todas as pessoas.
O confrade Fernando A.
Moreira, por exemplo,
conforme artigo publicado na
revista Reformador de
julho de 2004, alia-se aos
que entendem que o nome
Espírito de Verdade
refere-se a uma
coletividade, a uma plêiade
de Espíritos, e cita, como
suporte de seu pensamento,
Cairbar Schutel, Vinícius,
Antônio Lima e Bezerra de
Menezes.
Paulo da Silva Neto
Sobrinho, um dos
colaboradores desta revista,
pensa de modo diferente.
Para ele, o Espírito de
Verdade é um pseudônimo
utilizado pelo próprio
mestre Jesus, e fundamenta
tal afirmativa em inúmeras
passagens da Revista
Espírita e de outras obras
respeitáveis.
Jorge Rizzini, desencarnado
recentemente, entendia que o
Espírito de Verdade nada tem
a ver com uma plêiade, muito
menos com Jesus. Ele é, sim,
um Espírito familiar de
Kardec que já vivera
anteriormente no planeta,
distinguindo-se então como
um ilustre filósofo da
antiguidade.
Pensamos da mesma forma.
Vale a pena, em face do
assunto,
consultar a Revista
Espírita de 1862, pp. 72
e 172, bem como o livro
“Kardec, Irmãs Fox e Outros”,
de Jorge Rizzini, pp. 11 e
12, após o que não será
difícil concluir:
1o. O Espírito de
Verdade não é Jesus,
mas um Espírito familiar de
Allan Kardec. Como sabemos,
a expressão “Espírito
familiar” está definida com
clareza na obra da
codificação, que nos ensina,
na questão 514 d´O Livro dos
Espíritos, que o Espírito
familiar é alguém da família
espiritual, é “o amigo da
casa”.
2o. O Espírito de
Verdade foi um
filósofo na Antiguidade,
cujo verdadeiro nome terreno
ele não quis declinar,
provavelmente porque sua
divulgação não traria à obra
em curso nenhum proveito.
3o. O Espírito de
Verdade não é uma
plêiade, uma falange, uma
reunião de Espíritos
superiores, mas uma
individualidade espiritual,
o que pôde ser comprovado
quando Jobard e Sanson,
então desencarnados,
afirmaram tê-lo visto no
recinto da Sociedade
Parisiense de Estudos
Espíritas, fato que
comprovou o que Kardec
escreveria mais tarde: “A
qualificação de Espírito de
Verdade não pertence senão a
um só, e pode ser
considerada como um nome
próprio. Está especificada
no Evangelho” (Revista
Espírita de 1866, pág. 221).
4o. Kardec
jamais entendeu ou deu a
entender que esse Espírito
fosse o próprio Jesus, um
equívoco que tem sido
repetido por autores e
palestrantes espíritas. Para
os que duvidam do que
dizemos convidamos a que
leiam o comentário que
Kardec fez a propósito da
comunicação atribuída a
Jesus, inserta no item IX do
cap. XXXI d´O Livro dos
Médiuns.
Dois anos depois de seu
primeiro contato direto com
esse Espírito, Kardec anotou
em uma de suas obras: “Tendo
eu interrogado esse
Espírito, ele se deu a
conhecer sob um nome
alegórico (eu soube, depois,
por outros Espíritos, que
fora ele um ilustre filósofo
da Antiguidade)”
(Instruções Práticas sobre
as Manifestações Espíritas,
Edicel, pp. 227 e 228).
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