O tempo e
a transcendência em nós
Ao longo dos tempos os
filósofos nos trazem
inúmeros conceitos
quanto às experiências e
vivências da humanidade
e sua evolução. Essas
teorias nos permitem
acreditar na visão de
que o tempo seguiria
como em uma espiral sem
fim. Nesse pensamento
também desejamos
acreditar que os
filósofos entendiam que
os fatos se repetiriam
tanto nas ações que nos
contextos. Atualmente,
com o advento da física
quântica, estudando a
relação de passado,
presente e futuro,
apresenta-se também um
conceito de paralelismo,
onde se entende que os
fatos se repetem em um
mesmo contexto e, mais
que sua simples
repetição, ocorreria uma
interatividade e
progressão de todo esse
conjunto.
Estudando um pouco mais
a consciência, a
estrutura do
inconsciente coletivo e
os fundamentos do
inconsciente
transpessoal se percebem
algumas similaridades,
corroborando essa linha
de visão e sustentando
esse conjunto de pensar.
Ao longo das existências
é possível perceber que
os fatos da historia
apresentam aspectos
similares e podemos
arriscar a concluir que
se repetem com
personagens que se
assemelham em suas
atuações. O mais
interessante é que
possivelmente
apresentem-se em
contextos e
características
semelhantes nos eventos
que promovem.
Nesse caminhar pelas
existências, na própria
incompletude das coisas,
pode-se concluir que ao
final da jornada
restaria ainda muita
coisa para uma próxima
oportunidade. Poderíamos
inferir que
provavelmente esses
compromissos tenham sido
assumidos previamente,
mas que nem todos são
cumpridos em sua
integralidade no
transcorrer da tarefa.
Se aplicarmos esse
pensamento sobre um
estudo em que se
observam os vários
momentos da humanidade
ao longo da evolução, é
provável que isso ocorra
realmente. No trabalho
de impulsionar a marcha
do progresso é
necessário o
aprimoramento do
pensamento, a presença
de um interventor e a
contribuição de um
medianeiro nos eventos e
contextos históricos. A
presença e atuação de
uma mola mestre para
cada nova etapa são de
surreal necessidade e
importância, do
contrário teríamos um
grande aglomerado de
nódulos temporais a
entravar todo o processo
evolutivo.
É na transição e na
pressão natural das
coisas, impelindo tudo à
frente, que se forma um
conjunto único, unindo
passado, presente e
futuro. É nesse ambiente
interativo que se
promoverá a depuração
desses nódulos
temporais, que, de outra
forma, criariam uma
estagnação do processo
por ausência de ação.
Nas ciências
psicológicas percebemos
que analogamente existem
também nódulos obscuros
atuantes no acervo
mental, na psique, como
elemento bloqueador,
prejudicando o
comportamento e o
discernimento das
coisas. Também pelas
mesmas características
que o constitui
“negativo”, assume
também função de
elemento solucionador,
logo “positivo”, para
vários distúrbios
existentes.
No mover das
consciências, na busca
de seu próprio
equilíbrio, e, muitas
vezes, as dificuldades
envolvidas no esforço
para encontrar a solução
é que promoverão a sua
própria superação. Às
vezes a prova não
consiste em atingir o
objetivo, embora, se
isso ocorrer, será uma
superação com certeza.
Mas o que conta mesmo é
o esforço, empenho e
abnegação
disponibilizados para
esse fim. As etapas de
dificuldades que surgem
em outras áreas têm de
ser superadas como parte
da estrutura de
ascensão. Na mente está
sediado e registrado
esse acervo dogmático,
onde tudo ainda é visto
como um entrave e mal se
percebe que muitas das
soluções já estão
presentes em nós. Os
nódulos que possuímos
nem sempre permitem
serem acessados e se
comportam em alguns
momentos como se
desenvolvessem vida
própria, agindo e
interagindo com a nossa
psique a seu bel-prazer,
exigindo cada vez mais
autocontrole e
disciplina para sua
organização e solução.
Desenvolvendo uma figura
para ilustrar melhor,
podemos imaginar a
existência como uma
nuvem de eventos, plena
de emoções e com enorme
conteúdo de informações.
A cada existência essa
nuvem segue acamando-se
sobre as seguintes,
formando uma nuvem mais
densa de muitas camadas.
Essa nossa nuvem, que
compõe o inconsciente,
interage com as nuvens
(inconscientes) de todos
os demais seres. As
camadas individuais
interagem entre si, da
primeira à última,
constantemente. Porém,
nenhuma delas é uma
nuvem completamente
branca; existem,
intrínseco em sua
formação, elementos mais
densos.
Podemos ter como exemplo
para a presença desses
nódulos a ideia como num
bolo de frutas, onde
existem pedaços de
frutas espalhados pela
massa e de livre
posicionamento e
movimentação. Nuvens da
mesma composição de
nuvem, porém com
organizações psíquicas
diferentes. Um detalhe
interessante é que cada
camada desenvolve-se de
forma independente, logo
obtendo uma interação
horizontal com as demais
e um alcance vertical
com as suas correlatas,
as da frente, as de trás
e as das laterais.
Processando-se de forma
individual e no
conjunto, cada camada de
existência pessoal
apresenta uma
independência de
desenvolvimento em todas
as direções, uma
individualidade temporal
livre e ao mesmo tempo
ligada a tudo e
desenvolvendo-se
independente.
A presença de nuvens
escuras, nódulos
temporais, formados a
cada conflito, a cada
bloqueio e em cada fato
negativo não resolvido a
seu tempo, movimentam-se
e desenvolvem-se na
medida em que todo o
processo elíptico se
segue, ganhando em
muitos casos forma,
força e independência.
Poderíamos declarar que
possivelmente
desenvolvem uma
personalidade atemporal.
A tendência é que essas
camadas dos
inconscientes
existenciais se amoldem
cada vez mais,
compactando-se,
interagindo, sofrendo
perturbações mais ou
menos graves, seguindo
um sentido de
purificação, expurgo e
limpeza. A solução vai
depender de como se
desejará tratar essas
perturbações. Dependerá
do desenvolvimento moral
que se comprometera a
buscar, de grande
autocontrole em suas
opções e disciplina
sobre si próprio. Ao
longo do tempo as nuvens
escuras se fazem
perceber e agem como
tornados e tufões na
psique.
Por outro lado não
esqueçamos o conjunto de
nuvens (conjunto de
inconscientes temporais
que formam o
inconsciente
propriamente dito) que
também está sendo
pressionado, e, por
conseguinte, vem
adquirindo melhor
consistência,
maleabilidade,
resistência,
permeabilidade e
controle e já pode
receber a interferência
das nuvens escuras e
agora também poderá
controlá-las e
dissipá-las. Logo,
passado, presente e
futuro interagem e se
solucionam. Depende do
comprometimento de cada
um e isso não é
exclusivo de poucos, mas
é inerente aos poucos
que se comprometem. Essa
condição determinará o
alcance pessoal para os
prognósticos de futuro.
Nós, a maioria dos
seres, possuímos
consciência de alcance
limitado, apresentando
uma visão de curto prazo
que é a nossa maior
característica; no
entanto, no trabalho em
si, reconhecendo-se como
interventores e molas do
progresso, em outros
poucos comprometidos e
empenhados na própria
depuração em busca da
transcendência material,
esse alcance se torna
potencializado,
possibilitando uma visão
de longo alcance, indo
muito além dos eventos
considerados até então
pertencentes a essa
realidade. Do momento em
que tudo isso pode ficar
vinculado a um
comportamento religioso,
é mais provável que
reflita bem, sim, uma
religiosidade. Aqui a
palavra religiosidade
deseja sugerir uma
transcendência em si
mesmo na eterna busca do
ser humano alimentado
por uma fé. Não está
vinculada a essa ou
àquela fé, mas à sua
própria fé em Deus.
Fé e sabedoria são
conquistas pessoais. Um
hábito equivocado é o de
afirmar que em nossos
momentos de
questionamento ou
testemunho de fé, quando
nos encontramos à frente
do espelho da verdade e
não sabemos o que dizer,
prometemos sempre que
vamos mudar. Diante do
espelho, prometemos que
está na hora de fazer
alguma coisa, porém,
como de hábito, deixamos
sempre para depois a
verdadeira ação de
transformação,
postergando decisões que
já foram acordadas
possivelmente outras
vezes. Acabamos nos
repetindo nas mesmas
coisas erradas que já
sabemos que são erradas
e, mesmo não as
desejando mais e
prometendo que não irão
mais ocorrer, não
conseguimos ainda
desfazer o círculo
vicioso. Existe uma
tendência natural a se
repetir e a não querer
se corrigir. É a cultura
do olhar para o passado
e penalizar o futuro. De
não se dar a chance de
corrigir, comiserar-se
pelo fardo e não fazer
intimamente questão de
largá-lo.
A transformação tem
muitos nomes e se
apresenta em vários
pensamentos para se
expressar, mas como ela
ocorre realmente só se
sabe depois de muito
empenho e
desprendimento. Não há
mudança de uma hora para
outra; ela é progressiva
e sempre ocorre,
dependerá de cada um
promover a velocidade
que pode suportar. As
nuvens mencionadas antes
fazem parte da sua
própria nuvem, uma nuvem
pessoal, de grande
estima simbiôntica e
negativa. Como abrir mão
de si próprio para se
resolver? Resposta:
“Resolva o futuro que o
passado se resolverá por
consequência”. Ao
transcender a razão das
coisas percebe-se que as
coisas materiais são
feitas de coisas
imateriais e nos
perguntamos onde está a
razão material de tudo
isso? Se cálculos
matemáticos já são
feitos para determinar
momentos virtuais, logo,
que não existem, como
ter certeza da própria
razão? Não é para
complicar e sim para
esclarecer e, se não
fizer esses
questionamentos para a
própria vida, do que
serve tanto saber, tanta
informação? O tempo tem
medida e o espaço tem
medida; se é mensurável
pode ser controlado, se
pode ser controlado pode
se determinar sobre si
quando e onde promoverá
a sua própria
transformação.
A administração moderna
diz que o negócio para
dar certo precisa de
planejamento e metas.
Então não há desculpas
para não se resolver,
pois mesmo em uma
próxima oportunidade
restará sempre a
necessidade de solução
para sua própria dúvida
ou inquietação. Quando
não, as famosas dores e
sofrimentos chegarão de
qualquer forma e, na
próxima vez, podem estar
maiores do que agora.
Parece aquela conta que
sempre se deseja colocar
pra depois como se fosse
um pré-datado moral,
mas, já que tem juros,
estaria mais para cheque
especial. A matemática
explica, mas não muda, e
pra depois fica sempre
mais complicado.
Um cálculo, que não
falha, é o de resolver
as contas antes que elas
surjam. Passado,
presente e futuro são
uma coisa só. Nosso
inconsciente é que julga
o momento e nos
posiciona no campo de
ação. O pensamento
projetado para fora do
campo não é afetado,
pois está fora dessa
onda de possibilidade.
Quando o pensamento atua
dentro do campo, essa
onda se cristaliza, ela
colapsa e tudo passa a
ser-lhe o entorno
colapsado; o que antes
possuía inúmeras
possibilidades passa a
ter poucas opções e
assume ser a própria
realidade. Tudo muda
menos você! Por que tudo
muda, os outros mudam e
você ainda não? Por que
não para e pensa para
dentro de si mesmo? Você
se acha a parte de você
mesmo?
Para quem não sabe, já
descobriram que no fundo
do poço existe uma mola
que nos impulsiona para
cima, mas não vale a
pena cavar tão fundo
para ter certeza de
encontrar a mola. Com
tanto esclarecimento
disponível isso é uma
incoerência, não é
mesmo? Massa e energia
interferem no campo
gravitacional, você pode
transcender de massa
para energia e alterar o
campo que o envolve. Já
fez isso algumas vezes
com certeza, só que
ainda não sabe nem onde
nem quando e nem como,
pelo menos ainda não de
forma consciente.
Idiossincrasias não
ajudam nesta hora; a
maioria das nossas
escolhas está virada
para o lado errado. É
justo viver no futuro
olhando para o passado?
É necessário virar o
jogo, então, jogue o
passado para frente,
faça o seu passado virar
o seu futuro. Se já sabe
as respostas, pode
resolver muitas coisas
de uma só vez e fazer
melhor suas escolhas. O
gato pergunta para
Alice: “... se não sabe
para onde vai, qualquer
direção serve!” Você é
uma Alice?
Um pensamento de
Teilhard de Chardin: “Não
somos seres humanos
passando por uma
experiência espiritual
e, sim, seres
espirituais passando por
uma experiência humana”,
e tenhamos muito cuidado
com nossas plantações,
cuja colheita decidirá
nossas penas ou alegrias
futuras.