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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 134 - 22 de Novembro de 2009

MARTHA RIOS GUIMARÃES
marthinharg@yahoo.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
Hoje, como nunca, convém lembrar o legado insuperável deixado pelo Codificador
do Espiritismo

 

Em 1854 as Mesas Girantes chamam a atenção do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, através do amigo Fortier. Ao presenciar o fenômeno, logo percebeu que “todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente” e, em 1855, começa a participar de sessões na casa da família Baudin e, com sua capacidade de observação e bom senso, descobre que as comunicações eram provenientes de “pessoas mortas”. Nessas reuniões o professor levava perguntas a serem respondidas pelos Espíritos comunicantes e, também, recebia revelações espontâneas. De posse desses apontamentos, pesquisava, meditava, questionava, enfim, usava seu raciocínio para verificar se as informações eram coerentes. Neste momento, ele empregava sua grande capacidade intelectual e cultural passando as informações pelo “crivo da razão”. O criterioso método de pesquisa de Rivail, porém, não terminava nessas providências. Ele, também, utilizou a mediunidade de vários médiuns para efetuar as pesquisas dos mais variados assuntos, comparando todas as respostas e aplicando um dos critérios mais importantes estabelecidos pelo Codificador: a universalidade das comunicações – infelizmente, bastante esquecido nos dias atuais.  

Após todas essas etapas agrupou todos os apontamentos e, uma vez mais, passou pela “revisão”, utilizando médiuns diferentes. Em seguida, reuniu suas descobertas em O Livro dos Espíritos, lançado em 18 de abril de 1857, apenas dois anos após o início de suas pesquisas. Neste dia glorioso, nasceu Allan Kardec (pseudônimo adotado pelo professor para divulgação das ideias espíritas), que assim registrou esse momento histórico: “Hoje, finalmente, posso dizer que lancei a público o trabalho mais importante da minha vida”, afirmativa que o tempo se encarregaria de provar. 

Percebemos nesta trajetória do mestre lionês critérios claros e seguidos à risca no decorrer do trabalho: observação, análise criteriosa, bom senso e capacidade de raciocínio para aceitação das hipóteses obtidas; emprego de médiuns variados, provenientes de locais diferentes, com comprovação dos dados obtidos. Como em qualquer estudo científico, as teorias espíritas transformaram-se em “leis”, em virtude da comprovação dos fatos, de onde podemos concluir que não apenas o Espiritismo é uma ciência, mas Kardec foi um rigoroso cientista. Desde o início, ele usou a investigação para comprovar a veracidade dos fatos, gerando a parte científica da doutrina; percebendo a nobreza que poderia extrair dos fenômenos, formulou questões de elevado teor, caracterizando a filosofia espírita e, ainda, constatou que aquelas verdades, trazidas por Espíritos Superiores, estavam ligadas a consequências morais-religiosas para o ser humano, dando origem à terceira parte do tripé doutrinário: a moral ou religião. 

Ao comemorarmos em outubro último os 205 anos de nascimento do Codificador, que veio ao mundo em 3 de outubro de 1804, fizemos alguns cálculos e percebemos que, ao longo de sua trajetória para trazer a público a Terceira Revelação, ele produziu cerca de 7.780 páginas, sendo 2.413 compostas de obras básicas, 958 páginas de obras subsidiárias e 4.409 páginas da Revista Espírita.

Somente na coleção da Revista Espírita, sob sua responsabilidade, o Codificador produziu 1.453 artigos doutrinários, ou mais de 125 artigos por ano (não esqueçamos que, além desse trabalho, ele dirigia a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cumpria suas obrigações particulares e, ainda, conseguia tempo para visitar outras sociedades em viagens feitas em seu período de férias e custeadas por ele próprio).

Esse impressionante número nos leva consequentemente à seguinte pergunta: será que estudamos todo esse material? Já extraímos dessas páginas todos os conhecimentos que elas proporcionam? Provavelmente não, o que nos leva a pensar que os espíritas devem começar o quanto antes a mergulhar nesse universo para poder compreender, de fato, o Espiritismo. Porque quanto mais estudarmos Kardec, mais perceberemos que ele nunca esteve, não está e jamais estará ultrapassado! 

     


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita