MARTHA RIOS GUIMARÃES
marthinharg@yahoo.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
Hoje,
como nunca, convém
lembrar o legado
insuperável deixado pelo
Codificador
do
Espiritismo
Em 1854 as Mesas
Girantes chamam a
atenção do professor Hippolyte Léon Denizard
Rivail, através do amigo Fortier. Ao presenciar o
fenômeno, logo percebeu
que “todo efeito tem
uma causa, todo efeito
inteligente tem uma
causa inteligente”
e, em 1855, começa a
participar de sessões na
casa da família Baudin
e, com sua capacidade de
observação e bom senso,
descobre que as
comunicações eram
provenientes de “pessoas
mortas”. Nessas reuniões
o professor levava
perguntas a serem
respondidas pelos
Espíritos comunicantes
e, também, recebia
revelações espontâneas.
De posse desses
apontamentos,
pesquisava, meditava,
questionava, enfim,
usava seu raciocínio
para verificar se as
informações eram
coerentes. Neste
momento, ele empregava
sua grande capacidade
intelectual e cultural
passando as informações
pelo “crivo da razão”. O
criterioso método de
pesquisa de Rivail,
porém, não terminava
nessas providências.
Ele, também, utilizou a
mediunidade de vários
médiuns para efetuar as
pesquisas dos mais
variados assuntos,
comparando todas as
respostas e aplicando um
dos critérios mais
importantes
estabelecidos pelo
Codificador: a
universalidade das
comunicações –
infelizmente, bastante
esquecido nos dias
atuais.
Após todas essas etapas
agrupou todos os
apontamentos e, uma vez
mais, passou pela
“revisão”, utilizando
médiuns diferentes. Em
seguida, reuniu suas
descobertas em O
Livro dos Espíritos,
lançado em 18 de abril
de 1857, apenas dois
anos após o início de
suas pesquisas. Neste
dia glorioso, nasceu
Allan Kardec (pseudônimo
adotado pelo professor
para divulgação das
ideias espíritas), que
assim registrou esse
momento histórico: “Hoje,
finalmente, posso dizer
que lancei a público o
trabalho mais importante
da minha vida”,
afirmativa que o tempo
se encarregaria de
provar.
Percebemos nesta
trajetória do mestre
lionês critérios claros
e seguidos à risca no
decorrer do trabalho:
observação, análise
criteriosa, bom senso e
capacidade de raciocínio
para aceitação das
hipóteses obtidas;
emprego de médiuns
variados, provenientes
de locais diferentes,
com comprovação dos
dados obtidos. Como em
qualquer estudo
científico, as teorias
espíritas
transformaram-se em
“leis”, em virtude da
comprovação dos fatos,
de onde podemos concluir
que não apenas o
Espiritismo é uma
ciência, mas Kardec foi
um rigoroso cientista.
Desde o início, ele usou
a investigação para
comprovar a veracidade
dos fatos, gerando a
parte científica da
doutrina; percebendo a
nobreza que poderia
extrair dos fenômenos,
formulou questões de
elevado teor,
caracterizando a
filosofia espírita e,
ainda, constatou que
aquelas verdades,
trazidas por Espíritos
Superiores, estavam
ligadas a consequências
morais-religiosas para o
ser humano, dando origem
à terceira parte do
tripé doutrinário: a
moral ou religião.
Ao comemorarmos em
outubro último os 205
anos de nascimento do
Codificador, que veio ao
mundo em 3 de outubro de
1804, fizemos alguns
cálculos e percebemos
que, ao longo de sua
trajetória para trazer a
público a Terceira
Revelação, ele produziu
cerca de 7.780 páginas,
sendo 2.413 compostas de
obras básicas, 958
páginas de obras
subsidiárias e 4.409
páginas da Revista
Espírita.
Somente na coleção da
Revista Espírita, sob
sua responsabilidade, o
Codificador produziu
1.453 artigos
doutrinários, ou mais de
125 artigos por ano (não
esqueçamos que, além
desse trabalho, ele
dirigia a Sociedade
Parisiense de Estudos
Espíritas, cumpria suas
obrigações particulares
e, ainda, conseguia
tempo para visitar
outras sociedades em
viagens feitas em seu
período de férias e
custeadas por ele
próprio).
Esse impressionante
número nos leva
consequentemente à
seguinte pergunta: será
que estudamos todo esse
material? Já extraímos
dessas páginas todos os
conhecimentos que elas
proporcionam?
Provavelmente não, o que
nos leva a pensar que os
espíritas devem começar
o quanto antes a
mergulhar nesse universo
para poder compreender,
de fato, o Espiritismo.
Porque quanto mais
estudarmos Kardec, mais
perceberemos que ele
nunca esteve, não está e
jamais estará
ultrapassado!