ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Evolução Anímica
Gabriel
Delanne
(Parte
14)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico A
Evolução Anímica,
que será aqui estudado
em 17 partes.
A fonte do estudo é a
8ª edição do livro,
baseada em tradução de
Manoel Quintão publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Pode um Espírito ao
reencarnar ter cerceada
a manifestação de sua
capacidade intelectual
em sua plenitude?
Sim. Assim como há
Espíritos reencarnados
que apresentam aptidões
extraordinárias e
precoces para as artes e
as ciências, como no
caso de Pascal e Mozart,
pode dar-se fenômeno
inverso, quando as leis
da hereditariedade põem
entraves ao indivíduo,
de maneira que, durante
a existência corporal,
lhe fique cerceada a
manifestação da
inteligência em toda a
sua amplitude e
fulgurância.
(A Evolução Anímica, pp.
194 e 195.)
B. Por que tal fato se
dá?
Como vivemos na Terra
muitas vezes, é preciso
desenvolver, em cada
vez, virtudes como a
humildade, cuja
aquisição se torna quase
incompatível com um
intelectualismo
brilhante. O Espírito
escolhe, então, um
invólucro refratário que
lhe impede as mais altas
expressões da atividade
intelectual e, durante
uma etapa terrena,
poderá consagrar-se a
tarefas mais humildes,
imprescindíveis ao seu
progresso espiritual.
(Obra citada, pág. 197.)
C. Uma vez que se admite
a hereditariedade
fisiológica, haverá
também uma
hereditariedade
psicológica?
Delanne responde deste
modo a tal pergunta:
“Não”, se por isso
entendermos a
transmissão das
faculdades intelectuais
em si mesmas, e “Sim”,
se quisermos com isso
dizer transmissão dos
órgãos necessários à
manifestação do
pensamento. Não é raro
vermos numa família
filhos que em nada se
parecem com os pais,
quer física, quer
intelectual, quer
moralmente. A História
mostra-nos, a cada
passo, filhos de homens
notáveis que foram
verdadeiras antíteses
das virtudes e talentos
paternos. Péricles teve
dois filhos cretinos.
Aristipo engendrou o
infame Lisímaco. De
Tucídides proveio
Milésias. Sófocles,
Temístocles e Sócrates
tiveram filhos
degenerados. A história
contemporânea
apresenta-nos também
todo um quadro de filhos
nada comparáveis aos
pais. Nos domínios da
ciência temos visto
surgir gênios em meios
rústicos ou de pais
ignorantes, como Bacon,
Comte, Copérnico,
Descartes, Kant, Kepler,
Spinoza, atestados vivos
de que a genialidade não
é hereditária. (Obra
citada, pp. 203 e 204.)
Texto para leitura
144. As aquisições do
passado permanecem
latentes, não se
destroem, e são elas que
fazem o substrato do
Espírito, isso que
denominamos o caráter, a
marca própria de cada
qual, assim como os seus
pendores cada vez mais
amplos para as ciências,
as artes, as letras, as
indústrias etc. Essa
base é fundamental,
tanto que se inculcarmos
a um Espírito menos
evoluído, ou
insuficientemente
evoluído, conhecimentos
muito superiores ao seu
estado mental
inconsciente, pode
parecer-nos que ele os
assimila; a verdade,
porém, é que apenas
dormitarão nele e
acabarão logo
esquecidos. (Págs.
192 e 193)
145. Todos nós revelamos
aptidões desde o berço.
A criança traz consigo
aptidões intelectuais e
vícios ou paixões que
jazem latentes no seu
invólucro perispiritual,
para aflorarem depois,
sob o influxo das
circunstâncias
contingentes da vida
terrena. Quanto mais
velha for a alma, quanto
mais tempo houver vivido
na Terra, maior será a
sua bagagem inconsciente
e menores esforços lhe
caberá fazer para
ressuscitar seus antigos
conhecimentos. Daí, o
profundo sentido e a
absoluta justiça do
apotegma de Platão:
“Aprender é recordar”.
(Págs. 194 e 195)
146. Assim se explicam
as aptidões
extraordinárias e
precoces para as artes e
as ciências que tornaram
famosos indivíduos como
Pico de la Mirandola,
Pascal e Mozart. Por
outro lado, pode dar-se
fenômeno inverso, quando
as leis da
hereditariedade põem
entraves ao indivíduo,
de maneira que, durante
a existência corporal,
lhe fique cerceada a
manifestação da
inteligência em toda a
sua amplitude e
fulgurância. (Pág.
195)
147. Como vivemos na
Terra muitas vezes, é
preciso desenvolver, em
cada vez, virtudes como
a humildade, cuja
aquisição se torna quase
incompatível com um
intelectualismo
brilhante. O Espírito
escolhe, então, um
invólucro refratário que
lhe impede as mais altas
expressões da atividade
intelectual e, durante
uma etapa terrena,
poderá consagrar-se a
tarefas mais humildes,
imprescindíveis ao seu
progresso espiritual.
Importante notar que a
alma nem sempre pode dar
ao corpo físico a forma
que ela desejaria, uma
vez que o invólucro
corporal é construído
mediante as leis da
fecundação, e a
hereditariedade
individual dos
genitores, transmitida
pela força vital,
opõe-se ao poder
plástico da alma.
(Pág. 197)
148. A
hereditariedade
– A hereditariedade é
uma lei biológica
mediante a qual todos os
seres viventes procuram
repetir-se nos seus
descendentes. A ciência
contemporânea não pode
oferecer, para o estudo
desse assunto, senão
hipóteses. Destas, a
mais recente e mais bem
elaborada é a de Darwin
no seu livro “A variação
dos animais e das
plantas”, cujos traços
gerais se encontram em
“Princípios de
Biologia”, de Herbert
Spencer. Chama-se
Pangênese. (Págs. 197
e 198)
149. Eis de forma
resumida os elementos
constitutivos dessa
teoria: I – O organismo
é composto de células;
cada célula tem vida
própria e possui as
propriedades
fundamentais da vida, a
saber: nutrição,
evolução e reprodução.
II – Esse elemento
anatômico representa no
organismo o mesmo papel
do indivíduo no Estado,
isto é, goza de tal ou
qual independência e
participa do corpo
social. III – Os
organismos inferiores
possuem um grande poder
de reprodução. Algumas
plantas gozam também
dessa propriedade em
alto grau. IV – A
Begonia phylomaniaca
pode reproduzir-se
simplesmente por meio de
uma partícula mínima de
suas folhas, de modo que
uma só folha pode dar
origem a uma centena de
plantas. Isso significa
que a célula original,
destacando-se da
planta-mãe, leva consigo
não apenas a capacidade
reprodutiva, mas a
multiplica e distribui
por todas as células
reproduzidas, sem
diminuição da energia
própria, durante
gerações inumeráveis. V
– Para explicar essa
potencialidade de
reprodução, Darwin
propõe a teoria
pangenética, segundo a
qual em todo organismo
cada átomo, ou unidade
componente, se reproduz
por si mesmo. (Págs.
198 e 199)
150. A teoria
pangenética é transcrita
parcialmente, em
seguida, por Delanne,
antes de examinar a
questão da
hereditariedade
fisiológica, que atuaria
não só na conformação
interna, como na
estrutura externa.
Desse modo, o albinismo,
o raquitismo, a
manqueira e todas as
anomalias orgânicas
podem ser transmitidas
na procriação, mas isso
nem sempre se dá. Ora, a
transmissão hereditária
não se faz de modo
absoluto, porque a força
vital do recém-vindo
deriva de dois fatores
que se modificam
reciprocamente e também
do fato de o perispírito
do reencarnante
prestar-se, mais ou
menos, a essas
modificações. (Págs.
199 a 203)
151. A
hereditariedade
psicológica
– Admitida a
hereditariedade
fisiológica, haverá
também uma
hereditariedade
psicológica? Delanne
responde a tal pergunta:
“Não”, se por isso
entendermos a
transmissão das
faculdades intelectuais
em si mesmas; “Sim”, se
quisermos com isso dizer
transmissão dos órgãos
necessários à
manifestação do
pensamento. Não é raro
vermos numa família
filhos que em nada se
parecem com os pais,
quer física, quer
intelectual, quer
moralmente. A História
mostra-nos, a cada
passo, filhos de homens
notáveis que foram
verdadeiras antíteses
das virtudes e talentos
paternos. Péricles teve
dois filhos cretinos.
Aristipo engendrou o
infame Lisímaco. De
Tucídides proveio
Milésias. Sófocles,
Temístocles e Sócrates
tiveram filhos
degenerados. (Págs.
203 e 204)
152. A história
contemporânea é todo um
quadro de filhos nada
comparáveis aos pais.
Nos domínios da ciência
temos visto surgir
gênios em meios rústicos
ou de pais ignorantes,
como Bacon, Comte,
Copérnico, Descartes,
Kant, Kepler, Spinoza,
atestados vivos de que a
genialidade não é
hereditária. (Pág.
204)
153. As faculdades
sensoriais e os hábitos
corporais podem, no
entanto, transmitir-se
hereditariamente, tais
como a percepção, a
memória, a imaginação,
que podem, muitas vezes,
encontrar-se numa mesma
família. Há numerosos
casos de pintores,
músicos e estadistas em
que as aptidões parecem
comunicar-se de pais a
filhos. Temos de
considerar, porém, em
primeiro lugar, a função
– que pertence à alma –
e depois o órgão
material, que lhe serve
à manifestação. Para que
lhe seja possível
evidenciar suas
faculdades em toda a
plenitude, a alma
precisa de um organismo
material em perfeita
correlação com o seu
desenvolvimento
intelectual. (Pág.
204)
154. Vimos anteriormente
que o perispírito é a
condição fluídica do
mecanismo de atuação da
alma sobre o corpo. É
racional, pois, admitir
que a alma, desejosa de
reencarnar, procure na
Terra genitores cujo
valor intelectual e, por
conseguinte, a sua
constituição física
tenham com ela maior
afinidade,
assegurando-se desse
modo, dentro das leis
mesmas da
hereditariedade, um
corpo propício ao
desenvolvimento das suas
aspirações. Nada a
estranhar, portanto, que
um músico prefira a
paternidade de um
maestro à de um
pedreiro. (Pág. 205)
(Continua no próximo
número.)