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Joias da poesia contemporânea
Ano 3 - N° 135 - 29 de Novembro de 2009
 

 

Alma

 Augusto dos Anjos

  

Nos combates ciclópicos, titânicos,

Que eu às vezes na Terra empreendia,

Nos vastos campos da Psicologia,

Buscava as almas, seres inorgânicos;

 

Nas lágrimas, nos risos e nos pânicos,

Nos distúrbios sutis da hipocondria,

Nas defectividades da estesia,

Nos instintos soezes e tirânicos,

 

Somente achava corpos na existência,

E o sangue em continuada efervescência

Com impulsos terríficos e tredos.

 

Enceguecido e louco então que eu era,

Que não via, dos astros à monera,

As luzes dalma em trágicos segredos.

 

 

Augusto dos Anjos nasceu na Paraíba em 1884 e desencarnou em 1914 na cidade de Leopoldina (MG). Foi professor no Colégio Pedro II. Inconfundível pela bizarria da técnica bem como dos assuntos de sua predileção, deixou um só livro — Eu — que foi, aliás, suficiente para lhe dar personalidade original. O soneto acima integra o livro Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita