MARCELO HENRIQUE
PEREIRA
cellosc@floripa.com.br
Florianópolis,
Santa Catarina
(Brasil)
Perguntas e
respostas
Diz-se que o ser
humano vive em
busca de
respostas. Desde
que retoma a
consciência de
si mesmo, em
nova existência,
via de regra
após os sete
anos de idade,
já que é neste
momento que a
encarnação se
consolida e o
ser passa a
viver plenamente
neste orbe, o
indivíduo indaga
a si mesmo e aos
outros (pessoas,
organizações,
crenças,
filosofias etc.)
acerca de
questões
pontuais de sua
existência: o
que sou, de onde
vim, para onde
vou, como fui
criado, além dos
porquês em
relação a tudo
que vivencie ou
observe.
Indagar, assim,
é o caminho para
o conhecimento,
num contínuo e
incessante
processo.
Quanto me tornei
espírita – e já
vão lá bons 27
anos –, à medida
que fui
participando das
atividades
(palestras e
reuniões de
estudo),
vislumbrei, de
início, um
“universo” até
então
desconhecido.
Usando uma
analogia comum
nas lides
espiritistas,
foi como se
tivessem tirado
uma “trave” de
meus olhos,
fazendo-me
descortinar
realidades que,
conscientemente,
não me
apercebia.
Diversas das
explicações
dadas por
expositores e
coordenadores de
grupos pareciam
ser tão “reais”,
“inteligentes”,
“lógicas”, que
me fizeram (e,
creio, até hoje
devem provocar
nos outros a
mesma reação)
indagar: – por
que não pensei
nisso antes?
Tinha eu a noção
de que o
Espiritismo
responderia
todas as
(minhas)
indagações,
possuiria a
resposta certa
para qualquer
questão,
explicaria
conveniente e
racionalmente
tudo o que
pertencesse a
este mundo
físico, quanto à
realidade
espiritual. E,
por extensão,
talvez,
imaginasse que,
em satisfazendo
todos os
questionamentos,
nada mais
haveria a ser
indagado...
Ledo engano! A
sequência dos
anos e o
envolvimento
(maior) nas
atividades e nas
pesquisas
espíritas me
fizeram ver
justamente o
contrário: o
Espiritismo não
tem a
“obrigação” de
responder a
todas as dúvidas
existenciais
do(s)
indivíduo(s).
Nem, tampouco,
“resolve” as
questões mais ou
menos
importantes da
realidade
individual do
ser. Ele é, ao
contrário, o
(um) caminho
para algumas
certezas e
muitas outras
dúvidas. Sua
função é
“provocar”,
fazer o ser
continuar a
questionar
acerca de tudo.
Como aquele
sábio da
Antiguidade que
reconhecia suas
limitações (“só
sei que nada
sei”), também a
Doutrina dos
Espíritos
oferece-nos um
horizonte (até
então)
inexplorado e, à
medida que
passamos a
conhecer algo
sobre dado tema,
ao invés de
esgotá-lo,
ampliam-se ainda
mais as
perspectivas de
conhecimento, e
novas perguntas
são iminentes.
Assim, ao invés
de somente
“procurar” e
querer encontrar
respostas na
filosofia
espírita,
capazes de
“saciar” sua
fome e sede de
conhecimento,
deve o indivíduo
(Espírito
encarnado com as
limitações
diversas que a
matéria impõe)
estar cônscio de
que quanto mais
souber, quanto
mais conhecer,
mais haverá a
ser indagado,
perscrutado,
raciocinado e
entendido. Que a
sua presença na
Instituição
Espírita e o seu
contato com as
fontes de
informação
(livros,
revistas,
jornais,
panfletos)
possam ser o
incentivo para
novas
indagações,
respostas,
indagações,
respostas...