ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Evolução Anímica
Gabriel
Delanne
(Parte
15)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico A
Evolução Anímica,
que será aqui estudado
em 17 partes.
A fonte do estudo é a
8ª edição do livro,
baseada em tradução de
Manoel Quintão publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. O Espírito reencarna
onde quer?
Não. No mundo sideral há
leis tão ou mais
rigorosas do que as que
regem o nosso mundo. As
afinidades
perispiríticas e as leis
magnéticas do pensamento
e da vontade
representam, no feito,
um grande papel.
(A Evolução Anímica, pp.
205 e 206.)
B. Por que muitos
obsidiados são tidos
muitas vezes como
loucos?
A subjugação ou a
obsessão simples não
são, a bem dizer, um
estado consciencial.
Trata-se simplesmente da
intermissão e imposição
de um Espírito a
comunicar-se, a impedir
que outros o façam, ou a
substituir os evocados.
Muitos obsidiados são
tratados como loucos
porque se atribui à
alucinação o que de fato
não passa de sugestão
espiritual incoercível.
Quando vemos uma pessoa
hipnotizada rir, chorar,
executar passivamente os
atos mais extravagantes,
compreendemos que a
atuação do Espírito
obsessor é
substancialmente
idêntica à do
hipnotizador humano
sobre o seu paciente. A
única diferença é que,
na obsessão, a vontade
operante tanto pode ser
de um como de alguns
agentes invisíveis e
inacessíveis aos
processos correntes de
que dispõe a Medicina.
(Obra citada, pp. 211 a
213.)
C. É difícil distinguir
a loucura da obsessão?
Sim. O motivo disso é
que os sentidos são
suscetíveis de
alucinação consequente a
desordens do sistema
nervoso, independente de
uma intervenção externa
e ostensiva. É preciso,
portanto, grande prática
e muito discernimento
para reconhecer a origem
do mal.
(Obra citada, pág. 217.)
Texto para leitura
155. Note-se ainda que o
Espírito não reencarna
onde quer. No mundo
sideral há leis tão ou
mais rigorosas do que as
que regem o nosso mundo.
As afinidades
perispiríticas e as leis
magnéticas do pensamento
e da vontade
representam, no feito,
um grande papel. Os
Espíritos errantes que
não compreendem as
grandes leis da evolução
são propensos a
reencarnar na Terra,
objetivando dar livre
curso às paixões que não
podem satisfazer no
espaço. Se isso lhes
fosse permitido,
assediariam as classes
ricas, tomariam os
ambientes que chamamos
privilegiados.
Falta-lhes, porém, a
correspondência fluídica
com esses encarnados e,
por isso, lhes é vedado
o acesso a esses
ambientes. Pertencemos a
uma certa categoria de
Espíritos que, mais ou
menos no mesmo ritmo,
procuram conjugar a sua
evolução ajudando uns
aos outros. Através das
vidas sucessivas,
podemos escalar todas as
posições sociais e
prestar-nos mútuo
socorro. (Págs. 205 e
206)
156. Da mesma maneira
que existem famílias que
honram as artes, existem
famílias outras nas
quais os vícios
constituem o traço
característico. Dr.
Morel refere a história
de uma família dos
Vosges, na qual o bisavô
alcoólatra sucumbira ao
próprio vício. O avô,
assaltado pela mesma
paixão do álcool, morreu
maníaco. Ele teve um
filho mais sóbrio, que
não escapou, porém, da
hipocondria, com
tendências homicidas, e
um neto que acabou, por
sua vez, atingido pela
idiotia. Assim, na
primeira geração,
excessos alcoólicos. Na
segunda, embriaguez
hereditária. Na
terceira, diátese
hipocondríaca. Na
quarta, estupidez e
possível extinção da
prole. (Pág. 206)
157. Muitas vezes –
explica Delanne – é como
prova que o Espírito
encarna nessas famílias,
por querer adquirir
forças para domar a
matéria. O sr. Trélat
conta o caso de uma
senhora morigerada e
econômica que era
assaltada por crises
dipsomaníacas
irresistíveis. A mãe e
uma tia dela eram também
alcoólatras. (Pág.
206)
158. Casos há, admite
Delanne, em que o crime
e a loucura são
hereditários. Outro
fato, verificado pelos
Drs. Férus e Lélut, é
ser a loucura muito mais
frequente nos criminosos
do que nos outros
homens. Grande é o
número de criminosos
cujos ascendentes deram
mostras de loucura. Está
nesse número o célebre
Verger, que matou o
arcebispo de Paris. A
mãe e um irmão de Verger
morreram loucos – da
loucura do suicídio.
(Págs. 206 e 207)
159. A
loucura
– A loucura propriamente
dita faz-se acompanhar
sempre de um estado
mórbido dos órgãos, que
se traduz, as mais das
vezes, por uma lesão. A
alienação será, pois,
uma enfermidade física
quanto à sua causa,
embora mental quanto à
maioria dos seus
efeitos. Pode a loucura
transmitir-se por via
hereditária, mas às
vezes se transforma,
quando manifesta nos
descendentes. Nada é tão
comum como ver a loucura
degenerar em suicídio,
ou o suicídio degenerar
em loucura, alcoolismo,
hipocondria. (Pág.
207)
160. Há famílias cujos
membros, com raras
exceções, são acometidos
de loucura, na mesma
idade. Mas é preciso
assinalar, no entanto,
que muitos desses casos,
atribuídos a
enfermidades do cérebro,
são produzidos pela ação
de Espíritos
desencarnados. A
obsessão apresenta,
amiúde, todos os
sintomas da legítima
loucura. Em casos assim,
não é do corpo, mas da
alma que importa cuidar.
Dirigindo-nos ao
Espírito obsessor,
podemos conseguir,
algumas vezes, fazê-lo
abandonar a presa. A
bibliografia espírita
menciona algumas curas
deste gênero. (Pág.
208)
161. Se nos dermos ao
cuidado de observar um
grande número de fatos
chamados alucinatórios,
facilmente concluiremos
que muitas vezes não
passam de simples
vidência mediúnica. As
visões de Carlos IX,
citadas por Sully,
levam-nos a crer que em
torno do sanguinário rei
reuniam-se muitos
Espíritos para clamar
vingança. Abercombie
cita o caso de um
vidente que não sabia
diferenciar se as
pessoas que via eram
entidades reais ou
fantasmas. (Págs. 208
e 209)
162. Quando o corpo não
goza saúde perfeita,
isto é, quando as
relações normais entre
alma e corpo se
perturbam, a força vital
pode exteriorizar-se
parcialmente, dando azo
a que Espíritos
malévolos tirem disso
partido. Importa, pois,
nesses casos peculiares,
cuidar simultaneamente
do corpo e da alma. E a
cura será tanto mais
rápida quanto melhor
conheçamos a natureza do
mal. (Pág. 210)
163. A
obsessão
– Reportando-se
diretamente à obra de
Kardec, que ele
aconselha devamos
consultar sempre que nos
depararmos com
enfermidades desta
espécie, Delanne
disserta sobre a
obsessão e a loucura.
Eis, de forma resumida,
os pontos principais
contidos nesse estudo: I
– Há que fazer rigorosas
distinções entre a
obsessão, a fascinação,
a possessão e a loucura
propriamente dita, que
compreende a alucinação,
a monomania, a mania, a
demência e a idiotia. II
– Entre a obsessão e a
subjugação integral há
várias gradações que,
agravando-se com o
tempo, podem produzir
verdadeiras lesões
cerebrais. III – A
subjugação ou a obsessão
simples não são, a bem
dizer, um estado
consciencial. Trata-se
simplesmente da
intermissão e imposição
de um Espírito a
comunicar-se, a impedir
que outros o façam, ou a
substituir os evocados.
O médium tem, pois,
nesses casos a noção do
que se passa. IV – Na
fascinação, o fenômeno
se acentua e as
consequências tornam-se
mais graves. O médium
não se julga ludibriado,
mas não goza do seu
livre-arbítrio e só
obedece às injunções do
Espírito: é a
hipnotização espiritual
a exercer-se. V – Às
vezes são vários os
Espíritos que se agregam
para atormentar a
vítima, de modo que,
simplesmente obsidiada
no começo, ela acaba
realmente louca. Aos que
não compreendem que os
Espíritos possam
empregar seu tempo para
torturar os encarnados,
basta lançar os olhos à
Gazeta dos Tribunais
e verificar quanta
baixeza a Humanidade é
capaz de praticar. VI –
Os Espíritos atrasados
alimentam as paixões
mais ignóbeis, sobretudo
a da vingança, se
puderem identificar na
carne um ser que lhes
tenha feito mal. VII –
Muitos obsidiados são
tratados como loucos
porque se atribui à
alucinação o que de fato
não passa de sugestão
espiritual incoercível.
Quando vemos uma pessoa
hipnotizada rir, chorar,
executar passivamente os
atos mais extravagantes,
compreendemos que a
atuação do Espírito
obsessor é
substancialmente
idêntica à do
hipnotizador humano
sobre o seu paciente. A
única diferença é que,
na obsessão, a vontade
operante tanto pode ser
de um como de alguns
agentes invisíveis e
inacessíveis aos
processos correntes de
que dispõe a Medicina.
(Págs. 211 a 213)
164. Depois de relatar o
caso da Senhorita M...,
extraído da obra de
Brierre de Boismont,
Delanne explica que a
anulação da vontade
diante da sugestão dos
Espíritos prende-se à
fraqueza do sistema
nervoso, e é fácil
reproduzi-la artificial
e transitoriamente com
um indivíduo
hipnotizável. Os
obsidiados podem
comparar-se, portanto,
com os sonâmbulos em
vigília que, embora
sofrendo a ação do
magnetizador, mantêm
consciência do seu
estado. Um caso tirado
da obra de Charles
Richet mostra como as
coisas se passam no caso
dos sonâmbulos. (Pág.
213 a 217)
165. O Espiritismo
oferece, desse modo, uma
explicação lógica de
certos estados da alma
averbados de loucura e
que, absolutamente, nada
têm de comum com as
falsas percepções e com
as perturbações
cerebrais, porque se
prendem a uma certa ação
análoga à da sugestão
hipnótica, cuja causa há
que procurar no mundo
espiritual. O que torna
difícil distinguir a
loucura da obsessão é
que os sentidos são
suscetíveis de
alucinação consequente a
desordens do sistema
nervoso, independente de
uma intervenção externa
e ostensiva. É preciso,
portanto, grande prática
e muito discernimento
para reconhecer a origem
do mal. (N.R..:
Delanne foi muito feliz
ao escrever essas
palavras, porque o Dr.
Célio Trujilo Costa,
médico-psiquiatra e
conhecido estudioso do
Espiritismo, diretor
clínico do Hospital
Espírita de Psiquiatria
Bom Retiro, afirma que
só uma meticulosa
observação pode levar o
especialista a
distinguir uma crise
obsessiva de um surto de
esquizofrenia.)
(Pág. 217)
(Continua no próximo
número.)