MARCUS
DE MARIO
marcusdemario@gmail.com
Rio de
Janeiro,
RJ
(Brasil)
Sobre a
literatura
mediúnica
Com a
divulgação
e
aceitação
cada vez
maior do
Espiritismo,
a
literatura
espírita
conheceu
vertiginoso
crescimento,
contando-se
aos
milhares
os
livros
espíritas
que
estão à
disposição
em
distribuidoras
e
livrarias,
não
apenas
espíritas,
mas
igualmente
no
mercado
livreiro
em
geral.
Várias
editoras
não-espíritas
abriram
selos
específicos
para
publicação
de obras
espíritas
e, nessa
verdadeira
explosão
literária,
proliferam
como
campeões
de venda
os
livros
de
origem
mediúnica,
notadamente
romances
e
narrativas
sobre o
mundo
espiritual.
Entretanto,
será
tudo
verdadeira
literatura
espírita?
Como
explicar
a
eclosão
pandêmica
da
mediunidade
literária?
Estudar
esse
tema é
de
máxima
importância,
pois
quando
alguém
se
interessa
por um
livro
por ele
tratar
do
Espiritismo,
mas sem
nada
conhecer
do
assunto,
poderá
ter um
mau
começo
no
estudo e
compreensão
da
doutrina,
caso o
livro em
questão
ofereça
conceitos
que não
se
coadunem
com os
princípios
espíritas
encontrados
nas
obras da
Codificação,
ou seja,
os
livros
assinados
por
Allan
Kardec.
É
extremamente
preocupante
verificar
que
muitas
editoras
têm no
movimento
espírita
apenas
um nicho
de
mercado,
de onde
podem
retirar
lucros,
mas sem
nenhuma
preocupação
de ordem
doutrinária.
Há
tempos
nos
batemos
pela
necessidade
das
editoras
que
publicam
livros
espíritas
terem um
Conselho
Doutrinário,
formado
pelo
menos
por
cinco
espíritas
reconhecidamente
sérios e
detentores
de maior
conhecimento
do
Espiritismo,
para que
analisem
com
critério
os
originais.
E vamos
mais
longe:
que os
membros
do
Conselho
Doutrinário
não se
conheçam,
ou que
residam
distantes,
evitando-se
assim
trocarem
informações,
para que
suas
análises
sejam
imparciais.
A
editora,
desse
modo,
assumiria
compromisso
com a
doutrina
espírita,
mesmo
que não
se
declare
de fato
espírita,
e
falamos
aqui do
compromisso
de
respeitar
os
fundamentos
do
Espiritismo,
evitando
publicar
obras
que
possam
deturpar
a
doutrina
e
confundir
adeptos
e
simpatizantes.
Igualmente
nos
preocupa
a
criação
de
editoras
por
parte de
centros
espíritas,
ou mesmo
de um
médium,
pois
elas
tendem a
endeusar
a
mediunidade
e
publicar
tudo
quanto
um ou
dois
médiuns
produzem.
É um
erro
grave,
pois
Allan
Kardec
alerta
para que
tenhamos
dois
critérios
de
análise
antes de
qualquer
divulgação:
o crivo
da razão
e da
lógica,
e a
concordância
universal
do
ensino
dos
Espíritos.
Desde
que a
editora
só
publique
livros
de um
único
autor ou
médium,
temos
grande
risco de
erros
doutrinários.
É o que
temos
assistido.
Algumas
editoras
e
médiuns
se
defendem
das
críticas
literárias
e
doutrinárias
alegando
que os
Espíritos
estão
fazendo
novas
revelações.
Sem a
concordância
universal
do
ensino
dos
Espíritos,
ou seja,
sem que
outros
Espíritos,
através
de
diferentes
médiuns,
em
locais
variados
e
espontaneamente,
tenham
falado a
mesma
coisa,
só
podemos
tomar a
nova
revelação
como
ideia
pessoal
do
espírito.
Não pode
ser
divulgada
sem a
sanção
desse
critério,
ainda
mais
quando
se choca
frontalmente
com os
princípios
espíritas
consagrados
e
exaustivamente
estudados.
Temos
também
de
compreender
que nem
todo
médium
que
psicografa
uma
mensagem
é,
necessariamente,
um
médium
literário,
apto a
receber
romances,
contos,
narrativas,
poesias.
O médium
literário
é um
médium
especial
e, por
isso
mesmo,
não
encontramos
um
médium
desses
em cada
esquina,
ou em
cada
centro
espírita.
Uma boa
leitura
de O
Livro
dos
Médiuns
será
suficiente
para
esclarecer
essa
questão,
onde
compreendemos
que boa
parte da
produção
mediúnica
é
exercício
(que se
joga
fora) e
de
interesse
particular
(para o
próprio
médium,
familiares,
pessoas
que o
procuram
ou para
o grupo
ao qual
pertence).
O
próprio
Allan
Kardec
afirma
ter
aprovado
para
publicação
apenas
dez por
cento de
todas as
mensagens
que
recebia,
provindas
das mais
variadas
fontes.
E ele
não pode
ser
acusado
de rigor
excessivo,
pois era
considerado
o bom
senso
encarnado.
Critérios
existem
para
serem
aplicados
sem
parcialidade,
independente
do
médium,
do autor
espiritual,
do grupo
espírita,
e era
justamente
o que o
codificador
fazia.
Façamos
o mesmo.
Por
outro
lado, os
dirigentes
dos
centros
espíritas
possuem
uma
responsabilidade
adicional,
a de
aplicarem
os
critérios
acima
citados
na
livraria,
pois é
cômodo
adquirir
para
revenda
o que
está
sendo
publicado
e
divulgado,
mas a
comodidade
pode
acarretar
irresponsabilidade.
É dever
dos
dirigentes
espíritas
igualmente
submeter
a
análise
literária
e
doutrinária
os
livros
publicados
pelas
editoras.
O que
vale
para
editores
vale
também
para
distribuidores
e
livreiros.
Como
existe o
livre-arbítrio
e tudo
pode ser
escrito
e
publicado
em nome
do
Espiritismo,
e não
temos
como
coibir
isso,
pois de
tudo
pode se
abusar,
compete
ao
movimento
espírita
o dever
e o
direito
de
submeter
a
análise
e
rejeitar
tudo
quanto
seja
contrário
aos
princípios
da
doutrina
espírita.
Como as
análises
variam
de
pessoa a
pessoa,
de grupo
a grupo,
poderemos
encontrar
o livro
que
procuramos
nas mais
diversas
fontes,
mas
teremos,
pelo
menos
nos
centros
espíritas,
a
garantia
de que
estamos
comprando
livros
que
passaram
por
criteriosa
análise,
conforme
preceitua
a
codificação.
Longe de
nós
considerar
que esse
sistema
seja
infalível,
mas
tornará
cada vez
mais
raro a
exposição
de maus
livros,
sejam
eles de
autores
encarnados
ou
desencarnados.
Como
assevera
Erasto,
no item
230 de
O
Livro
dos
Médiuns:
“Melhor
é
repelir
dez
verdades
do que
admitir
uma
única
falsidade,
uma só
teoria
errônea”.
É o
compromisso
doutrinário
que
médiuns,
escritores,
críticos,
editoras,
distribuidoras
e
centros
espíritas
devem
assumir,
pois
sabemos,
voltando
à
questão
do livro
mediúnico,
que
entre os
Espíritos
os há de
graus
bem
diferentes,
do mais
ignorante
ao mais
sábio, e
que,
portanto,
nem tudo
pode ser
aceito.