ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Evolução Anímica
Gabriel
Delanne
(Parte
16)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico A
Evolução Anímica,
que será aqui estudado
em 17 partes.
A fonte do estudo é a
8ª edição do livro,
baseada em tradução de
Manoel Quintão publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Se a obsessão se
prolongar por muito
tempo, podem daí surgir
desordens físicas?
Sim. Se a situação se
prolongar por semanas,
meses, anos, podem
surgir desordens físicas
difíceis de curar, mesmo
depois de afastado o
obsessor. É necessário,
pois, o tratamento moral
do enfermo, coincidente
com a intervenção junto
do obsessor, de tal modo
que, em muitos casos, se
a lesão não for
irremediável, torna-se
possível restituir ao
alienado o seu vigor
orgânico e, com ele, a
razão.
(A Evolução Anímica, pp.
218 e 219.)
B. De que forma o
perispírito se une ao
corpo físico?
O perispírito une-se à
matéria do gérmen,
molécula a molécula.
(Obra citada, pp. 225 a
227.)
C. Onde se radica a
memória?
A memória é atributo do
invólucro fluídico, ou
perispírito. E é a esse
invólucro, que Kardec
chama de perispírito,
que o Espírito deve a
conservação de sua
identidade física e
moral.
(Obra citada, pp. 225 a
227.)
Texto para leitura
166. Na subjugação, o
domínio do Espírito é
completo. O subjugado é
um instrumento
absolutamente dócil às
sugestões do Espírito. A
vontade do obsessor
avassalou, substituiu
totalmente a sua
vontade. Com mais um
pouco, acabará perdendo
a noção de si mesmo,
passando a crer-se um
personagem célebre, um
reformador do mundo;
numa palavra,
tornar-se-á louco, pois
não é impunemente que a
influência perturbadora
se exerce por longo
tempo e, uma vez
sobrevindo as lesões do
cérebro, a moléstia
torna-se incurável.
(Pág. 218)
167. Kardec conheceu um
homem que, impelido pelo
Espírito obsessor,
ajoelhava-se aos pés de
todas as moças. Outro
sentia nas costas e nos
tornozelos uma pressão
tão forte que o levava a
ajoelhar-se e beijar o
chão, em plena rua. O
hipnotismo veio dar a
chave desses fenômenos.
O indivíduo obedece,
mais ou menos passivo, a
quem o imergiu nesse
estado. Se essa situação
se prolonga por semanas,
meses, anos, podem
surgir desordens
físicas, difíceis de
curar, mesmo depois de
afastado o obsessor. É
necessário, pois, o
tratamento moral do
enfermo, coincidente com
a intervenção junto do
obsessor, de tal modo
que, em muitos casos, se
a lesão não for
irremediável, se torna
possível restituir ao
alienado o seu vigor
orgânico e, com ele, a
razão. (Págs. 218 e
219)
168. Importa reconhecer,
no entanto, que a
loucura é devida, em
muitos casos, a uma
lesão do sistema nervoso
e se manifesta em certas
fases da vida, provinda
dos pais por vias
hereditárias. Em casos
assim, não há que
presumir se trate de
Espíritos obsessores.
Trata-se do próprio
organismo viciado,
deteriorado, e que, não
mais obedecendo à alma,
pode engendrar
alucinações radicadas no
falseado mecanismo
cerebral. É frequente
também a complicação do
fenômeno, podendo a
hereditariedade
apresentar metamorfoses.
Assim, um alcoólatra
pode procriar idiotas,
caso em que o encéfalo
fica parcialmente
destruído por influência
do álcool. Outras vezes,
as convulsões dos
genitores transmudam-se
em histeria ou epilepsia
nos descendentes.
(Págs. 219 e 220)
169. Casos assim, diz
Delanne, são abundantes.
É que o perispírito não
é criador, é
simplesmente
organizador da
máquina. Ora, se a
hereditariedade lhe
faculta apenas materiais
viciados ou incompletos,
ele é incapaz de os
regenerar e sempre
restarão partes do
cérebro forradas à sua
influência. Vê-se, no
entanto, que são as
enfermidades e não as
faculdades propriamente
ditas que se transmitem
por via seminal. O
Espírito, ao
encarnar-se, traz
consigo as aquisições de
vidas anteriores, mas é
preciso ter em conta as
disposições orgânicas,
que podem ser favoráveis
ou prejudiciais ao
desenvolvimento de suas
faculdades inatas. Dr.
Moreau, de Tours, que
não admite a
hereditariedade senão do
ponto de vista
fisiológico, afirma que
é a transmissão
hereditária das falhas
orgânicas que produz as
moléstias mentais nos
descendentes. (Págs.
220 e 221)
170. Acreditamos, diz
Delanne, na
independência
constitutiva da alma e
dizemos que ela não
adoece jamais e que
somente não pode
manifestar suas
faculdades num corpo mal
aparelhado, a que faltem
elementos indispensáveis
ao bom funcionamento do
Espírito. Estamos, pois,
com a Ciência, no convir
que a loucura resulta,
as mais das vezes, de
uma lesão ou perturbação
nervosa, transmissível
por hereditariedade, mas
a nossa explicação do
fenômeno – assevera o
autor desta obra –
difere totalmente, visto
que a alma é uma
entidade independente e
sobrevivente à morte.
(Págs. 221 e 222)
171. Firmemo-nos bem,
diz Delanne, neste ponto
importante para nós
outros: 1o. –
O que prova a
reencarnação é que, por
vezes, tendo os pais uma
inteligência assaz
limitada, os filhos
revelam as mais
auspiciosas disposições;
2o. – Filhos
indignos têm nascido de
pais ilustres; 3o.
– As raças inferiores
podem produzir grandes
homens; 4o.
– É muito comum observar
que, a despeito de
grandes semelhanças
físicas, os filhos
podem, moralmente, em
nada se parecer com os
pais. (Pág. 223)
172. Quais as causas
dessa metamorfose? Por
qual transmutação
misteriosa a natureza
extrai o melhor do pior?
Ribot se diz impotente
para responder a tais
perguntas, que ele
considera questões fora
do alcance da ciência
atual, mas – diz Delanne
– não do Espiritismo,
que as explica com
meridiana clareza. As
disposições orgânicas
herdadas são vantajosas
ou nefastas, e o
Espírito, ao
encarnar-se, submete-se
a uma família ou escolhe
a que lhe permita
realizar na Terra as
suas aspirações. Desse
modo se explicam as
enfermidades terríveis
que parecem assaltar
tantas famílias, e que
nos levariam a duvidar
da Justiça Divina, se o
Espiritismo não
aclarasse o porquê da
aparente iniquidade.
(Págs. 224 e 225)
173. Resumo –
Fechando o cap. V,
Delanne resume os pontos
principais das lições
nele contidas e que
adiante sintetizamos: I
– No momento da
encarnação, o
perispírito une-se,
molécula a molécula, à
matéria do gérmen. II –
Este possui uma força
vital cuja energia, mais
ou menos rigorosa,
determina a longevidade
do indivíduo. III – É,
pois, sob a influência
da força vital que o
perispírito desenvolve
as suas propriedades
funcionais. IV – O
gérmen material contém
em si a impressão
indefectível de todos os
sucessivos estados do
perispírito. A ideia
diretriz que determina a
forma está, desse modo,
contida no fluido vital.
V – Impregnando-se dele
e se transfundindo nele,
o perispírito
materializa-se o
bastante para tornar-se
o diretor, o regulador,
o suporte da energia
vital modificada pela
hereditariedade. É
também graças a ele que
o tipo individual se
forma, desenvolve-se,
conserva-se e se
destrói. VI – É ao
perispírito que o
Espírito deve a
conservação de sua
identidade física e
moral. A memória é
atributo do invólucro
fluídico, ou
perispírito. VII – A
alma, com o seu
invólucro, não atinge o
período humano senão
quando apta para dirigir
um corpo humano. VIII –
As afinidades fluídicas
têm grande importância
no ato do nascimento. IX
– Os Espíritos não podem
encarnar onde desejam. X
– Todos os seres evoluem
por gradações
insensíveis, por
transições
imperceptíveis. Se
quisermos avaliar o
caminho percorrido,
basta comparar os
extremos de uma série: o
selvagem e o homem
civilizado. Veremos,
então, a diferença que
separa o homem
contemporâneo do seu
ancestral quaternário.
XI – As disposições
mórbidas são
transmissíveis,
constituindo isso uma
das mais dolorosas
provações. XII – Sucede,
porém, que a loucura não
é, às vezes, real, não
se radica no organismo,
mas é produzida por
Espíritos obsessores,
cuja influência vai da
obsessão à subjugação.
(Págs. 225 a 227)
174. O Universo –
Graças aos progressos da
ciência, sabemos hoje
que a Terra não passa de
pequeno planeta
caudatário do sistema
solar e que mundos
outros, em profusão, se
estendem por todas as
regiões do espaço. Foi a
lente astronômica o
primeiro aparelho que
revelou a nossa
verdadeira posição no
Universo. Galileu
mostrou que, em vez de
pontos luminosos, há
terras no céu, com seus
continentes, atmosferas
e satélites, tal como
aqui mesmo. (Págs.
229 e 230)
175. Tudo no Universo
nos induz a crer na
eternidade do movimento
e da vida. As
descobertas astronômicas
atestam que a matéria
existe em todos os graus
de condensação e que,
muito antes da formação
da Terra, as estrelas já
fulgiam no firmamento.
(Pág. 233)
176. Matéria e
espírito – Se
admitirmos que a força é
uma maneira de ser, um
aspecto da matéria, não
haverá mais que dois
elementos distintos no
Universo – matéria e
espírito – irredutíveis
entre si. O que
caracteriza
essencialmente o
espírito é a
consciência, isto é, o
eu, mediante o
qual ele se distingue do
que não está nele, isto
é, da matéria. Desde as
primeiras manifestações
vitais, o eu
evidencia a sua
existência reagindo,
espontaneamente, a uma
excitação exterior.
(Pág. 234)
(Continua no próximo
número.)