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Estudando a série André Luiz
Ano 3 - N° 137 - 13 de Dezembro de 2009

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  
 

Entre a Terra e o Céu

André Luiz

(Parte 14)

Continuamos a apresentar o estudo da obra Entre a Terra e o Céu, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1954 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Armando teve alguma influência no suicídio de Júlio?

Sim, uma influência indireta. Júlio vivia com Lina Flores, mas ela se insinuou para Armando. Foi então que em certa manhã de maio Júlio encontrou-os jun­tos. Desesperado, o rapaz ingeriu grande quanti­dade de corrosivo, mas foi amparado e salvo. Não sabendo, porém, su­portar os padecimentos da gar­ganta e do esôfago, bem como as provações morais que o acometeram, ele arrastou-se até às águas do Paraguai e suicidou-se. (Entre a Terra e o Céu, cap. XVIII, pp. 112 a 114.)

B. Armando encontrou Lina Flores depois de sua desencarnação?

Sim. Lina Flores morreu no Rio de Janeiro, revoltada e sofredora, amaldiçoando o mundo e as criaturas. Armando (hoje Amaro) encontrou-a mais tarde na vida espiritual. Achava-se unida a Júlio em aflitivas con­dições de sofrimento depurador. Foi então que ele, compreendendo a extensão de seu débito, prometeu ressarci-lo amparando a ambos na senda terrestre. (Obra citada, cap. XVIII, pp. 114 a 116.)

C. Lina Flores se encontrava naquele momento reencarnada?

Sim. Lina era Zul­mira, atual esposa de Amaro, o Armando do passado. Clarêncio explicou que ela voltou em com­panhia de Armando em dolorosas reparações. O consórcio para eles não era um castelo de flores de laranjeira, mas uma associação de interes­ses espirituais para o trabalho regenerativo. Arrependido de sua con­duta no passado, Armando reparava seus erros acolhendo no mesmo teto Júlio e Lina Flores, que reclamava alguém que a recambiasse ao serviço reno­vador, a fim de auxiliar Júlio. "Nossas ações são pe­sadas na Justiça Divina... Não podemos enganar o Supremo Senhor. Nos­sos débitos, por isso mesmo, devem ser resgatados, ceitil a cei­til...", acrescentou o Ministro. (Obra citada, cap. XIX, pp. 118 a 120.)

Texto para leitura

51. O suicídio de Júlio - Enfermeiro bem conceituado e protegido do Conselheiro Silva Paranhos, não foi difícil para Esteves sua saída de Assunção, e assim se deu. Ele afastou-se, primeiramente rio abaixo, na direção de Villeta, onde deveria prestar assistência a alguns soldados enfermos. "Nada mais soube dele – informou Amaro, – a não ser que havia morrido misteriosamente em Piraju..." Agoniado em extremo com tais recordações, Mário estremeceu e bradou, indagando de Amaro qual fora sua participação no infortúnio de seu lar. Quem garantiria que ele não estivera de parceria com Júlio? Clarêncio interveio, afe­tuoso, recomendando a Mário esperar a narração até o fim. Amaro man­teve a calma, e continuou: "Sim, minha confissão deve ser exata e com­pleta... Entendendo que Lina e Júlio se haviam ajustado para a vida comum, ten­tei distanciar-me... Temia por mim mesmo". "A princípio, tentei evitá-la; contudo, o afastamento do Marquês de Caxias deixava as tropas com larga provisão de tempo para diversões...", acrescentou Amaro, que, com isso, passou a frequentar-lhes a casa, noi­tes e noites seguidas, para jogar e tomar chá. O sentimento que a moça lhe despertava o as­sustava e, por isso, receando o assédio de Lina, re­solveu dedicar-se mais ao trabalho, passando a servir na vigilância noturna do Palacete Resquin, onde a ocupação concentrava todos os as­suntos e documentos de interesse de nosso País. Lina, porém, não de­sistiu do propósito que a animava e, certa noite, procurou-o, disfar­çada em mulher do povo, con­fessando-se atormentada por uma louca pai­xão. Amaro fez breve pausa e continuou: "Quem poderá explicar os enigmas do coração humano? quem possuirá bastante visão para surpreen­der os caminhos da alma? Incapaz de dominar-me, cometi a falta de as­sumir um compromisso espiritual que não me competia... Lina agarrou-se ao meu afeto com o vigor da hera numa construção sem defesa... E foi assim que, em certa manhã de maio, meu companheiro encontrou-nos jun­tos..." Amaro relatou, na sequência, que Júlio ingeriu grande quanti­dade de corrosivo, mas fora amparado e salvo, submetendo-se a trata­mento na caserna. Não sabendo, porém, su­portar os padecimentos da gar­ganta e do esôfago, bem como as provações morais que o acometeram, ele arrastou-se até às águas do Paraguai, su­pondo encontrar na morte a paz que procurava... (Cap. XVIII, págs. 112 a 114) 

52. Reencontro com Lina - Em seguida, Amaro informou que, experimen­tando pesados remorsos, perdera a afeição que o algemava à mulher que os atraíra e infelicitara, e fugiu dela, incorporando-se às tropas que iriam combater os derradeiros remanescentes de Solano López, na Cor­dilheira. Terminada a luta, voltou à pátria por outros caminhos, de­cidido a jamais reencontrá-la. Dez anos então se passaram. Nova­mente no Rio, casou-se e foi feliz. Aconteceu, no entanto, um aconteci­mento inusitado. Numa certa noite de chuva forte, sua esposa e ele tornavam do teatro, quando os cavalos em disparada colheram pobre mu­lher embriagada na via pública. O cocheiro sofreou os animais e ele desceu para socorrê-la: era Lina Flores, que, recolhida ao hospital, por dois dias lutou contra a morte. "A infeliz reconheceu-me – disse Amaro, – relacionou as desditas que atravessara, desde que se viu sozinha no Paraguai, esclareceu que viera ao Rio à minha procura e emocionou-me com a narrativa do drama angustioso em que vivia, ten­tando a recuperação da felicidade que perdera para sempre... Morreu revoltada e sofredora, amaldiçoando o mundo e as criaturas..." Nesse ponto, Amaro interrompeu-se, titubeante, enquanto Mário o fixava, en­tre o de­sespero e o pavor. Clarêncio indagou, então, se ele voltou a ver Lina, mais tarde. Um pouco mais aliviado, Amaro narrou: "Ah! sim... reencon­trei-a na vida espi­ritual. Achava-se unida a Júlio em aflitivas con­dições de sofrimento depurador... Compreendi a extensão de meu débito e prometi ressarci-lo... Ampará-los-ia... Auxiliaria os dois na senda terrestre... Luta­ríamos, lado a lado, para conquistar a coroa da re­denção... Sim, sim, o destino!... É preciso solver os com­promissos do passado, conquis­tando o futuro!..." Amaro calou-se, mas o enfermeiro, apesar de con­tido por Clarêncio, começou a chamar por Jú­lio, emitindo brados terrí­veis. (Cap. XVIII, págs. 114 a 116) 

53. Em casa de Zulmira - O enfermeiro (que fora Esteves à época dos fa­tos) dizia em alta voz: "Júlio! Júlio! comparece, covarde!" E acres­centava: "Comparece para desmascarar o patife que procura comover-nos! Júlio, odeio-te! Mas é necessário apareças! Acusa teu desalmado assas­sino!..." Júlio, evidentemente, não respondeu à chamada, mas alguém surgiu, surpreendendo a todos. Era a irmã Blan­dina, em pessoa, que, após saudá-los, rogou, humilde: "Irmãos, por amor a Jesus, atendei!... Temos Júlio, sob a nossa guarda. Acha-se do­ente, aflito... Vossos ape­los individuais alteram-lhe o modo de ser... Poderia colocar-se men­talmente ao vosso encontro, contudo, atravessa agora difíceis provas de reajuste... Venho implorar-vos caridade!... Compadecei-vos de quem hoje se esforça por olvidar o que foi ontem para regenerar-se amanhã, com eficiência!..." A vibração do ambiente modificou-se, de súbito. Júlio, o menino doente, era o companheiro de Armando que voltava na condição de filho do amigo com quem outrora se desaviera... Mário Silva, revoltado com a situação, passou a reclamar, de novo: "Anjo ou mulher, não lutarei contra o sortilégio! Não luta­rei! mas preciso arrojar este bandido ao despenhadeiro que merece por suas deslavadas mentiras!... Que Júlio permaneça no céu ou no inferno, sob a custódia dos arcanjos ou dos demônios, todavia, exijo que a ver­dade surja, in­teira!..." Dito isto, ele bradou: "Recorro ao teste­munho de Lina! que Lina compareça! que ela deponha! Se nos achamos aqui, convocados pelo destino que nos algema uns aos outros, que a pérfida mulher seja ou­vida igualmente..." Clarêncio, assumindo a che­fia espiritual do grupo, convidou com brandura: "Lina encontra-se não longe de nós. Entremos". E foi assim que eles penetraram o quarto de Zulmira, a segunda esposa de Amaro, que jazia subjugada por Odila. (Cap. XIX, págs. 117 e 118) 

54. Esteves revê Lina Flores - Clarêncio enlaçou Mário, como um pai que recolhe um filho, e, apontando a enferma, informou: "Amigo, acalma-te! Lina Flores, atualmente, pa­dece na forja da luta e do sacrifício, a fim de recuperar-se. Apaga a labareda de ódio que te requeima o cora­ção! Deixa que nova compreensão te beneficie a alma ulcerada!... Não nos cabe prejudicar o caminho de quem procura a regeneração que lhe é necessária!..." Mário estava evidentemente espantado e agoniado ante a visão de Lina, que, com imensas dificuldades, tentava alcançar a al­tura do casamento digno e construir os alicerces da missão da ma­ternidade para a qual se encaminhava... "Ajudemo-la com as nossas vi­brações de compreensão e carinho", propôs Clarêncio. "Quando amamos realmente, antes de tudo é a felicidade da criatura amada que nos in­teressa..." O grupo aproximou-se mais, e o Ministro mostrou o rosto da enferma ao enfermeiro, que viu então que Lina Flores era a mesma Zul­mira que ele tanto amava. Clarêncio explicou que Lina voltou em com­panhia de Armando em dolorosas reparações; o consórcio para eles não era um castelo de flores de laranjeira, mas uma associação de interes­ses espirituais para o trabalho regenerativo. "Quer dizer então que Zulmira me traiu duas vezes?", exclamou Mário, cambaleante. Não se tratava de traição, disse o Ministro. Armando, arrependido de sua con­duta no passado, reparava seus erros acolhendo no mesmo teto Júlio e Lina Flores, que reclamava alguém que a recambiasse ao serviço reno­vador, a fim de auxiliar Júlio, devidamente. "Todos somos devedores uns dos outros", asseverou Clarêncio. "As almas aprimoram-se, grupo a grupo, à maneira de pequenas constelações, gravitando em torno do Sol Magno, Jesus-Cristo!..." Do mesmo modo que ele, Esteves, se insinuara entre Lola e Leonardo, Armando também separou Lina e Júlio, estabe­lecendo espinheiros dilacerantes entre os dois. "Nossas ações são pe­sadas na Justiça Divina... Não podemos enganar o Supremo Senhor. Nos­sos débitos, por isso mesmo, devem ser resgatados, ceitil a cei­til...", acrescentou o Ministro. (Cap. XIX, págs. 118 a 120) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita