Um confrade de Portugal
propôs-nos uma interessante
questão.
Diz-nos ele que, segundo a
Doutrina Espírita,
caminhamos para Deus à custa
do esforço de cada um e,
portanto, não há
privilegiados. Como
interpretar então a aparição
de Jesus a Saulo de Tarso na
estrada de Damasco? Foi a
partir daí que Saulo se
converteu às ideias do
Cristo e de perseguidor se
transformou no Grande
Apóstolo do Cristianismo.
Aparecer a Saulo constituiu
ou não um privilégio?
Não, claro que não.
É preciso saber primeiro
quem era Saulo – mais tarde
conhecido como Paulo – e,
para isso, torna-se
indispensável a leitura do
livro Paulo e Estêvão,
de Emmanuel, psicografado
por Francisco Cândido
Xavier.
Em segundo lugar, meditemos
na informação contida nos
versículos 10 a 17 do cap. 9
de Atos dos Apóstolos.
Segundo Atos, Jesus disse a
Ananias, referindo-se a
Saulo: “Vai, porque este
é para mim um vaso
escolhido, para levar o meu
nome diante dos gentios, e
dos reis e dos filhos de
Israel. E eu lhe mostrarei
quanto deve padecer pelo meu
nome”.
Saulo já era, portanto, a
pessoa talhada para a tarefa
e que, como ocorre com
muitos de nós, não havia até
então se dado conta do
trabalho a realizar.
Santo Agostinho também só
despertou mais tarde para a
missão que lhe estava
reservada. Mas tanto
Agostinho quanto Saulo
traziam um preparo adquirido
em existências anteriores e
não constituem, em hipótese
nenhuma, exemplos de
privilégio, fato que não
ocorre na obra da criação,
visto que, como ensina o
Espiritismo, Deus fez do
homem o artífice de seu
próprio destino. Eis por que
o caminho que conduz ao bem
requer esforço seguido e
trabalho constante, completa
vigilância e atenta
pesquisa, instinto frenado e
razão operante.
“Trabalha, luta, ora e o céu
estará em ti”, eis as
palavras de um lindo poema
publicado por Kardec nas
págs. 94 e 95 da Revue
Spirite de 1863, que
definem com precisão como se
concretiza o processo
evolutivo.
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